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Luis Coelho

Ana Kotowicz lançou-se à aventura ao escrever o livro ‘Adotar em Portugal – um guia para futuros pais’, uma espécie de diário de bordo da sua própria história de vida. Optou por ser mãe pela via da adoção e recusa logo à partida todos os epípetos que a coloquem num pedestal com a pretensão de fazer dela e do marido dois heróis. Jornalista de profissão, conversou com a equipa da ACTIVA sobre os trâmites legais do processo e todos os elementos que o circundam: após uma longa espera, a chegada emocionante de duas filhas à sua vida. Sem rodeios ou subterfúgios, assume a centralidade da criança num processo no qual não pode haver lugar a devoluções.

Porque é que escreveu este livro?

Primeiro houve um convite muito concreto da editora Livros Horizonte. Tinha escrito o livro infantil (‘Reis procuram Príncipes’) e acharam que fazia todo o sentido haver um manual escrito para adultos. Vinha ao encontro de uma coisa que eu sentia: enquanto fiz o meu processo, sentia muita necessidade de ler e não havia nada escrito. Havia coisas muito técnicas, de psicólogos para psicólogos, de técnicos para técnicos, coisas brasileiras e americanas muito engraçadas, não havia nada em português [de Portugal] e nada escrito para a nossa realidade. Senti falta de um livro para ler e para me acompanhar nos diferentes momentos. O livro surge com essa ideia de dar aos outros aquilo que não tive.

Na introdução do seu livro aborda a missão de quebrar alguns mitos acerca do processo. A que é que se referia mais concretamente?

Há montes deles. O primeiro é que há imensas crianças à espera de serem adotadas. Não é verdade. Todos os anos é divulgado o relatório CASA (Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens), o retrato das crianças institucionalizadas em Portugal. Os números não variam muito: em 8000 crianças institucionalizadas só 800 estão disponíveis para adotar. As crianças que estão nas instituições estão à espera de regressar às suas famílias biológicas. Um outro mito é que é um processo altamente burocrático. Não é. A parte burocrática resolve-se em seis meses. E depois, no espaço de seis meses, a lei obriga a que a nossa equipa dos serviço sociais, seja da Santa Casa da Misericórdia (SCM) ou da Segurança Social (SS), faça a nossa avaliação e nos diga se estamos aptos a adotar ou não. Eu até acho que é bastante rápido durante os seis meses. Senti que me podiam ter investigado mais, feito mais perguntas. São crianças que estão à guarda do estado e este tem a obrigação de garantir que elas vão para onde devem. Mesmo assim, às vezes cometem-se erros…

Apesar de a barriga não estar a crescer, nós ficamos literalmente grávidas, mas só nós é que vemos isso, mais ninguém vê.

No prefácio ao seu livro de Álvaro Laborinho Lúcio, ele fala não no direito da adoção, mas uma ‘faculdade’ que deve ser exercida em função do superior interesse da criança. Esta é uma maneira diferente de ver as coisas… Foi uma descoberta durante o seu processo pessoal ou uma certeza desde o dia zero?

Acho que foi aparecendo e que me fui apercebendo à medida que ia lendo mais coisas sobre o assunto. De facto, há o direito da criança em ter uma família. Não há o direito da família adotar. O sistema devia servir apenas para uma coisa: encontrar os pais certos para as crianças que precisam deles. Não o contrário, que é como muita gente ainda olha para a adoção, que esta serve para dar filhos a casais inferteis. Não é verdade, não é para isso que serve. As duas coisas não devem estar relacionadas – embora estejam – porque a maioria das pessoas chega à adoção, como foi o nosso caso, depois de um processo de infertilidade.

Viveu esta experiência de forma diferente do seu marido?

Fiz uma gravidez invisível que ele não fez. Houve muitas coisas diferentes. Primeiro, eu tive a certeza muito mais rápida e facilmente do que ele de que, não podendo ter filhos biológicos, a adoção seria o caminho. Chegámos a fazer uma inseminação artificial, claro que foi uma decisão a dois, mas ele, mais do que eu, precisava de saber que não podíamos ter filhos biológicos. E só depois de termos essa certeza é que ele se abriu para a adoção enquanto eu já pensava nisso há algum tempo. Depois, durante o processo de espera, acho que foi muito diferente. Apesar de a barriga não estar a crescer, nós ficamos literalmente grávidas, mas só nós é que vemos isso, mais ninguém vê. E há todo aquele processo que uma grávida faz, de querer construir o ninho, preparar o quarto, ver ‘coisinhas’ de bebé. Nós fazemos isso.

Mas nessa altura não fazia ideia se era para uma criança pequena ou grande.

