
A teoria mecanicista de Newton e o pensamento positivista do século XIX moldaram a visão ocidental de doença, sintoma e cura. Basicamente, o nosso corpo é considerado um agrupamento de células governadas pelas leis da biologia e da química e a doença é fruto de um funcionamento irregular das peças da engrenagem.
Os orientais, porém, sempre tiveram ideias bem diferentes sobre o assunto e sustentaram a ideia de que as doenças eram um reflexo de desequilíbrios a um outro nível. Acreditando que todo o universo é constituído por energia, que se manifesta em níveis mais ou menos subtis – a que deram variados nomes, de chi a prana, apenas para referir dois dos mais comuns – a doença é reflexo de um desequilíbrio na circulação da mesma e a cura é percebida como a restituição da harmonia dessa mesma energia. Os nossos pensamentos, emoções e sentimentos exercem um papel fulcral no que se convencionou chamar de saúde: dado que espírito, mente e corpo são indissociáveis, se os primeiros não estão bem, o nosso corpo (a energia que o constitui) entra em desarmonia, que se expressa através da doença e/ou da dor.
Martin Brofman é herdeiro direto desta linha de pensamento. O criador do Sistema Corpo-Espelho, um método de cura que alia conhecimentos da psicologia com a tradição Oriental da energia e das chacras, conversou connosco sobre a ferramenta que vem ensinar num seminário a ter lugar em Portugal, entre os dias 8 a 12 de maio.
Tudo começou por experiência própria. Martin Brofman era um informático que trabalhava em Wall Street a quem, aos 35 anos, foi diagnosticado um cancro terminal. “Na época era infeliz a nível pessoal, mas parecia que tudo era ‘normal’ porque olhava à volta e as pessoas tinham os mesmos problemas.” Porém, saber que estava grave e irremediavelmente doente, com um cancro em fase terminal, foi o facto dramático que ‘acordou’ Martin para uma dimensão espiritual, da qual estava completamente afastado até ao momento. “O meu braço direito ficou paralisado, tinha a sensação de choques elétricos na minha coluna e os médicos não sabiam o que se passava, até que, num hospital na Filadélfia, diagnosticaram-me um cancro na espinal medula, na zona do pescoço, ao qual tinha de ser operado. Soube nesse momento, em choque, que podia sair da cirurgia tetraplégica e quando perguntei se tinha tempo para uma segunda opinião, disseram-me que não.”
A cirurgia avançou, no meio de um processo de negação – “isto não me pode estar a acontecer, pensava” – mas os médicos não conseguiram chegar ao tumor. “Mandaram-me para casa e disseram-me que tinha talvez um mês ou dois de vida. A partir daí cada dia era o último, mas procurava focar-me na qualidade da minha vida, se não estaria a desperdiçar o meu tempo. Quer dizer, todos morremos e fazia sentido procurar coisas que me fizessem sentir bem. Passaram dois meses e decidi que se vivesse até ao fim do ano, iria fazer uma viagem a Martinica como forma de celebração.”
Viveu e partiu e a viagem mudou a sua vida. Ai conheceu a meditação transcendental: “o professor disse que a doença começava na nossa cabeça e era ai que tinha de ir se queria curar-me. Comecei a mudar toda a perspetival com que encarava a minha situação.” Dias depois, Martin foi ouvir uma conferência sobre o Método Silva (http://en.wikipedia.org/wiki/Silva_Method), que preconiza que tudo começa na nossa consciência e que é possível ampliar o nosso bem-estar interior através da prática de visualizações e da meditação. “Decidi dar o ‘salto’ Comecei a meditar três vezes por dia, a falar comigo de forma positiva, a visualizar o tumor cada vez mais pequeno e a imaginar a cena, no futuro, em que o médico me examinava e dizia que o tumor tinha desaparecido. Três meses depois foi ver o médico e eis que ele me disse que se deviam ter enganado no diagnóstico. Tinha de facto desaparecido!”
Martim não parou desde então: “Aprendi sobre as chacras, sobre visualização, pensamento positivo e olhei para a ideia que o stresse cria a doença. Foi então que decidi então que não queria trabalhar para outras pessoas e tive de encarar de frente o facto de que nós a minha mulher nos tínhamos afastado.”
Despediu-se do seu trabalho em Wall Street e começou a ensinar o Método Silva. “Entretanto curei-me da miopia e quis desenvolver um programa de desenvolvimento da visão, mas não foram recetivos. Foi aí que decidi avançar por conta própria. Era altura de partir e começar a ensinar o meu método. Desenvolvi este sistema de cura e um programa para ensiná-lo. Concebi as aulas de acordo com os sistemas informáticos que desenhava antes, mas em vez de introduzirmos dados, era de consciência de que falávamos.”
Surgiu assim o bem como a Brofman Fundation For The Advancement of Healing e o Sistema de Corpo Espelho, que hoje é ensinado por todo o mundo, síntese da psicologia ocidental e das filosofias orientais baseadas nos chacras, um método de cura que todos podemos utilizar.
“Desenhei este seminário como um programa de quatro dias, em que as pessoas são levadas a compreender-se como um sistema de energia, a dirigir essa mesma energia, a olhar para auras, a sintonizar-se com o jogo enérgico, depois a entender e ler os chacras e a ver sintomas específicos como reflexos de tensões na consciência; mas também aprendem a trabalhar como as perceções e a libertar-se e a libertar outros das dores e tensões. Podem estar completamente afastados de uma dimensão mais espiritual do mundo, mas acabam a trabalhar como dinâmicas de cocriação.”
Não há cura sem mudanças de perceção, sem olhar para as coisas de forma diferente, defende Martin. “Todo o sintoma está associado a um certo tipo de personalidade. Os processos de cura implicam processos de transformação no sentido das pessoas tomarem consciência do que são felizes ou não e de entrarem eu contacto com o seu eu verdadeiro. As tensões no corpo não são nada mais do que tensões da consciência: tensão é stresse e o stresse causa sintomas. Para nos libertarmos de um sintoma temos, antes de mais, de nos libertarmos de um sintoma, trazendo harmonia às áreas da nossa vida que não têm andado a funcionar muito bem, repondo o estado natural de equilibro.”
Nesta óptica, qualquer pessoa ou qualquer doença pode ser curado e qualquer um pode ser um curador, desde um homem de negócio a um político. “Tenho de treinar curadores, para que as pessoas percebam que á o sistema, a ferramenta, que funciona, não a pessoa que está a usá-la. Há curadores e quem ensine o método em todo o mundo. Não trabalhamos com a nossa energia, estamos a ajustar a energia do outro.”
O que esperar do Seminário de Cura Intensiva Residencial que Martin Brofman dará nosso país dias 8 e 12 de maio? Antes de mais estas são técnicas tão simples, que até podem ser ensinadas a crianças e este é um programa “compatível com qualquer credo ou religião, afirma Brofman. “Vai ser uma experiência que pode mudar a nossa vida.”
Mais informações pelo email cristinavaz@sapo.pt