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Os tempos actuais são difíceis para as relações.” Isabel Narciso, especializada em terapia de casal, não tem ilusões sobre a matéria. O stress, a falta de tempo e a predominância dos valores centrados no indivíduo são alguns dos responsáveis pelo desgaste célere das relações. Por outro lado, vivemos numa sociedade de máquinas e, tal como um telemóvel é rapidamente deitado fora e substituído por outro quando deixa de funcionar, há tendência a que suceda o mesmo com as relações: “mas não se pode andar por aí a saltitar – acabamos por ‘romper’ com a própria felicidade porque sentimos constantemente que falhamos.”

Continuar ou desistir?

Surge então a questão: até quando vale a pena lutar por uma relação? “Quando se fala em relação conjugal é preciso existir afecto: um casal pode ter problemas, mas enquanto ainda diz ‘eu gosto de ti’ há solução. Quando passam a dizer ‘eu já não amo’, acabou. Não quer dizer que seja impossível reatar os laços, mas é muito, muito difícil.”

É, por isso, no amor que tudo começa e acaba. Mas este sentimento, por si só não é suficiente: “os casais emocionalmente inteligentes são aqueles que têm capacidade para cuidar da revelação, afinal, gostar é fácil, o que é necessário é mostrarmos que gostamos.” Isabel Narciso fala da intimidade emocional e física como o eixo principal de qualquer relação: “É como se fosse um tecido feito por vários fios (que são a confiança, a partilha, o apoio emocional, a empatia…); o fio contorno é o amor e a sexualidade, que são indissociáveis. Se houver buraquinhos no fio de dentro, é possível arranjá-los, mas se arrancarmos o fio contorno, o tecido desfaz-se.”

Os elementos chave para uma relação feliz

O amor é uma configuração dinâmica de sentimentos – “no início, temos a paixão, dominada pelos sentimentos primários, explosivos.” À medida que a intimidade avança essa configuração vai sendo intermitente: era impossível manter sempre o estado de paixão, em que cada um quer estar com outro, o que impediria o desenvolvimento individual e da intimidade.” A paixão, porém, deve surgir episodicamente, mas isso só pode acontecer se o ‘tecido’ da relação for preservado ao máximo. Como manter essa teia intacta? Os passos seguintes são essenciais.

– Compreendam as diferenças

“Enquanto nós achamos que intimidade é falar da relação, os homens consideram que é fazer coisas em conjunto, como ver televisão”, lembra Isabel Narciso. Isto acontece porque se encontram mais ligados à acção, são mais pragmáticos, o que pode levar a alguns desentendimentos que nós bem conhecemos: “a mulher chega a casa, cansada dos problemas de trabalho, e quer ‘colo’, mas o marido dá-lhe soluções práticas para esses problemas e isso é a sua forma de ser íntimo.” Como alerta a especialista, “eles são muito penalizados a esse nível”. Por isso, é necessário um esforço por aceitar essa disparidade, que justifica também porque os conflitos são vividos de forma diferente: enquanto nós gostamos muito de falar sobre o assunto, os homens tendem a evitar mais as discussões (‘não quero falar mais sobre isso’ é uma frase corrente). “Eles são educados para conterem o pólo da dor, mas há muita mais permissividade quando ao pólo da expressão da agressividade. Não falarem é uma forma de conterem essa permissividade que os pode levar, por exemplo, a dar um murro na mesa. Mas há também uma explicação fisiológica: a reacção do organismo masculino é desencadeada muito mais facilmente, com suores e palpitações. Por isso eles evitam discutir.”

– Aprendam a fazer cedências

A cedência é muito difícil, mas sem ela não é possível ter uma relação feliz. Ambas as partes têm de saber ceder: “isso prende-se com a questão do sacrifício, que significa ‘tornar sagrado'”, realça Isabel Narciso. “Quando a pessoa cede e se sacrifica porque deixa fazer algo de que gosta, se isto for no sentido de tornar sagrado, de reforçar o amor, se for feito pelos dois, é vivido com uma certa leveza.”

– Conversem muito

Para os homens é mais difícil, mas há muitas maneiras de o fazer. Porque não se trata só de conversar sobre os sentimentos. “É preciso valorizar outras formas de conversa, verbal e não verbal: para ele, falar de trabalho é um momento de intimidade, ou ver um jogo de futebol com a parceira. Então, porque é que não nos sentamos a seu lado e aprendemos um pouco mais sobre futebol?”

– Saibam lidar com o conflito

“Se tivéssemos noção que a maior parte dos problemas que temos são normais e comuns a outras pessoas, lidávamos melhor com eles. Em vez disso, fazemos um drama. Se temos a crença que um casal que se ama não tem conflitos, é obvio que nos vamos dar mal – à primeira altercação, pensamos que está tudo estragado”, frisa Isabel Narciso. O conflito é, por isso, saudável. “Não é a intensidade do mesmo que pode ser nociva – é evidente que, a partir de certo ponto, o é (quando há gritos, ameaças ou violência) – nem sequer o facto de se resolver, ou não: há estudos que indicam que, nos casais casados há muito tempo, a mesmo fonte de conflito do início da relação, mantém-se.” Isto significa que nem todos os problemas se solucionam. O busílis da questão reside sim na resolução da situação do conflito: “quando, após a altercação, um dos elementos do casal faz uma tentativa de reconciliação, mais ou menos subtil (pedir desculpa ou perguntar ‘o que queres para o jantar’), se essa tentativa é aceite, então está tudo bem. Se tal não acontece, é sinal de um problema mais profundo.”

– Não ceda ao mito da normalidade

Há muitos mitos sobre o que é normal: “é claro que há balizas, como a violência, mas há um indicador crucial que é satisfação de cada um.” Isso é um elemento subjectivo. “Por que é que tem de existir necessariamente igualdade em termos de tarefas domésticas? Se ele ou ela gostam de se dedicar à casa, por que é que isso não é considerado normal? O mesmo se aplica quando a mulher opta por ficar em casa. Acima de tudo, interessa que deixem de avaliar a vossa relação pelos parâmetros dos outros.”

– Namorem muito

Pode ser meia hora por semana, mas tem de ser vossa. “Os rituais a dois são os primeiros a perderem-se quando a relação começa a correr mal. O que acontece é que, quando os casais se tornam pais, a própria comunicação começa a ser centrada nos filhos, mas é muito importante que não esqueçam de ser casal, se não um dia os filhos vão se embora e não resta nada.” Estejam os sós. Mandem uma mensagem de telemóvel a mandar um beijinho – fazemos isso com os filhos, porque não com os maridos? Mostrar que estamos presentes é absolutamente fundamental. Por outro lado, tenham rituais: “estes dão coesão à relação: falarem um pouco antes de dormir, tomarem o pequeno-almoço juntos são pequenos hábitos que devem ser alimentados e mantidos.

– Sejam criativos

Não é estar sempre a fazer coisas novas. É estar atento ao outro, gostar de descobrir coisas novas e gostar daquilo que já se sabe. “As pessoas tem medo da rotina, mas a rotina é uma coisa boa porque é sinal de que há uma história no casal, é gostar do que já se descobriu. A rotina perigosa é pensar ‘amanhã ele está cá, por isso tenho tempo para dizer que o amo ou lhe dar um beijo’. E assim vamos adiando. No amor, nunca deixe para amanhã o que pode fazer hoje.”

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