A irmã mais velha é linda, alegre, engraçada, desportiva, inteligente e simpática. A mais nova, em comparação, parece tão mortiça… (enfim, ou vice-versa). Ajude a sua filha a lidar com uma rivalidade mal vivida.
Quase toda a gente, se não passou por isso, conhece um caso assim: uma das irmãs (ou irmãos) é a estrela, a outra é a luz apagada.
Já de si, ser mais velho carrega a aura de ter sido o primeiro a nascer: foi o primeiro filho, os pais gostaram mais dele, pensa o irmão seguinte. Quando esse irmão, além de ter sido o primeiro, ofusca o segundo, a coisa complica-se. Mas noutros casos, tabém pode acontecer que o mais velho carregue todo o peso das expectativas dos pais e o mais novo esteja livre para ser descomplicado, alegre e sociável. Ou então é apenas uma questão de personalidade, de beleza ou de circunstância: por muito que pais e mães não admitam, por muito que este assunto continue tabu, existem sim favoritos dentro das famílias.
Muitas vezes, a criança mais apagada sofre além do mais por ter sentimentos contraditórios: odeia o irmão, mas também o adora. Sofre, mas há cumplicidade entre eles. E muitas vezes cai numa infelicidade que os pais não entendem. “A Mariana é tão bonita, tão alegre, tão inteligente, que a Beatriz, por comparação, parece uma mosca-morta…” nota Joana Santiago, tia da Mariana, de 14 anos, e da Beatriz, de 12.
Muitas vezes, a questão agudiza-se quando as meninas entram na adolescência e tomam ainda mais consciência da própria imagem. Podem tornar-se ainda mais apagadas quase por contradição, por oposição à irmã, como quem diz: “Ah, ela é mais gira? Então eu vou ser ainda mais apagada.” Podem começar a desinteressar-se da escola, ou para chamar a atenção ou porque caem em depressão.
Mas há muito a fazer para não deixar a sua criança cair nesse extremo de infelicidade.
DE PATINHO FEIO A CISNE
Esteja atenta se a criança parece permanentemente infeliz ou apática. Não aceite uma explicação do tipo ‘são feitios’. Ser infeliz não faz parte do feitio de ninguém.
Esteja atenta a diferenças na maneira como lida com uma e com outra. Não se trata de apagar a sua estrela, mas de alumiar a sua vela apagada. Nunca as compare.
Dê atenção e mimo ao seu patinho feio (mas não em detrimento da mais velha, que também não tem culpa de ser brilhante). Seja caridosa e lembre-se que é natural, muitas vezes, que não lhe apeteça dar-lhe mimo: os patinhos feios fecham-se muitas vezes numa concha de antipatia de que é difícil mas possível tirá-los.
Não mostre pena dela, antes a ajude a sair da sensação de ser inferior à irmã. Procure os seus pontos fortes, ajude-a a desenvolvê-los, e elogie. Elogie-a sobretudo à frente da família. Muitas vezes os pais são sensíveis, mas os avós e tios nem por isso.
Passe algum tempo a sós com ela, em vez de levar as irmãs atreladas em parzinho a todo o lado. Descubra quais são os seus interesses, se prefere dançar ou andar, se prefere cor-de-rosa ou azul, se queria ser princesa ou polícia…
Respeite o ritmo dela. As irmãs das estrelas são por vezes mais lentas até por se terem resignado a uma velocidade de oposição aos 200 à hora da ‘diva’. Mas vá incentivando. Mostre-lhe que há várias maneiras de se ser brilhante, que todas as pessoas são diferentes, que é tão importante ser boa em matemática como a inglês como a ginástica. E entre as irmãs, promova a cumplicidade e não a rivalidade.
Quando são pequenas, leia-lhe uma história só a ela, à noite. A noite é a hora em que os mais frágeis estão mais abertos à atenção dos outros.
Acima de tudo, mostre que valoriza acima de tudo as qualidades de coração. Gostaria que ela fosse uma boa aluna, mas gostaria acima de tudo que ela fosse uma boa pessoa…
E se já faz tudo isto, relaxe. Às vezes, os próprios filhos precisam de viver e aprender a lidar com os seus próprios dramas e os pais não podem fazer tudo sozinhos…