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Getty Images/iStockphoto

Ter 15 anos nem sempre é fácil, mas ser pai ou mãe de quem tem 15 anos pode ser ainda mais complicado… Verdade? Enfim, parece que não é assim tão verdade como isso…

1 –  Esqueça o mito – Não, as hormonas têm muito pouco a ver com o assunto, embora nos dêem imenso jeito para explicar cada situação em que eles estão de mau humor, em que nós não queremos ouvi-los, ou em que a vida, em geral, não nos corre como queríamos.

“A adolescência nunca foi vista como uma fase tumultuosa até ao início do século XX”, conta a psicóloga Eunice Neta.“Quando um senhor chamado Stanley Hall passou essa imagem. Pormenor: ele baseou-se em adolescentes internados em estabelecimentos mentais, adolescentes em tratamento…  Claro que estavam perturbados…” Portanto, a adolescência não tem de ser tumultuosa. “Aquela história das hormonas aos saltos é uma mentira pegada: não são as hormonas que tornam as pessoas mais conflituosas e inquisitivas. Claro que é um processo biológico um pouco mais aceso, mas mais nada.”

2 – Converse com calma – Pode ser mais fácil de dizer do que de fazer, mas com boa vontade tudo se consegue. E estas conversas devem começar quando as crianças são pequenas, e se pode estabelecer com mais facilidade uma relação de confiança duradoura.

“Muitos pais, à primeira discussão com o filho adolescente, assumem que ele está a entrar numa fase agressiva e bloqueiam a discussão”, lembra Eunice Neta. “Não é nada agradável para uma pessoa que está a tentar discutir uma ideia, que alguém do outro lado lhe diga: ‘”Só estás a dizer isso porque tens as hormonas aos saltos.’ É normal que eles queiram fazer descobertas em relação ao sexo, ao álcool e à droga, mas é essencial que os pais conversem com eles sobre isto.”

3 – Saiba ouvir – Mais do que saber falar, os adolescentes precisam de alguém que saiba ouvir. E isto, muito pouca gente consegue. “Uma conversa implica alguém que pergunta, alguém que responde e alguém que ouve. Os pais geralmente não querem conversar, querem reunir informação para controlar melhor a situação. E os adolescentes sentem isso à distância.”

4 – Proteja-os – Isto não quer dizer necessariamente aquilo em que toda a gente está a pensar. “Protegê-los é também deixá-los experimentar a vida, deixá-los fazer experiências”, lembra a psicóloga.

“Ser pai ou mãe de um adolescente é um jogo de equilíbrio muito complicado entre deixá-los ir e estar lá quando eles precisam de nós. É um jogo de nem 8 nem 80, nem protegê-los completamente nem abandoná-los sem rede.” Ou seja, mais vale ensiná-lo a lidar com as situações do que impedi-lo de sair de casa porque lá fora é um mundo cruel. Claro que ensiná-lo a lidar com as situações deve ser feito com sensatez.

5 – Ensine-os a dizer ‘não’ – Ao contrário do que se pensa, isto não é nenhuma missão impossível: há quem o consiga. Mas é mais difícil quanto mais novo se é, por isso é que é complicado deixar sair adolescentes de 12, 13 anos. “É aquela idade em que o papel do género se está a tornar mais vincado e eles gostam muito de mostrar que conseguem aguentar bem o alcool e as noitadas. Temos que ter muito cuidado quando se trata de adolescentes que não têm capacidade de dizer ‘não’, que se deixam arrastar pelos outros, o que é natural que aconteça. E se isso acontece, temos de protegê-los deles próprios.”

6 – Imponha limites – Isto soa um bocado pidesco mas não deve ser feito à toa, impor regras infantis e irracionais só para ‘mostrar quem manda’. Não deve ser uma questão de braço de ferro mas de ensinar a dizer ‘não’.

“Temos que aprender ao longo da adolescência a criar e interiorizar a nossa escala de valores, que até pode ser ligeiramente diferente da dos pais, mas temos de aprender a dizer não a nós próprios,” lembra Eunice. “É muito complicado dizer ‘não’ quando o resto do grupo diz ‘sim’. É muito complicado ter o resto do grupo a beber vodka e ele não.”

7 –  Aceite o seu crescimento – Perceba que ele já não é uma criança. Podemos ser apanhadas desprevenidas, porque para qualquer mãe é muito difícil aceitar que o seu bebé já tem 15 anos, mas é um trabalho de crescimento do filho que temos de fazer. “Os pais têm de perceber que o jovem quer descobrir outras coisas e vai ter um funcionamento diferente daquele que tinha em criança.” E daquele que o pai ou a mãe tinha em adolescente… Não se esqueça que aquele que foi o seu mundo já não é o dele.

8 – Seja curiosa mas respeitadora – Ser curiosa não significa andar a meter o nariz na vida dele, a bisbilhotar o Facebook, a ler o diário, a investigar as mensagens de telemóvel, abrir a porta do quarto sem bater ou aparecer de repente no café onde ele está com os amigos: a isso chama-se invasão de privacidade.