Não fazia ideia porque o nosso perfil de criança ia até aos 10 anos. Comprei uma série de biberões que não foram utilizados. Precisava daquilo para acalmar as ‘contrações’ da gravidez invisível.

Como é que fizeram essa descoberta?

Demorámos bastante tempo só a conversar um com o outro, pelo menos um ano. Tentámos engravidar durante muito tempo e sem grande stress. Depois fomos percebendo que a gravidez não acontecia e portanto, provavelmente, haveria algum problema. Ao fim de dois ou três anos percebi que a gravidez provavelmente nunca iria acontecer e aí a ideia [da adoção] começou a formar-se na minha cabeça.

Isso fez com que o desejo da maternidade fosse maior ou mais pequeno?

Eu acho que maior. Não ter filhos faz-nos outra coisa. Às vezes quando as pessoas me perguntavam ‘Porque é que não tens filhos?’, em vez de estar a explicar porquê preferia simplesmente dizer ‘Porque não quero’. Não me apetecia estar a partilhar coisas com outras pessoas. E às vezes ouvia coisas horríveis…

E nessa altura não partilharam nada?

Não. Aliás, a família só soube da inseminação artificial muito tempo depois de termos feito e de a gravidez não ter acontecido. Foi uma decisão completamente a dois. Depois disso estivemos cerca de um ano a discutir a adoção. À procura de informação. A fazer todos os filmes de terror possíveis na nossa cabeça. Esse ano foi muito [passado] a pensar em tudo o que podia correr mal. Colocámos todos os cenários em cima da mesa. Depois havia, é claro, a questão genética. É um filho que não partilha os nossos genes, mas não sabemos o que vem de trás. Depois começamos a perceber que nas nossas próprias famílias há de tudo, do melhor e do pior. Portanto, medo de quê? Não fazia sentido. E acho que quando finalmente decidimos avançar tínhamos a certeza absoluta de que era um projeto que fazia sentido. E também discutimos muito o perfil da criança. Ainda antes de nos candidatarmos pensámos muito até onde eramos capazes de ir.

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Considera que há tendência para romantizar o conceito da adoção vendo o ato como heróico?

Eu acho que as pessoas têm tendência a ver a maternidade, seja pela via da adoção, seja pela via biológica, como uma coisa romântica e cor de rosa que não é.

Mas a adoção é vista como um ato de bravura, que implica uma certa coragem…

Que é uma coisa que qualquer mãe ou pai pela via da adoção vai dizer que é extremamente irritante… Não há nada que me chateie mais do que quando alguém diz ‘és tão boazinha’, ‘foste tão corajosa’. Não fui nada! Eu e o meu marido tínhamos um projeto de parentalidade. Queríamos ser pais. Não podíamos ter filhos biológicos. Vimos essa solução na adoção, não foi do género ‘vamos salvar uma criança’. Não somos heróis nem nada que se pareça. E se pudermos ser considerados boas pessoas não é pelo facto de termos adotado. Espero que seja por outros motivos.

Uma criança que tenha sido adotada por motivos de negligência não vai ter uma vida melhor, vai ter uma vida diferente. O trauma de ser separado dos pais nunca vai desaparecer.

Ao longo da obra vai dando vários conselhos sobre como é que as pessoas podem iniciar este processo. O que é que mais a impressionou?

A primeira sessão de todas, a sessão A, que toda a gente tem de fazer antes sequer de entregar a candidatura é duríssima. É uma manhã inteira, são cinco horas, é obrigatória (quando entregamos os papéis para sermos candidatos tem de constar o certificado dessa sessão) e é muito semelhante a uma coisa que acontece no filme. Há um momento em que os pais estão a abandonar a sala enquanto outros estão a falar. É um bocado o que se passa na sessão A. Dão-nos uma noção muito dura daquilo que é a adoção. Se alguém chega ali com a ideia romântica e cor-de-rosa fica à porta porque nos falam de todas as dificuldades, dos longos tempos de espera, do perfil das crianças, de que não há bebezinhos loiros e saudáveis à espera de pais, de todo o tipo de problemas que as crianças que passaram por uma instituição e pelo abandono trazem com elas. É uma coisa muito dura. O outro momento difícil, já durante a avaliação, é quando temos de definir o perfil da criança. Por muito que isso já estivesse desenhado na nossa cabeça, quando nos estão a perguntar ‘sim ou não?’ é terrível. Uma criança seropotiva? Com síndrome de down? Filha de toxicodependentes? Há aquele sentimento de que estamos a dizer que não a crianças reais. E depois há um terceiro momento que também é muito duro. Mesmo antes das crianças aparecerem somos chamados a conhecer o processo delas, a dizer ‘sim ou não’, se queremos ou não que elas sejam nossas filhas. Aí lemos tudo o que elas já passaram. É como um murro no estomago. Porque é que estas miúdas já tiveram de passar por isto tão novas?

