Ir ao pediatra numa consulta de rotina e vir de lá com um filho doente não é algo que esteja nos planos dos pais, mas por vezes acontece. O risco de infecção das crianças nos consultórios é real, basta pensar que é um lugar privilegiado de concentração de germes e micróbios, sobretudo no Inverno quando as gripes se multiplicam. "Devido aos ambientes fechados e saturados é grande o risco de apanhar infecções respiratórias como amigdalites faringites e bronquiolites nestes locais, especialmente se as crianças já estiverem com a imunidade em baixa", lembra Gisele Biazon, médica dentista e proprietária de um consultório.
É obvio que não vale a pena entrar em pânico nem deixar de ir ao médico, até porque alguns consultórios pediátricos já tomam algumas precauções, como lembra o pediatra Luís Araújo Pinheiro: "No meu consultório, as consultas de rotina são pré-marcadas e normalmente não as misturamos com miúdos doentes". Um ‘controlo’ difícil de assegurar em clínicas com vários médicos e uma sala de espera comum. Além disso, a maior parte dos pediatras recebem crianças doentes para observação entre consultas. Ainda assim, afirma o pediatra, "é nas Urgências que o perigo é maior já que com frequência as salas de espera são pequenas, pouco arejadas e com muita ‘bicharada’ no ar". A melhor defesa é reservar a visita ao hospital para os casos em que não pode mesmo esperar. Ou seja, se o seu filho estiver no primeiro dia de febre, é preferível contactar o pediatra do que ir a correr para as urgências.
Pequeno manual contra o contágio
É impossível impedir por completo estes contágios mas não custa adoptar comportamentos preventivos. Damos-lhe algumas dicas para pôr em prática quando for com os seus filhos ao pediatra.
– Caso se trate de uma consulta de rotina, evite marcá-la em alturas de surtos infecciosos e viroses nas escolas. Se for esse o caso, mais vale adiar por umas semanas.
– Tente marcar a consulta para o meio da semana. Segundas e sextas-feiras há maior probabilidade de os consultórios estarem cheios (na segunda com os miúdos que começaram a ficar doentes no fim-de-semana, e na sexta com os pais que querem despachar as consultas antes do fim-de-semana).
– Quando marcar peça para ser a primeira consulta da manhã ou depois do almoço para minimizar o tempo de espera no consultório.
– Telefonar antes de ir é sempre uma boa ideia. Assim pode ficar com uma ideia se há atraso do médico ou das consultas. Se não ligar antes de ir e quando chegar estiver tudo atrasado pode sempre ir dar uma volta ao quarteirão ou ao café com o seu filho.
– Na sala de espera, se houver essa possibilidade, fique junto de zonas mais ventiladas e arejadas. Se houver vários tipos de cadeiras dê preferência às feitas de um material lavável, como o plástico. As de tecido são mais difíceis de limpar e facilmente acumulam sujidade e possíveis bactérias, sobretudo porque eles mexem em todo o lado e levam as mãos à boca.
– Não é boa ideia sentar-se a ler uma revista enquanto deixa o miúdo a explorar as redondezas porque já sabe que a exploração deles passa por mexer em tudo quanto é sítio e em pôr os mais variados objectos na boca. Também não é o melhor local para o deixar à solta a confraternizar com os outros meninos. É óptimo que eles socializem mas o consultório não é o melhor local tendo em conta que os futuros amiguinhos estão, com grande probabilidade, doentes.
– Por outro lado, se os obrigar a ficar sentados e quietos o tempo todo pode ser pior a emenda que o soneto. Provavelmente ficam a detestar as idas ao médico. Há os brinquedos do consultório, mas por mais que sejam limpos diariamente, estes também podem facilmente ser veículo de infecções já que as crianças brincam com eles e os levam à boca. Leve de casa alguns brinquedos com que ele goste de brincar e que sirvam para se entreter sozinho. Se há hora em que os jogos electrónicos podem ser úteis é esta.
– Lave as mãos quando sair do consultório e tenha o hábito de ter toalhetes consigo para quando não for possível fazê-lo. É que muitos germes estão à distância de uma maçaneta de porta, um dos locais de mais fácil contaminação.
Dito isto, é óbvio que não vale a pena tornar-se obsessiva. Apesar de tudo, e como lembra Luís Pinheiro, os locais de maior contágio ainda continuam a ser as creches, jardins-de-infância e escolas. Todas estas ideias preventivas se baseiam no senso comum e devem ser praticadas de forma natural e relativamente despreocupada no dia-dia.