Premiada com um cheque de 20 mil euros, Maria Antónia Machado, de 72 anos, foi a grande vencedora da 12ª edição do Prémio Mulher ACTIVA.
No seu discurso de agradecimento, a voluntária do IPO Porto sublinhou a importância do trabalho da equipa de cuidados paliativos do IPO Porto, instituição onde trabalha há 30 anos como voluntária. “O prémio destina-se inteiramente, sem burocracias mas com a maior transparência, à equipa de cuidados paliativos do IPO do Porto. Sou apenas a face visível de uma retaguarda a quem aproveito para render homenagem. “
Maria Antónia destacou, ainda, a importância do prémio para colmatar as dificuldades sentidas por muitos dos doentes terminais que acompanha de perto. “Que esperança pode haver para uma mãe de família em estado terminal, com três filhos de 17, 14 e 12 anos, e um marido desempregado? Ou para aquele velhinho da Guarda, que regressou a casa para morrer e não tinha capacidade para o aquecimento, num inverno tão rigoroso como foi o último? E para os muitos doentes, cujos familiares e acompanhantes nem dinheiro têm para as senhas de transporte ou refeições? É para eles que irá o prémio recebido, ajudando a suavizar a despedida daqueles que sofrem, desesperada e tantas vezes silenciosamente.”
Sandra Nascimento, presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI); Ana Paula Ramos, diretora do estabelecimento prisional de Pinheiro da Cruz; Alexandra Cunha, presidente da Direção Nacional da Liga para a Proteção da Natureza, e Sofia Pombo e Costa, presidente da direção e diretora técnica da Associação Mimar (casa de acolhimento temporário para crianças em risco) foram as restantes premiadas desta edição. Cada uma recebeu um cheque no valor de 1250 euros e 3750 euros em produtos.
“Saber que ajudo as pessoas, é muito gratificante”
Depois de 25 anos a dar resposta aos vários serviços do IPO, Maria Antónia Machado pediu transferência para a unidade de cuidados paliativos, onde está há seis. “As minhas filhas alertaram-me que o ambiente era muito pesado e tentaram demover-me da ideia. Quando comecei nos cuidados paliativos, percebi que precisava de mais preparação. Fiz alguns cursos, que me ajudaram a saber o que fazer e dizer nas diferentes situações”, contou em entrevista à ACTIVA.
“Saber que ajudo as pessoas só por estar ao lado delas, a dar-lhes a mão, é muito gratificante. Muitas vezes as pessoas querem pouco, querem apenas companhia. É verdade que lidamos com situações difíceis, mas a compensação pelo que fazemos é muito grande.”
Além de voluntária, é também angariadora de fundos do IPO e acumula ainda estas funções, há 18 anos, com as de vice-presidente da Associação Portuguesa de Osteoporose.