Quais são os grandes receios na altura de ‘pôr as cruzinhas’? Doenças, sim ou não? Histórico familiar de negligência, sim ou não? Como é que geriu estas opções?

É de facto importante sermos honestos quando estamos a definir o perfil da criança. Estarmos a definir um perfil que não é real, que não estamos preparados para receber, depois pode correr mal. Se eu decidir que estou disponível para aceitar uma criança de 10 anos e depois não estou, o que é que vou fazer? Vou devolvê-la? São casos residuais, mas são aqueles que a imprensa mais fala. Em relação às questões da família, para nós isso não era um problema. O único entrave que nós pusemos eram crianças que tivessem sido vítimas de abuso e violência sexual. Achávamos que não íamos saber lidar com isso. E não nos achando capazes de lidar, não fazia sentido pôr a cruzinha no ‘sim’.

Mas não foi uma decisão tomada de ânimo leve.

Não, discutimos muito.

Há alguma autoperseguição moral? Qual é a legitimidade de tomar essa decisão? É real?

Há e é real. Sentes quase que estás a cometer uma injustiça contra alguém, mas eu de facto não me sentia capaz de lidar com isso, temia não estar à altura de ser mãe de uma criança que tivesse passado por isso. Em relação às doenças, para nós era importante que não fosse uma doença que nos impedisse de trabalhar porque não teríamos como sustentar a criança. Surdez, cegueira, Síndrome de Down, discutimos de tudo e havia coisas que, não é que não fizessem sentido na nossa vida, mas nós não nos sentíamos preparados para lidar com elas. Se tiveres um filho não estás livre que alguma coisa lhe aconteça, que seja saudável, biológico ou que tenha sido adotado, e que um dia aconteça um acidente. As coisas acontecem e tens de aprender a lidar com elas, mas acho que aqui fomos muito honestos.

Isso também fez com que o processo corresse dentro do esperado, com as dificuldades inerentes, mas muito próximo das expectativas que havia?

Sim e desde o início que diziamos que queríamos muito que fossem irmãos. Não era importante que fossem raparigas ou rapazes, etnias, havia abertura para uma série de atrasos no desenvolvimento, problemas comportamentais, mas queríamos muito que fossem irmãos embora não tivessemos fechado a porta a ser só uma criança. Felizmente foram duas.

Disse que não achava que houvesse muita burocracia…

Os papéis são aqueles que fazem sentido: a declaração de rendimentos, o registo criminal, a certidão de casamento, etc. Não são papéis ‘do outro mundo’. O Estado tem de ter as garantias mínimas porque as crianças estão à guarda do estado, tiveram pais que não fizeram o seu papel… É muito diferente, por exemplo, da realidade dos Estados Unidos da América. O nosso sistema funciona com a adoção no fim da linha, que eua cho que é como tem de ser. Só acontece quando estão esgotadas todas as hipóteses de a criança voltar à sua família original.

Estamos a assumir o fim de linha de quem é adotado e não de quem adota?

O fim de linha de quem é adotado. O sistema está pensado para que as crianças regressem à família, é isso que faz sentido. O trauma de uma criança ser separada da família fica com ela para o resto da vida. Uma criança que tenha sido adotada por motivos de negligência não vai ter uma vida melhor, vai ter uma vida diferente. O trauma de ser separado dos pais nunca vai desaparecer. Estou a tirar da equação aqueles casos de abusos sexuais e maus-tratos físicos graves. Estou a falar daquela fatia grossa que leva a adoção que é a negligência.

O simples facto de termos entrado para a lista de candidatos não é garantia que um dia vai existir uma criança porque os serviços estão à espera dos melhores pais para a criança e não da melhor criança para os pais. Nós podemos nunca ser os melhores pais para uma criança.

O que é que são os tramites naturais e pelos quais passou no processo de adoção?