Ser curiosa e estar informada do que se passa, saber quem são os amigos, saber onde ele costuma ir à noite. “Não para controlar, mas para o acompanhar de forma positiva. Pode perguntar: “Então como é que foi a festa ontem?” mas não para depois dizer: “Havia drogas? Não vais lá mais.” Pode dizer: “Parece-me que isso é um bocado perigoso. Como é que te estás a dar com isso? Como é que te defendes?’ Estimular o diálogo não é controlar mas orientar.” É claro que, se ele for o adolescente típico, não lhe vai contar de rajada quem é que estava na festa, quem é que estava a beijocar quem e quem é que estava a beber ou a fumar (ou pior…) o quê, mas com um bocadinho de treino e fugindo ao interrogatório, consegue-se ter pelo menos uma ideia do que se passa.

9 – Seja honesta – Porque, como todos os pais já descobriram, os adolescentes detetam mentiras à velocidade da luz. Parar para dar uma explicação, mesmo que não seja a explicação que eles querem ouvir, é sempre melhor do que tratá-los como crianças.

10 – Relaxe – Se não revê o seu filho ou filha em nenhum dos lugares-comuns de adolescentes perturbados, acalme-se: um adolescente calmo e bem integrado não tem nada de patológico. “O que é patológico é um adolescente que só se consegue dar com adolescentes ou só se consegue dar com adultos. Se ele funciona bem nos dois mundos, não há nada de errado.”

11 – Páre para pensar – Principalmente antes de lhes dar tudo o que querem sem que eles percebam o que custa a ganhar e o que significa dentro do orçamento familiar.

 “E é importante este tempo de pausa que  permite que as pessoas tomem decisões de forma pensada.” Ensine-lhes quanto é que custa a água, a luz, a internet, o telemóvel, a tv cabo. Se eles quiserem qualquer coisa, os pais devem apoiá-los no processo de conseguirem o que querem, mevez de lhes dar tudo de mão beijada.

“Hoje em dia, eles querem ter muitos direitos e nenhuns deveres, e obviamente que ao longo dos anos este desequilíbrio vai-se acentuando.”

12 – Não delegue na escola – Os pais passam cada vez menos tempo com os filhos, é verdade, Portugal deve ter dos estilos de vida mais desumanos do mundo. Mas apesar de eles passarem lá o dia, não é a escola que tem a missão de educar as crianças, e muitas vezes não temos noção até que ponto eles estão a ser ‘deseducados’ uns pelos outros. Mas saiba o que se passa na escola, vá às reuniões de pais, converse com os professores.

13 – Aproveite para refletir – Muitas vezes, eles fazem-nos um favor imenso de que nem nos damos conta: obrigam-nos a pensar. Quando nos fazem perguntas (muitas vezes dizemos que são ‘perguntas parvas’ porque não lhes sabemos responder…) quando nos põem em causa, quando tiram os santos dos pedestais e os observam para ver de que são feitos. Em vez de levarmos as mãos à cabeça, podemos aproveitar para refletir com eles, em conjunto, sobre aquilo de que é feito o nosso mundo.

14 – Aprenda com eles – Muitos adolescentes podem dar lições aos pais em várias matérias. “”Há jovens com uma consciência muito clara do que é positivo e saudável. Acho que muitos deles têm consciência de cidadania no que diz respeito à ecologia e aos problemas de sociedade, inclusive revoltam-se muito contra a maneira de agir dos próprios pais, e portanto eu tenho esperança que vá surgir uma nova mentalidade.”

15 – Divirta-se com eles – A adolescência é uma fase fantástica de descoberta também para os pais, mas é preciso estar disposto a isso e não transformar a casa num quartel. Em vez de ficar enfronhada a ver a telenovela, acompanhe-o quando for sensato que o faça, saiam de casa, vão apanhar ar, vão juntos passear o cão. Depois não se queixe que ele tem um ar macambúzio e deprimido e que ‘deve ser das hormonas’…

… E COMO TER 15 ANOS E RESISTIR AOS PAIS

– Ir com calma – Perceber que eles não nasceram ensinados, ainda pensam que somos crianças, e muitas vezes não sabem como reagir. Meditar naquele sábio provérbio que diz que ‘não se apanham moscas com vinagre.’

– Educá-los – É irreal interromper uma festa para ligar a dizer: ‘olá mãezinha, ó mãezinha, olha, estou aqui com os meus amigos e está tudo a correr bem, alguns já estão a cair de bêbedos mas pronto, tudo bem’, mas mandar uma mensagem de telemóvel é mais discreto e sempre os descansa. Quanto mais calmos estiverem os pais, melhor.

– Ser honesto – Pode não dar os resultados que esperávamos e exigir mais luta, mas, a não ser que não haja mesmo outra hipótese, a longo prazo é sempre uma ideia melhor do que tentar enganá-los.

– Arranjar um confidente – Com quem possa desabafar e que sirva para deitar cá para fora muita da energia negativa.

– Ter interesses – Se tiver mais em que pensar, não há-de ficar tão frustrado porque o pai ou a mãe não o deixam ir não sei onde, ou não vão com a cara da sua melhor amiga.

– Tornar-se resistente – Pense nisto: não se é adolescente para sempre. Qualquer dia, as coisas vão mudar. Aquela professora não vai massacrá-lo eternamente. Não vai viver sempre em casa dos pais. Aquela borbulha não vai durar até aos 30 (enfim, com sorte). A vitória é difícil mas é nossa.

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