1. Não arranje um namorado à pressão
A tendência, imediatamente a seguir a ser-se deixada por outra badameca, é pensar que não se consegue sobreviver sozinha e substituir logo o João pelo Rui. Na maioria das vezes, o Rui não é o homem que teria escolhido se uma pessoa estivesse no seu estado normal, o que quer dizer que daqui a uns tempos está a embirrar com a maneira como ele come a sopa. Espere até estar com cabeça para uma relação decente.
2. Não durma com alguém só para provar alguma coisa
Que ainda consegue seduzir alguém, por exemplo. Se lhe apetece, tudo bem. Se é só para provar que, esqueça. Ele nunca mais lhe vai aparecer/telefonar/mailar/bipar/fazer sinais de fumo, e você vai ficar de rastos outra vez a pensar que não serve para nada.
3. Não anuncie logo casamento com outro
Como a Julia Roberts quando se separou do Benjamin Bratt. Faça o que fizer, não se case nos 12 meses a seguir ao dia em que o homem da sua vida acabou tudo consigo, e sobretudo não tenha nenhuma criança com ele. Para começar, como já vimos, pode ser o homem errado. É sempre chato ter uma criança do homem errado. E para continuar, soa sempre a ‘estão a ver como afinal homens não me faltam?’ O que não é base suficiente para uma relação.
4. Não arranje um homem que é a cara do seu ex
A tendência, mesmo inconsciente, será arranjar um clone do João, com os mesmos interesses, os mesmos tiques, e provavelmente os mesmos defeitos. Esqueça. Sempre que olhar para o Rui, estará a ver o João, que foi a razão pela qual escolheu o Rui e será a razão pela qual começará a dar para o torto quando descobrir que aquele afinal não é o João e nem sequer, afinal, é muito parecido com ele.
5 . Não perca a alegria de viver
Prometeram-lhe imensos príncipes encantados? Desiluda-se. Não há. Prometeram-lhe que a seguir a este ia ter logo outro? É possível mas pouco provável. Prometeram-lhe que vida ia ser melhor do que pensa? Mentira. Prometeram-lhe que o seu colega de secretária se ia divorciar ao mesmo tempo e ainda ia ficar instantaneamente louro, magro e culto? Super-mentira. Prometeram-lhe que o mundo ia estar cheio de homens interessantes e disponíveis? Não está, os interessantes não estão disponíveis e os disponíveis não são interessantes. Portanto, o que fazer com estes dados animadores? Olhe, começar a fazer qualquer coisa inteligente e útil, como aprender História de Arte, ou absolutamente inútil mas animador, como ir àquelas festas para que sempre achou que já não tinha idade. E de repente, quando já não se está à espera, até se descobre que tudo o que foi dito atrás é mentira.
6. Não se desleixe
Como diriam as nossas avós. Siga o exemplo da Nicole Kidman: um casamento falhado não é desculpa para aparecer vestida de limpa-chaminés. Força nesse bâton.(Mas não demasiada. Também não é preciso exagerar e ninguém quer sair à rua mascarada de mulher do Conde Drácula).
7. Não diga mal do seu ex
Embora possa apetecer muito. Não, nem ao espelho. Faça gala em portar-se como uma senhora. Mas depois cuidado com os discursos do tipo: “Eu portei-me como uma senhora, ao contrário daquele filho da ****.” Os homens têm sempre muito mais oportunidades de começarem de novo, mas isso não é razão para se tornar amarga, até porque a amargura nunca melhorou a vida de ninguém, incluindo a sexual.
8. Não se feche em casa
Também não é preciso ir a todas as festas. Aliás, depois dos primeiros dias em que toda a gente se vai desdobrar em chazinhos e jantarinhos, vai reparar que todas as suas amigas estão casadas, concubinadas, enamoradas ou mães de família. Mas se não a convidarem, convide você. Para alguma coisa mais do que chorar à vontade lhe serve ter a casa outra vez desimpedida.
9. Não ache que ele é que era o homem da sua vida só porque lhe deu com os pés
Deixe de ser masoquista. Deu-lhe com os pés? Paciência. Observe o seu filho, o seu sobrinho ou qualquer bebé: caiu? Levantou-se. Faça o mesmo. Há muitos destinos no destino de uma pessoa, e essa história do homem da nossa vida já era.
10. Não faça comparações
Às vezes é impossível deixar de, pois é. Geralmente, porque somos masoquistas ou porque é verdade ou porque nos dá jeito, o nosso ex sai sempre a ganhar. O nosso ex era mais giro/alto/interessante/bom jogador de chinquilho. Mas corte. Evite. Faça ginástica mental. Pode parecer difícil, mas é cada vez mais fácil. Como no step, o importante é começar, e não se deixar intimidar pela coreografia.
11. Não deixe de fazer exercício
A propósito de coreografia, o que é que está aí a fazer a chorar lágrimas amargas e vestida com a t-shirt de anteontem, aquela que diz: ‘So many men, so little time’? Não deixe que a depressão a impeça de tratar de si. Aquela história de o exercício ser uma droga natural é mesmo verdade, e ajuda de facto a aguentar, mais não seja porque tudo se aguenta melhor se se estiver saudável e gira.
12. Não sofra sozinha.
Procure apoio, de preferência profissional. Os amigos não contam porque primeiro, estão aflitos e não sabem o que lhe dizer, segundo a partir de certa altura já não têm paciência para ouvir a história toda outra vez, e terceiro porque os vai pôr numa situação complicada de terem de escolher equipas. Contrariamente ao que se pensa, pedir ajuda não é um sinal de fraqueza mas de força. Seja forte.