A primeira coisa é pensar. É mesmo importante pensar bem antes de se dar o passo seguinte. Depois, assistir à sessão A. É, de facto, muito boa para separar quem de facto quer adotar de quem não quer. A seguir entregar os papéis da candidatura. Isso é o dia zero e é a partir desse dia que a nossa candidatura começa a contar. Depois vem a avalição que são os tais seis meses. São feitas uma série de entrevistas, cinco ou seis, em que cada um de nós tem de contar a história da nossa vida para percebermos até que ponto trazemos traumas connosco e como é que nós lidámos com os nossos traumas a que as equipas chamam de ‘mochilas’. Depois temos de contar a história do amor: como é que nos conhecemos, como é que somos enquanto casal, como é o dia-a-dia. Respondemos a uma espécie de testes psicotécnicos em que nos põem numa sala. São centenas de perguntas, quatro ou cinco testes diferentes sobre tudo o que tem a ver com educação. Há ali perguntas horríveis no meio que eu acho que até é fácil perceber que resposta é que eles esperam que a pessoa dê. E depois há a parte final que é a visita à casa. Costuma ser a última. Vão ver se a casa tem condições ou não para receber uma criança, ou duas ou três, o que for. Foi nesse dia que disseram que estávamos aptos. Depois é esperar que venha o papel pelo correio a dizer que entrámos na lista.

E os dois anos de espera que falta no livro contam a partir desse dia da visita?

Para mim contaram a partir desse último dia da visita à casa, em dezembro. Foi nesse dia que nós soubemos que íamos entrar para a lista de espera’. Até nos dizerem que vamos entrar para a lista não há certeza nenhuma.

Como é que são vividos dois anos de espera? À espera que o telefone toque a toda a hora?

Sim… Estamos sempre à espera que o telefone toque e ele nunca mais toca. Seja uma espera de seis meses ou de seis anos, a espera é sempre muito frustrante porque está completamente fora do nosso controlo. Não tem um prazo. O simples facto de termos entrado para a lista de candidatos não é garantia que um dia vai existir uma criança porque os serviços estão à espera dos melhores pais para a criança e não da melhor criança para os pais. Nós podemos nunca ser os melhores pais para uma criança. As pessoas têm de pensar nisso quando se candidatam.

E como é que chegou ao dia da chamada que não era de uma operadora de telemarketing?

[risos] Foi dois dias depois do Natal pelo telefone fixo e não para o telemóvel, o que foi estranho. Não atendi exatamente porque achava que era telemarketing. Só quando insistiram é que decidi ir ver o que se passava do outro lado da linha. Foi aí que a psicóloga da nossa equipa me disse que tinham duas manas para nos apresentar. Foi tudo muito rápido.

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Luis Coelho

Foram ditos os nomes?

Os nomes e as idades. Eu lembro-me de ela perguntar ‘Não quer saber os nomes? E as idades?’ ‘Quero quero!’

E depois tentou partilhar com o seu marido que entretanto estava mais interessado em dormir?

Exatamente [risos]! Foi uma emoção muito grande. Eu a tentar acordá-lo e ele não estava mesmo a acreditar no que eu lhe estava a dizer. Achava que eu estava a gozar com ele. Ele demorou muito tempo até cair na real, olhar para mim, perceber que não era um truque para o tirar da cama.

Desde esse dia em que foi confirmada a possibilidade de adotarem essas duas irmãs até ao dia da chegada delas o que é que aconteceu?

Aí passou-se um mês, entre o telefonema e irmos conhecê-las Dois ou três dias depois tivemos de ir à SCM onde a equipa nos apresentou o processo das crianças, que é um dos tais momentos que é um bocado duro porque nós temos acesso a tudo e percebemos porque motivo é que foram retiradas aos pais. No nosso caso existiam relatórios médicos, psicológicos, tudo e mais alguma coisa. Nós dissemos imediatamente que sim, que queriamos avançar. A lei obriga a que fiquemos a pensar durante 24 horas. Faz sentido dormir sobre o assunto. Depois, a partir daí há uma reunião seguinte onde estamos nós, a equipa que nos avalia, a equipa responsável por encontrar as crianças e a equipa da instituição. É a primeira vez que estamos com alguém que as conhece. É o momento de fazer todas as perguntas e mais algumas e é quando nos começam a preparar para o que vai ser, o que podemos esperar.

E de repente, estão as duas a andar de baloiço, nós paramos, olhamos para elas, elas olham para nós, vêm a correr em direção a nós e gritam ‘Mãe! Pai!’. E cada uma nos salta para o colo.

Durante esse mês tiveram tempo para preparar a casa, perceber as preferências delas?

Tivemos de fazer tudo a correr. Transformámos uma sala num quarto, pintámos paredes, mobilámos. Comprámos aquelas coisas básicas, as cadeiras para se sentarem à mesa, para o carro, etc. Tinham 4 e 5 anos. Foi uma correria louca.

E o dia zero delas? Como é que foi chegada?

Enquanto nós sabemos com um mês de antecedência elas só sabem uma semana antes. O tempo das crianças não é igual ao tempo dos adultos e gerir a espera até nos conhecerem é complicado. Vão sendo preparadas aos poucos para a ideia de que vão ter novos pais. O dia zero aconteceu num parque infantil ao pé da instituição onde elas estavam. Nós iamos preparados para tudo: para elas fugirem, assustarem-se, etc. Tinha ouvido alguns desses relatos enquanto escrevia o livro sobre crianças que tinham mesmo o receio de se aproximar dos novos pais.

