
Saiba vender-se
Em primeiro lugar, tem de ‘acreditar no produto’ (OK, vamos tirar aspas porque senão passamos o artigo todo com aspas, e já toda a gente percebeu a ideia). Se não se ama a si própria, não vai conseguir convencer os outros a amá-la também. Isto é uma ideia que nos andam a passar há séculos, mas no fundo trata-se de mera lógica promocional: venderá melhor um produto em que acredita. Por isso acredite em si e nas suas capa-cidades, capriche no visual, desenvolva o que tem de melhor, mostre-se no seu mais radiante. Se acha que ajuda, sente-se e anote as suas qualidades…
Lance promoções
Há uma ideia que costuma aparecer por alturas do Natal como dica para oferecer àquelas pessoas que já têm tudo, e que é a seguinte: cupões de oferta. Não, não são os nossos cupões de desconto! (embora também possa usá-los com grande vantagem na alínea ‘Campanha de Fidelização’). Pode reunir alguns papelinhos e escrever em cada um a actividade ‘ofertada’: ‘Fazer prato preferido para o jantar’. ‘Ida às compras com a sogra (sem refilar)’. ‘Tarde a ver um filme à escolha dele’. ‘Noite de sexo escaldante’. E depois é usar à vontade do, enfim, freguês. Claro que, como já não estamos na Idade Média, convém que o freguês também faça o seu carnet: (‘Uma noite a levantar-se sempre que o Luisinho chora!’. Uma manhã de domingo em que fique ele em casa a fazer o almoço para eu ir à hidroginástica!’) Claro que, por ele, está à vontade para fazer um Especial Kamasutra…
Planeie uma estratégia
Tudo bem, é difícil mudar de estratégia, a antiga funcionou durante tanto tempo. Mas não
é preciso fazer um transplante de personalidade nem mudar de vida: vão passar um fim-de-semana sozinhos a qualquer sítio onde nunca tinham ido. Experimentem uma actividade nova por semana: isto responde a uma regra básica do marketing: mantenha o cliente interessado. Não lhe dê tempo para investigar outros mercados
Estude a rentabilidade
Dizem os manuais que não basta satisfazer o consumidor se isso não lhe trouxer lucros. A estratégia deve atrair clientes rentáveis. Ou seja, aqueles que geram uma receita que excede o custo de atraí-los e servi-los. Tradução: vale a pena recuperar a relação ou já é um caso perdido? Está a apostar tudo num cliente indeciso e desatento que já é fã de outros produtos concorrentes ou vale a pena tentar reconquistar um mercado que está apenas distraído?
Inicie uma estratégia de fidelização
Importa que as estratégias de fidelização sejam dirigidas aos interesses do seu consumidor-alvo, e não àquilo que acha que devia ser o consumidor-alvo, ou daquilo que era o consumidor-alvo há cinco anos. Imagine que acha que o seu consumidor-alvo devia perder gordura abdominal porque se arrisca a ter um AVC aos 55 e portanto inscreve-o numa aula de body combat onde ele nunca irá porque lhe desperta fantasmas da tropa, que ele odiou, e ver a barriga reflectida em 50 espelhos o enerva. Esta é a estratégia errada porque não é dirigida ao público real. Estratégia certa: pergunte-lhe que exercício gostaria de fazer que não seja wrestling de cama e levantamento de copos. Se não houver nenhum, podem pelo menos passear o cão depois de jantar…
Não seja melga
Está a ver aquelas campanhas que passam por massacrar o cliente? ‘Olá, Sra. Joana Santos. Sra. Joana, já ouviu falar do nosso serviço que permite por apenas 49,99 por mês reflexionar um packaging de downsizing? Sra. Joana, estaria interessada em aderir à nossa promoção? Sra. Joana, quando é que podemos voltar a telefonar?’ AHHHHHH!!!! Não dê ao cliente vontade de lhe rachar o crânio com um machado viking. Vá nadar enquanto ele vai ao golfe. Vá lanchar com as amigas enquanto ele vai ao futebol. Tenha o seu mundo, e deixe-o ter o dele.
Defina o mercado-alvo
As pessoas mudam ao longo do tempo: quando se passa muitos anos em casal, podemos crescer na direcção um do outro ou para longe um do outro. Como este afastamento é gradual, geralmente só damos por isso quando o afastamento já é tão grande que quase não avistamos o outro. Por isso importa olhar, não para a pessoa que ele era há uns anos, mas para a pessoa que ele é agora. Como dizem os peritos em marketing, sem definir muito bem quem é o cliente não se pode elaborar uma estratégia.
Desenvolva o atendimento ao cliente
Descobriu que ele afinal não gosta de bolo de chocolate como sempre acreditou (era manha para agradar à sua avó), que fuma 20 cigarros por dia (como?!!), que já não aguenta o Dr. House (começou a coxear também, por empatia, e isso transtornou-o consideravelmente) e que embirra solenemente com a sua prima favorita (isto foi tirado a ferros, por pânico de represálias da dita prima). Ficou a saber uma data de coisas novas que podem não ter importância nenhuma mas que também podem ser o princípio de uma nova relação. Reinvente-a.
Equilibre a oferta e a procura
É normal que o consumidor exija maior qualidade por um menor preço de bens e serviços. Quer dizer: é normal que ele fique no sofá a ler os milagres de Jesus no Benfica enquanto você fique na cozinha a vigiar três tachos; que ele queira ver um Especial História sobre as grandes batalhas do século XX enquanto você preferia ver o ‘Perfeito Coração’; que ele passe todos os serões até às quatro da manhã a regar a plantação de beterraba no Farmville enquanto a sua quinta está a cair de abandono virtual. É normal que ele queira isto, mas também é normal que não o tenha: afinal, o poder negocial dos clientes tem
de ser equilibrado com as necessidades do fornecedor.
Peça o feedback do consumidor
Não sabe o que se passa? Pergunte-lhe. Claro que ‘pergunte-lhe’ não é: “Olha lá, tu andas a fazer-te de parvo ou achas que eu sou estrábica e ainda não percebi que andas de olho na Belita?” Faça da conversa uma prioridade. Crie tempo em que possam falar com calma, que escusa de ser um frente a frente com uma mesa, um microfone e uma garrafa de água. Pode-se conversar enquanto se anda de carro (embora os homens geralmente sejam incapazes de se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo), enquanto se arruma a cozinha, enquanto se vê televisão. Desafio: experimente ouvir apenas, mesmo que lhe apeteça muito muito refilar ou mesmo atirar-lhe uma jarra à cabeça.
Atenção aos mercados concorrentes
Adaptar-se aos novos tempos exige mudança, adrenalina e flexibilidade: às vezes, o consumidor experimenta produtos novos não porque sejam melhores do que o produto habitual mas apenas por uma questão de novidade, experimentação e variedade. Conheça as suas mais-valias: intimidade e confiança. Isto parece óbvio, mas quantas vezes nos esquecemos de olhar o outro nos olhos, de lhe dizermos como ele é importante para nós, de estarmos sozinhas com ele? A vantagem desta estratégia é que geralmente tem retroactivos: costumamos devolver aos outros a maneira como somos tratadas. Quando foi a última vez que lhe fez um elogio? E isto também vale para os filhos, para os pais, para os avós… A família deve ser o nosso maior ‘cliente’: leve-a a sério. Não deixe que se transforme apenas nas pessoas que estão consigo todos os dias