
Tirar medidas corporais e calcular a percentagem de massa gorda são algumas das práticas comuns nas indústrias do fitness e da perda de peso. Na verdade, tirar selfies em frente ao espelho é recomendado por inúmeros especialistas e influencers para registar progressos, numa abordagem estilo ‘não me importo com números’.
Mas da mesma forma que a balança pode encorajar ma obsessão por números, observar constantemente o próprio corpo, à procura de mudanças, também pode ser um hábito pouco saudável e até tem um nome: “body checking”.
O que é?
“O ‘body checking’ é um comportamento obsessivo, no qual um indivíduo se foca em certas características do próprio corpo, frequentemente, múltiplas vezes por dia”, explica o psiquiatra Gene Beresin ao site da revista Shape. Segundo o especialista, os hábitos associados a esta prática incluem:
- Verificar o tamanho da barriga, das pernas e de outras partes do corpo. Isto pode incluir beliscar as ‘gordurinhas’;
- Pesar-se várias vezes por dia;
- Ver-se frequentemente ao espelho em visuais diferentes;
- Focar-se na sensação proporcionada pelas roupas como, por exemplo, quando um par de calças está demasiado apertado;
- Comparar a perceção do próprio corpo com as das pessoas à sua volta;
- Tirar medidas de forma obsessiva da cintura, braços, pernas, etc.
Quando o hábito se torna um problema
É possível perceber quando esta prática passa a ser um problema? De acordo com a psiquiatra Ash Nadkarni, sim. E o tempo despendido pode ser o maior indicador.
“A quantidade de tempo despendido no ‘body checking’, especialmente tempo que interfere com atividades relacionadas com a vida normal, é um indicador de quando é um problema”, explica. “Por exemplo, se alguém verifica o próprio corpo de forma compulsiva e frequente, e ignora outras necessidades de autocuidado, ou começa a isolar-se dos outros e a perder relações, ou não consegue trabalhar, isto sugere que o comportamento é um problema”.
Também pode (re)avaliar a sua relação com fotografias de progressos e outros métodos de monitorização ao fazer algumas perguntas simples a si mesma como, por exemplo: “Será que eu me sentiria completamente bem comigo se largasse estes hábitos?”; “Será que eu conseguiria não tirar fotografias do meu corpo?”; “Será que eu ficaria bem se as imagens e medidas mostrassem constantemente algo que não gosto?”; ” Será que eu associo o meu valor a estas medidas?”
Caso tenha concluído que tem um problema, considere procurar um profissional de saúde especializado em distúrbios alimentares, que irá recomendar-lhe a melhor terapia para chegar ao cerne da questão e, depois, ajudar a resolvê-la.