Também por causa da sua ‘bagagem’?

Claro! Podem dizer que vão ser teus pais mas são dois estranhos. Íamos preparados para duas fugitivas. E de repente, estão as duas a andar de baloiço, nós paramos, olhamos para elas, elas olham para nós, vêm a correr em direção a nós e gritam ‘Mãe! Pai!’. E cada uma nos salta para o colo.

Como se fosse um filme.

Tal e qual. A mais pequena agarra-se ao meu colo, abraça-me, a mais velha agarra-se ao meu marido. Eu comecei obviamente a chorar, pensei que a coisa ia demorar muito tempo a acontecer. A mais velha só disse ‘Vamos brincar’. E lá fomos. Nesse dia não fomos para casa com elas.

Foi uma primeira aproximação?

Sim, só uma manhã. Normalmente o prazo de integração é de uma semana. No nosso caso foram 15 dias porque a instituição fazia questão. Durante 15 dias vais ter com elas, passas o dia com elas, mas no fim elas ficam lá e tu voltas para casa.

Essa parte custa?

Imenso. Havia dias em que iamos entregá-las já de pijama vestido, banho tomado, chegávamos lá e punhamo-las na cama e vínhamos embora.

Ia havendo uma integração naquilo que era a rotina delas.

Exatamente porque isso depois vai sendo feito aos poucos. No primeiro dia passámos só a manhã, depois fomos embora, passámos a tarde em reuniões com todas as equipas. No dia a seguir dás-lhes o almoço, ao terceiro dia deita-las, ao quarto dia dás banho.

Foi correndo sempre bem ou com algumas dificuldades inerentes?

Esses 15 dias foram uma verdadeira lua-de-mel, correu tudo super bem, parecíamos apaixonados uns pelos outros, aqueles primeiros dias de ‘romance’. Nem birras nem dificuldades. Lembro-me que houve um dia em que a mais velha fez uma birra um bocado assustadora, mas foi a única coisa. Foram 15 dias super pacíficos.

Passaram esses 15 dias…

E começou o terror [risos]. Assim que entraram em casa definitivamente entrámos no período do inferno e o primeiro mês foi… tudo o que não tinha sido antes. No filme porque no filme, naquele momento em que eles estão na sessão de partilha a dizer que está a ser tudo maravilhoso e os outros que já adotaram há mais tempo a rir e a dizer “Esperem, vocês vão ver!”. “Não, vocês é que estão com inveja”, dizem os primeiros. Na sessão a seguir eles chegam lá prestes a cortar os pulsos porque, de facto, há um momento em que tudo começa a correr mal. Faz parte, acontece a toda a gente e felizmente hoje em dia as sessões da SCM e penso que na SS também fazem isso. É o que chamam a fase de testes. As crianças vão-nos testar até ao limite para conhecer as regras da nova família e da nova casa. É uma fase muito difícil porque temos de ser duros e rígidos, impor regras, mas queremos muito que eles nos amem. E é muito dificil porque só te apetece dar beijinhos e deixá-las fazer tudo o que elas quiserem.

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E também porque se está toldado pelo processo que elas viveram anteriormente.

Exatamente. E isso é fundamental. Elas já passaram por tanto que só deviam ter direito a amor, carinho e beijinhos, mas não. Durante essa fase é muito importante o acompanhamento que a equipa da SCM nos deu: “Têm de ser fortes, impor regras”. Isso é duro. E eu estou a sempre isto: não há amor à primeira vista. Pode haver paixão, emoção, muita coisa. Não há amor, somos quatro estranhos. Nem elas têm uma relação connosco nem nós com elas. E nós de repente temos duas crianças com as quais temos zero relação afetiva e emocional que estão a fazer todas as birras… Depois de um dia para o outro, por milagre, há um ‘clique’ e as coisas normalizam. E isso aconteceu mais ou menos ao fim de um mês. O meu marido tirou um mês de férias porque só um é que tem direito a licença parental na adoção, uma coisa idiota e que devia ser alterada. Aliás, acho que havia uma iniciativa legislativa nesse sentido. E, curiosamente, foi no dia que ele voltou ao trabalho que tudo acalmou. E eu pensava: “Agora vai ser o drama, o horror, porque eu vou estar sozinha com elas 24 horas por dia. E são duas…”. Não ficou perfeito porque não há famílias perfeitas, as birras não desapareceram e continuam a haver todos os dias, mas entraram num ritmo normal. Porque quando digo que às vezes chegava à hora de almoço com 15 ou 20 birras em cima, eram mesmo 15 ou 20 birras.

