A beldade ruiva alcançou notoriedade nos anos 50 e tornou-se uma especialista em cosméticos e assuntos femininos, lançando vários livros, produtos de beleza e linhas de lingerie. Era tão bonita, mas tão bonita, que as meninas brincavam com bonecas de papel para cortar fatiotas inspiradas nela:
Pelo caminho, teve seis maridos (continua casada e feliz com o sexto) três filhos (entre os quais, o actor Lorenzo Lamas) seis netos e um bisneto.
Apesar do percurso sentimental algo tumultuoso (casar seis vezes é obra!) Arlene foi sempre uma mulher feliz e descontraída, que não parecia levar os cavalheiros demasiado a sério. O seu primeiro marido foi aquele que considero um dos homens mais bem parecidos (de sempre!) de Hollywood, o Tarzan Lex Barker:
Faziam um casal belíssimo, mas Arlene, que andava entretida a namoriscar Jack Kennedy e Robert Hutton e a divertir-se como nunca, só casou com ele por recomendação da amiga Joan Fontaine, que lhe disse “este homem está apaixonadíssimo por ti – devias parar de o entreter”. O conselho não se provou muito feliz, porque a união durou pouco “ele era o homem mais bonito que alguma vez vi e um ser humano maravilhoso, mas não tínhamos nada em comum”. Mal feito, digo eu! Porque depois levou décadas a acertar, prova provada de que não há amor (marido, neste caso) como o primeiro.
De qualquer modo, concorde-se ou não com o modus operandi da actriz, a verdade é que ao contrário de muitas colegas suas ela sempre soube lidar com o sexo oposto, levou a sua vida adiante sem dramas mantendo a reputação de uma senhora (pelos padrões de Hollywood, vá) e sabia um par de coisas sobre relacionamentos:
Take each other for better or worse, but not for granted.
Há dias deparei-me com um livro dela, escrito nos anos 60 (disponível na Amazon) com conselhos de personal styling e relacionamento: Pergunte sempre a um Cavalheiro: chaves para a Feminilidade. Parece que o manual ainda é um tesouro vintage para muitas jovens americanas, que o herdaram das estantes das avós.
Bom, este é o tipo de obra que deixa as feministas de carteirinha à beira de um ataque (não vale a pena ligar a isso: elas têm fanicos por tudo e por nada, mesmo) porque, bem…Arlene perguntou aos colegas de Hollywood e a celebridades do jet set internacional (do verdadeiro, mind you) o que é que realmente lhes agradava numa mulher, e juntou os seus próprios conselhos. O resultado é muito curioso e se há uma ideia por outra que faz menos sentido nos dias que correm, a maior parte – evitar a ostentação e os sapatos de plástico, por exemplo – é intemporal.
Como tantas mulheres inteligentes ao longo da História, Arlene defendia que a chave para o poder feminino não está em querer ser igual aos homens nem na canseira de tentar derrubar um status quo que existe desde a noite dos tempos, mas em usar a feminilidade, a subtileza e a diferença a seu favor. A velha fórmula que agora não cai lá muito bem dizer em voz alta para não ser acusada de bota-de-elástico, vulgo deixá- los achar que este é um mundo de homens porque eles não fazem nada sem nós, mesmo ou seja, na cooperação entre os sexos (ou batê-los amigavelmente no próprio jogo, se preferirem).
Dicas do género “todas as mulheres têm uma audiência para a sua feminilidade, e não convém desprezá-la; convém estar sempre no seu melhor, pois nunca se sabe quem está a ver”, evitar “uma voz estrídula”ou coisas irritantes como “falar à bebé” e conselhos como este, do Xá do Irão (sic) ” a aparência de uma mulher reflecte a posição do homem que está ao seu lado e quanto mais elegante ela é, maior o elogio que ele recebe”fazem sempre falta, eu acho