Encontrar o amor é um milagre? Ou nunca foi? Ou sempre foi?
Neste livro existem duas mulheres que acreditam no amor: uma encontra e a outra não. Ou melhor, ainda não. Mas vai encontrar, porque sabe o que quer e é quando uma pessoa sabe o que quer que se torna mais fácil fazer escolhas e deixar relações tóxicas ou sem futuro para trás. Não sei bem se existe o homem certo, talvez hoje em dia acredite mais que existe a relação certa e isso também tem a ver com o timing. Podemos ter várias relações durante a vida que foram todas certas… até ao dia. Eu acreditava que aos 30 os homens estabilizavam, mas hoje acho que nem sempre conseguem: nem os homens, nem as mulheres. E depois há uma segunda volta: segundos casamentos, segundas uniões de facto. No tempo do ‘Sei Lá’ éramos mais ingénuos, agora é tudo tão rápido e exposto que não há grande margem para fantasias.
Por que é que nos seus livros é tão difícil que homens e mulheres se façam felizes? Diz que ‘estamos num país de pequenos ditadores e de machões de trazer por casa’. Também tem a ver com isso?
A felicidade construída no dia a dia é mesmo uma tarefa difícil, e nem todas as pessoas têm essa vocação. Há pessoas que são mais felizes sozinhas. Há um parágrafo do livro em que o Henrique, o protagonista, bi-divorciado, reflete sobre a necessidade que os homens têm de se sentirem autónomos na sua solidão: é uma coisa muito masculina. E há homens que dão pouco espaço e ainda menos tempo às mulheres, mesmo que gostem delas. Mas também há outros, mais dedicados, menos egoístas. Cada vez faço menos generalizações, porque a maior riqueza da condição humana é a diversidade.
O romantismo está fora de moda?
Vivemos num equívoco terrível, porque pensamos que está, e ele existe na nossa cabeça, nos nossos desejos, no mundo virtual que alimentamos todos os dias, mas depois quase nunca se aplica no dia a dia. Isto tem a ver com a questão da falsa partilha: pensamos que ao mostrar a nossa vida estamos a partilhar, mas estamos só a mostrar.
O que devo procurar num homem se quiser ser feliz no amor?
Diga a quem ama o que quer, em vez de lhe dizer o que acha que ele devia fazer. Trate-o com carinho e amor, mas dê-lhe espaço. Tenha poucas conversas sérias, e quando as tiver, que sejam curtas, porque os homens desligam ao fim de cinco minutos. Não minta e não deixe que lhe mintam. Não se ponha a jeito para se encaixar na vida dele, tem de haver esforço dos dois lados. E confie. Se ele se portar mal, dê-lhe com a porta na cara. A confiança é como a virgindade, só se perde uma vez.
‘No amor e na guerra a história repete-se’: ainda acredita no amor com final feliz?
Claro que sim. O amor nunca acaba. Conheço casais que se reconciliaram ao fim de anos de separação. Se acaba, é porque não era amor, era outra coisa.