O único entrave que nós pusemos eram crianças que tivessem sido vítimas de abuso e violência sexual. Achávamos que não íamos saber lidar com isso. E não nos achando capazes de lidar, não fazia sentido pôr a cruzinha no ‘sim’.

Para comer, para dormir, para tomar banho…

Para tudo. Tudo o que eu dissesse elas iriam querer fazer ao contrário. Estavam a testar os limites e queriam saber até onde é que podiam ir.

É feito um perfil aos candidatos a adotantes e há uma altura do processo em que há uma espécie de ‘match’. É possível dizer que não a uma criança proposta pelos serviços?

Nós podemos dizer sempre que não. Não foi o nosso caso, mas lembro-me de uma pessoa da nossa equipa dizer que foi uma situação mais complicada do que aquela que nós estávamos à espera e portanto não tinham a certeza se nós quereríamos avançar ou não.

Mas pode ter a ver com falta de reflexão mais maturada sobre aquilo que conseguimos lidar e aquilo que não conseguimos?

Sim. Um dos casos que conto no livro é de um casal que entretanto já adotou duas crianças. Foram duas adoções diferentes e é engraçado que têm os dois exatamente a mesma idade. A primeira proposta que lhes fizeram eles disseram que não porque era um caso com contornos com os quais não se sentiram confortáveis. Isso não muda nada. Não é por dizermos que não que vamos para o final da lista outra vez. Acho que isso só mostra a honestidade das pessoas.

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É muito fácil dizer isto de que a criança deve saber desde sempre que foi adotada, mas se for adotada muito pequena como é que nós explicamos isto? Podemos contar histórias.

Como é que se gere o histórico familiar, a relação com a família biológica, manter ou não os nomes próprios das crianças e a alteração dos apelidos em conformidade com os dos pais adotantes?

A regra é não mudar os nomes próprios e é o que aconselham sempre porque a criança tem uma identidade e não faz sentido apagá-la. Há algumas exceções quando, por exemplo, a criança tem um nome pouco usual, que fosse facilmente encontrada se fosse procurada pelo nome próprio. Aí poderá haver essa necessidade por uma questão de sigilo.

Mas a criança é consultada ou essa é uma decisão dos pais adotantes?

Essa decisão passa inclusivamente pelo tribunal. Se quisermos mudar o nome da criança quando vamos a tribunal para ser decretada a adoção nós temos de justificar o porquê da alteração e ela só é aceite em casos muito específicos. Por exemplo, numa adoção internacional se uma criança tem um nome que em português é inpronunciável ou que não faz sentido [a nível cultural]. Também tenho um desses casos no livro.

Seria uma aproximação cultural mais facilitada.

Exatamente. Aí há uma mudança de nome por questões culturais Os apelidos, se nós quisermos, podemos manter os antigos e misturar com os novos. O que acontece é que, por uma questão de sigilo, e porque ninguém quer que os pais biológicos venham bater à porta, eu acho que ninguém faz as coisas de outra maneira que não seja adotar os nossos apelidos. No nosso caso mantiveram o nome próprio, ficaram com os nossos apelidos.

Mantêm a relação com a família de origem?

Não.

Isso é uma decisão pessoal ou aconselhada pela equipa?

É uma decisão que faz parte do tipo de adoção que temos em Portugal. A partir do momento em que a criança se torna ‘adotável’, ou seja, quando entra para a lista de quem está à espera de pais, a família biológica (pai e mãe) perdem o poder paternal.

Não me referia ao poder paternal, mas à presença dos pais.

Perdem inclusivé o direito a visitas. Às vezes são abertas exceções em casos de irmãos quando faz sentido porque as relações entre irmãos podem ser complicadas. Se irmãos forem adotados por casais diferentes tenta-se sempre que mantenham o contacto e isso é uma das coisas que nos perguntam, a disponibilidade para manter essa relação. A família biológica não sabe de forma alguma quem foram as pessoas que adotaram os seus filhos, portanto à partida não há nenhuma ligação. No futuro, acho que as crianças, chegadas a uma determinada idade, irão procurar a sua família. Isso aí é outra conversa. Ai é a necessidade que parte delas e, nesse caso, acho que devemos estar com elas e ajudar no que for possível.

De que forma é que o envelhecimento populacional poderá influenciar o limite da idade para adotar, atrasando-o? Biologicamente ou não, as pessoas estão a ter filhos cada vez mais tarde. Podemos esperar revisões à legislação nesta área?

