Com uma paixão pela área de intervenção social, Sofia, psicóloga especializada em terapia familiar, 42 anos e mãe de dois rapazes, passou os últimos nove a lutar pelo seu sonho. Assim, em 2003 nasceu a Associação Mimar, que desde então percorreu um longo e difícil caminho para erguer do zero a sua casa de acolhimento temporário para crianças em risco.
Com espaço para 18 crianças – atualmente acolhe 17 – dos zero aos seis anos –, a casa Mimar, no concelho de Cascais, foi concluída em fevereiro de 2010, mas, devido a dificuldades de financiamento, só começou a receber os primeiros casos em novembro de 2011. Nestes seis meses de atividade, já passaram por lá 25 menores, oito já saíram para outras instituições ou com projetos de adoção.
Mas quando falamos de crianças em risco, a adoção não é a situação mais comum. Sempre que possível, a criança deve ser reintegrada na família nuclear ou alargada. Por isso, à equipa liderada por Sofia compete, ainda, traçar para cada uma um diagnóstico médico, psicológico, social, jurídico e pedagógico, e trabalhar as competências necessárias ao seu retorno em segurança com os seus familiares. “O nosso principal cavalo de batalha é prestar um bom serviço a estas crianças e famílias. A nossa atitude é a inquietude e vamos sempre lutar por melhor. Este é um tipo de prestação de serviço muito complexo, que não tem fim. Queremos melhorar ainda mais”, diz.
Desde 2004 a associação tem-se multiplicado em esforços para conseguir fundos, primeiro para a construção da casa, depois para garantir o dia-a-dia das crianças. O Ministério da Solidariedade e Segurança Social presta apoio
financeiro parcial a quatro crianças. A restante ajuda vem de parceiros como a Câmara Municipal de Cascais, Vodafone ou a firma de advogados Garrigues. “Falta-nos financiamento mais consistente, porque o que temos ainda é flutuante e, geralmente, não temos uma resposta imediata”, diz Sofia, que sublinha ainda o esforço da equipa que acreditou no seu sonho e a ajudou a erguê-lo. “Primeiro é preciso sabermos bem o queremos, depois há que ter vontade para levar o projeto em frente, perseverança e capacidade de nos automotivarmos e não desistirmos perante as dificuldades.”