Nas últimas semanas, tudo mudou – e muitos duvidam que o mundo volte a ser o mesmo, tal como o conhecíamos.
Estamos apenas no terceiro mês de 2020 e os quatro continentes já combatem uma pandemia, a do novo coronavírus, que causa uma doença conhecida como COVID-19. A sua chegada ditou a implementação de medidas de contingência em várias nações, incluindo o distanciamento social e as quarentenas voluntárias.
Tudo mudou, mas o sentimento inato e involuntário do desejo sexual continua a existir; a única diferença é que agora está minado pelo medo de que a interação com outros seres humanos faça de nós os próximos portadores do vírus.
Já sabemos que devemos lavar as mãos frequentemente, evitar tocar no rosto, desinfetar o telemóvel e, se possível, ficar dentro de casa. Mas quais são as diretrizes para fazer amor?
“A COVID-19 em si não é uma doença sexualmente transmissível,” afirma o Dr. Muhammad Munir, do departamento de ciências biomédicas e da vida da Universidade de Lancaster, em Inglaterra, em declarações ao “The Guardian”.
Contudo, esta questão tem uma resposta mais complexa. “Como há um contacto muito próximo entre dois indivíduos durante o sexo, a possibilidade de alguém contrair o vírus de outra pessoa infetada é de quase 100%, especificamente devido aos beijos envolvidos,” acrescenta o especialista em doenças virais.
De acordo com a Direção-Geral da Saúde, a COVID-19 transmite-se “através de gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando tossimos ou espirramos, que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo.” Quando beijamos alguém, é praticamente impossível evitar o contacto com a saliva, portanto este pode ser um comportamento de alto risco.
O perigo não está só nos beijos
Outra coisa a ter em conta é que muitas pessoas não sabem que estão infetadas, visto que existem casos assintomáticos. Aliás, de acordo com um estudo recente da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, os portadores sem sintomas são responsáveis por dois terços das infecções.
Por conseguinte, é importante sublinhar que uma pessoa pode contrair o coronavírus, mesmo que não beije o seu parceiro sexual. “As mãos contaminadas são uma grande fonte de infeção,” explica o Dr. Munir. “Não é apenas o sexo em si – é qualquer contacto envolvido durante o ato.”
O namoro e os encontros românticos ocasionais também devem ser evitados até que a pandemia esteja sob controlo, uma vez que tendemos a ter mais contacto íntimo e prolongado com outras pessoas nesses momentos. “Podemos beijá-las, abraçá-la sou dar-lhes a mão durante algumas horas. Quanto maior for a duração do contato com alguém, maior será risco de transmissão,” adverte o virologista.
Resumindo: embora o coronavírus não se transmita da mesma forma que DSTs como a clamídia e o herpes, isso não significa que o cenário atual de pandemia não inspire (muitos) cuidados no que ao sexo diz respeito, desde as trocas de carinhos até aos preliminares.