Em Portugal não. Muito recentemente, quando foi apresentado o último relatório CASA, na altura a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, foi muito clara quando falou sobre a adoção e sobre o novo paradigma da adoção e a ideia é exatamente o contrário: reduzir cada vez mais os casos de adoção e cada vez mais tentar manter as crianças junto das suas famílias biológicas, que é o que faz sentido, atacando os problemas na raíz e não no final. Uma das coisas que ela dizia é estarmos atentos desde o início a famílias com rendimento social de inserção porque há mais probabilidade de haver problemas: terem mais acompanhamento e apoio para que as situações nunca cheguem a acontecer.

Que direitos passou a ter em termos laborais (licenças, subsídios de maternidade) e que grandes diferenças ainda vê para pais biológicos?

A partir do momento em que a adoção é decretada não há quaisquer diferenças. As diferenças são, de facto, durante o período de adaptação e na questão das licenças. O período em que nós vamos conhecer as crianças, aqueles 15 dias que passamos na instituição a conhecê-los não estão previstos na lei. Tive de tirar dias de férias e ficar dependente da boa vontade da entidade empregadora para poder ter esses dias, porque não estão previstos. No nosso caso, quando as crianças chegaram a casa, eu pude pôr a licença, o meu marido não. Numa adoção faz ainda mais sentido do que quando se dá um nascimento que estejam os dois em casa.

Há diferenças muito claras, só não as há a partir do momento em que o processo está terminado.

Há muitas diferenças na chamada pré-adoção (os primeiros seis meses), uma fase em que se pode ‘devolver’ as crianças, ou seja, antes de irmos a tribunal. Aí é muito diferente e eu acho que as coisas têm de ser repensadas. Nós estamos a conhecer a criança e ela está a conhecer-nos, mais do que nunca é preciso que a criança esteja a criar vínculos. A partir do momento da adoção é emitida uma certidão de nascimento que diz que eu fui mãe aos 36 e aos 37 apesar de só o ter sido há dois anos.

No caso de se tratarem de idades muito precoces, quando é que deve ser dito a uma criança que foi adotada? As suas filhas têm noção total.

A mais velha lembra-se perfeitamente da família biológica: da mãe, do pai, dos avós. A mais pequena não se lembra de nada, a mais velha lembra-se de tudo. Falamos muitas vezes sobre isso, porque é que as coisas aconteceram e ela faz perguntas.

Ela tem presente o motivo pelo qual tem esta família?

Sim, perfeitamente. Completamente presente. A mais nova não tanto, mas vai ouvindo as conversas porque a mais velha tem muita necessidade de falar e de arrumar as coisas na cabeça dela. De contar a sua própria história, os vários passos até hoje.

Se a sua filha mais nova tivesse sido adotada sozinha e por não ter memória da família biológica, teria de haver um momento em que lhe era contado.

Nunca deve ser dito, devem saber desde sempre. O problema é como é que se faz isto. Foi por isso que eu escrevi o livro infantil. É muito fácil dizer isto de que a criança deve saber desde sempre que foi adotada, mas se for adotada muito pequena como é que nós explicamos isto? Podemos contar histórias. Ou numa brincadeira ter duas girafas que têm um filho que é um pinguim e introduzir o porquê de o filho ser o pinguim.

Ela olhou para mim e disse-me: “Que raio de mãe é você que não sabe o nome do pediatra da sua filha?” Respirei fundo e só lhe disse que, obviamente, não lhe ia contar a nossa história de vida.

Até se tornar natural pelo próprio raciocínio dela.

Exatamente. A questão de não ter estado na barriga, que é uma coisa que os miúdos falam desde cedo. “Quando eu estive na tua barriga”. “Não, tu nunca estiveste na minha barriga, estiveste na barriga de outra mãe”. São pequenas coisas que se podem ir dizendo sempre adaptadas à idade da criança. Ela talvez não vá perceber na altura o que é que aquilo quer dizer, mas vai ficando lá. O que nunca se deve fazer é estar à espera de um dia para fazer a revelação. “Agora tens seis anos, já podes perceber…” E de repente é um choque. Antigamente sso acontecia muito. As pessoas descobrirem na adolescência e descobrirem por acaso e da pior maneira. E aí cai o teu mundo, perdes a confiança em tudo, perdes a confiança nos teus pais, pões em causa a tua identidade , a tua história… É dramático. Por isso é que a ideia tem de estar presente desde sempre e quando perguntarem quando é que soubeste que foste adotada a resposta ser ‘Sempre soube’.

O que é que não se deve dizer ou fazer quando alguém que conhecemos adotou? Aquelas coisas proibidas e que as pessoas dizem e fazem.