13. Não esqueça as finanças
Esta é uma altura particularmente frágil na vida de qualquer pessoa, mesmo quando não há partilhas de casas e carros e CDs. Não desate a comprar descontroladamente seja o que for.
14. Não se deprima
Descubra ou redescubra o prazer de estar sozinha. Sem entrar naquela onda do ‘Ai que tristeza estou para aqui sozinha a ver este filme, vou ficar abandonada até ao fim da vida’ e depois passar a noite a chorar. Faça os seus pratos preferidos, nem que seja só para si. Vá tomar chá com uma amiga, nem que sejam só cinco minutos. Acenda uma vela. Vá para um café e leve um livro. Apanhe sol. Passeie a pé. Nade.
15. Não se feche em si própria
Volte a interessar-se pelos outros. Crie a sua rede de apoio: amigos, pais, tios, sobrinhos, colegas, cães e gatos. Descubra as pessoas que a rodeiam.
16. Não se esqueça de perdoar
O quê, perdoar aquele palhaço que fugiu com as pratas e ainda por cima a enganou com uma tipa sem graça nenhuma, porque enfim, se fosse a Binoche ainda se percebia?.. Claro que não é dizer imediatamente: “Ai coitadinho do João, de facto a Joana é muito mais gira, interessante e culta do que eu, já para não falar em loira, percebo perfeitamente a atitude dele em deixar-me assim como se fosse um pacote de leite passado de prazo.” Perdoe, sem aquela do ‘perdoo mas não esqueço’ que só quer dizer que não se perdoou coisa nenhuma, porque perdoar é esquecer. Perdoe e esqueça. Quando puder. Escusa de ser hoje.
17. Não fuja dele
Quanto mais depressa descobrir que consegue chocar com ele numa esquina e não cair imediatamente no passeio com um AVC, melhor. Se começa a atrasar o encontro imediato em 1.º grau, isso transforma-se num fantasma que vai crescendo sem razão de ser, com o fermento do temor. É romântico e é verdade.
18. Não passe por cima da dor
Não tente ir à volta do calhau. Quer dizer, aprenda as lições que tiver de aprender, sem se culpar. Não deixe que a dor passe por si sem deixar marcas. Torne-se mais sábia.
19. Não se martirize
“Apesar de o abandonador se sentir poderoso quanto à instigação do divórcio, muitas vezes o abandonado detém um enorme poder”, afirma Sharon Cruse no livro ‘A Vida Depois do Divórcio’ (Europa-América). “O poder do apoio familiar e dos amigos, que se apressam a simpatizar com a parte abandonada, pode servir de apoio moral, coisa que o abandonador pode não ter durante o difícil período que o divórcio representa. O abandonado pode de facto parecer ‘o bom’, um papel facilmente reforçado por amigos e família. Apesar dessa situação fazer a pessoa abandonada sentir-se bem, este tipo de apoio pode na verdade abrandar a aceitação e o crescimento pessoal.”
20. Não se culpe
“Ai se eu não tivesse deitado vinagre no arroz de pato e posto a mãe dele a dormir no quarto dos fundos…” Isso agora não interessa nada.
21. Não marque os aniversários
Hoje faz sete dias que eu e o João acabámos. Hoje faz um mês. Hoje faz seis meses, Hoje faz um ano. Hoje faz sete anos. Esqueça. Comemore outras datas. A data em que faz anos o seu sobrinho novo. A data em que aprendeu a andar de patins. A data em que conheceu o Jorge (não é o seu novo amor, é o seu treinador de kickboxing). .
22. Não volte a fumar
Faça o que fizer, não se aproxime sequer de um cigarro. Nem com a desculpa: ‘é só enquanto a crise não passa’. Já basta morrer de amor, não queira ainda morrer de cancro do pulmão. E fuja também dos chocolates. Não se afogue, salve-se.
23. Não se fixe em arranjar homem
Dá trabalho e não compensa. Há coisas mais interessantes para fazer. E além disso, quanto mais pensar nisso, menos eles aparecem, ninguém sabe porquê.
E quando se foi ‘a abandonadora’?
Quem foi realmente o abandonador? Muitas vezes, a pessoa abandonada já tinha um papel passivo no casamento. “Os abandonadores podem por vezes passar anos a sofrer antes de finalmente partirem”, afirma Sharon Cruse. “A dor aguda tem o potencial de instigar a pessoa que foi abandonada a encontrar soluções mais depressa. No entanto, o tempo de dor pode de facto ser mais curto devido ao choque que os motiva a procurar ajuda.”
Quem abandonou nem sempre o fez pela razão clássica de ter encontrado outra pessoa. Está bem que só as mulheres é que partem em direcção ao desconhecido, os homens só acabam uma relação quando já têm outra na forja, mas mesmo quando o fazem, isso não quer dizer que não sofram com a dor que causaram a outra pessoa. Coitadinhos. Pronto, a verdade é que o tradicional papel de ‘mau da fita’, não ajuda, e por vezes a pessoa tem sentimentos de culpa que ninguém a ajuda a aguentar. “Ela que aguente, não foi ela que saiu de casa?” Pois foi, mas isso aconteceu por alguma razão. Além disso, basta uma pessoa não se sentir bem para que uma relação acabe, e quem acaba por pagar as favas é quem deu o primeiro passo. Se acha que alguma coisa ficou mal resolvida, nem tente falar com o ‘abandonado’. Ninguém raciocina a quente. Fale com o seu melhor amigo, o seu gato ou o seu psicólogo. E ande para a frente.