Uma das coisas mais irritantes é ‘És tão boa pessoa!’. É uma coisa que me deixa nervosa. Essa coisa de transformar os pais pela via da adoção em heróis é algo que não devemos fazer nunca. Quanto muito, nós é que temos sorte de ter aqueles filhos e não o contrário. Acontece às vezes termos filhos biológicos e filhos pela via da adoção. Há pessoas que perguntam: ‘Mas qual deles é o teu filho verdadeiro?’ Isto acontece. Não, não podemos fazer esta pergunta. Ou ‘Ah e tal, adotaste. Mas não gostavas de ter filhos mesmo teus?’ Isto é extremamente irritante.

E que gesto para com a criança poderá magoar um pai que adotou?

Felizmente nunca nos aconteceu nada desse género.

Porque a família alargada foi sendo preparada?

Sim. A partir do momento em que decidimos mesmo avançar anunciámos a toda a gente: à família inteira, aos amigos. Toda a gente aceitou lindamente. Uma vez uma pessoa da família alargada disse-lhes no momento em que as conheceu: “Então estas é que são as tuas adotivas!” Apeteceu-me esbofetear essa pessoa.

Metam na cabeça que um filho é para a vida! Os filhos não se devolvem.

Porque esse termo não existe.

Exato! É que nem sequer foi ‘filhas adotivas’, que já era mau o suficiente. São filhas! Felizmente elas não ouviram, mas podiam ter ouvido. Lembro-me que elas estavam connosco há 15 dias e eu ainda não sabia o nome delas de cor. Sabia o primeiro e o último, todos os outros eu ainda não tinha memorizado. Fomos a uma consulta de Pediatria. Quando me dirigi à receção e me perguntaram o nome completo da criança eu pedi um momento para olhar para o cartão de cidadão, a senhora olhou para mim e perguntou: “Mas não é a mãe?” “Sou”. Ela ficou a olhar para mim e expliquei-lhe que elas tinham sido adotadas há pouco tempo. Outra vez íamos a uma consulta que ainda tinha sido marcada pela instituição e quando cheguei à receção e perguntei onde me devia dirigir e me perguntaram qual era o pediatra das minhas filhas, eu disse: “Não sei o nome…” Não havia nada nos registos. Ela olhou para mim e disse-me: “Que raio de mãe é você que não sabe o nome do pediatra da sua filha?” Respirei fundo e só lhe disse que, obviamente, não lhe ia contar a nossa história de vida. Pedi que me indicasse onde é que me deveria dirigir. Acho que a senhora percebeu que fez asneira e pediu desculpa.

Conselhos para quem pretende entrar neste processo.

A primeira é coisa é meterem na cabeça que é super, hiper, mega difícil. Acho que, mesmo quando sabemos isso, não estamos preparados para a dificuldade que vai ser, mas irmos interiorizando que vai ser difícil prepara-nos um bocadinho mais. Se partirmos com a ideia romântica de que connosco vai ser totalmente diferente, fácil e maravilhoso, vamos levar um estalo da realidade que vai custar muito mais. Depois, durante o período da espera e se para nós é difícil temos de ter em mente que para as crianças é mais. Normalmente temos quem nos acompanhe nesse percurso de espera, seja o marido, a família ou os amigos. As crianças estão sozinhas numa instituição, perderam tudo o que conheciam. Quando pensamos no deserto que elas atravessam, o nosso relativiza-se. Os tempos de espera são sempre difíceis, mas as pessoas têm de se lembrar que não há o direito a adotar, há o direito da criança a ter a família. Isso é fundamental. Se pensarmos nisso custa-nos menos a aguentar a espera. Temos também de ser muito honestos durante o processo. Não podemos ter medo de dizer ‘não’. É horrível o momento ‘das cruzinhas’, mas devemos ser honestos naquele momento para não corrermos o risco de as coisas, mais à frente, correrem mal. E metam na cabeça que um filho é para a vida! Os filhos não se devolvem. As pessoas não podem encarar a adoção como uma experiência que, se não corrrer bem nos primeiros meses, volta para trás. E a última coisa: quando se chega à adoção por causa da infertilidade é importante fazermos o luto primeiro, resolvermos isso na nossa cabeça e não continuarmos a fantasiar, dando a adoção com passos mais seguros.

O tema da adoção está presente no filme Família Instântanea. O casal Pete e Ellie, interpretados respetivamente por Mark Wahlberg e Rose Byrne decidem criar uma família e começam uma verdadeira aventura pelo mundo da adoção. Depois de conhecerem os três irmãos que se apresentam nas suas vidas, o enredo desenvolve-se em torno das suas dificuldades em ser pai e mãe, factos baseados na vida real do argumentista Sean Anders e da sua família.

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