– – Quando e como surgiu este interesse pelo baralho cigano, ou pelo esoterismo?
Foi principalmente na minha adolescência que comecei a sentir uma atracão e comecei a procurar saber mais e perceber as cartas com a cartomancia tradicional, depois passei para o tarot… O baralho cigano mesmo foi há cerca de 5 anos, porque senti uma necessidade de mudar de baralho e andei a pesquisar e deparei-me com este, que, para além de ser lindíssimo, é bastante interessante e fácil, porque as imagens são muito apelativas e são fáceis de interpretar.
– E em relação a este interesse, a sua família e os amigos mais próximos já conheciam este seu lado, ou alguns ficaram surpreendidos com este livro?
Os familiares, naturalmente que sabem, porque isso é importante. Mas claro que há uns que são um pouco cépticos e há outros que até apoiam bastante. Relativamente às pessoas no geral, são poucas as pessoas, pelo menos do meu local de trabalho na escola, que sabem porque, às vezes, não estão tão abertas a estas questões e depois podem pensar ‘então mas ela é professora e depois faz aquilo’. Às vezes pode haver um pouco de crítica, embora não seja por mal, mas acontece e, por isso mesmo, há muitas pessoas que não sabem e que estão surpreendidas, porque sinto que não tinha de contar a todas as pessoas. Quando são mais receptivas posso falar sobre isto.,. Quando não são prefiro respeitá-los e não falar.
– E em relação aos seus alunos, sabem? Qual é a reacção deles?
Os meus alunos, tendo em conta que eu dou aulas ao secundário, geralmente sabem… E às vezes até pedem para ver alguma coisa, mas depois acabam por dizer que têm medo e desistem da ideia, porque têm medo que eu diga coisas terríveis. Mas com os alunos já tenho outro à vontade e até acham engraçado e aceitam. Por isso é diferente Porque os alunos ainda não têm uma ideia formada por estas áreas, mas interessam-se por saber e não criticam. Enquanto os adultos já criticam e podem fazer comentários um pouco maldosos, e daí o tal cuidado que tenho com as pessoas que estão à minha volta.
– Considera que este interesse é mais um hobby ou é uma segunda profissão, tendo em conta que também dá consultas?
Neste momento é mais um hobby, uma vez que continuo a dar aulas. Mas pretendo fazer disto a minha profissão principal porque dá-me muita satisfação poder ajudar as pessoas. Não quero dizer que com o ensino também não seja gratificante mas é diferente, com as cartas é ajudar as pessoas que precisam de algum conselho e mesmo daquele ‘empurrãozinho’, para terem mais confiança e auto-estima, para ganharem uma direcção. Quando, não sei, mas pretendo certamente tornar esta paixão na minha profissão principal no futuro.
– Este é o seu primeiro livro, o que a levou a escrevê-lo?
Gosto muito de escrever, escrevo vários géneros e sobre vários assuntos. Em relação a esta decisão de escrever um livro aconteceu de forma natural. Quando comecei a pesquisar sobre o baralho cigano, tive muitas dificuldades em encontrar material e os livros que tenho sobre este assunto foram pessoas que me trouxeram do Brasil, porque este país é muito apaixonado pelo baralho cigano. Depois claro que há muita informação disponível na Internet, em imensos sites e blogues… Mas senti alguma dificuldade porque mesmo assim parecia que não tinha a informação suficiente e então comecei a estudar melhor, tirei um curso com uma professora brasileira e comecei a fazer um guia para mim sobre o baralho cigano. Foi de facto quando comecei a condensar os dados todos que tinha recolhido que dei por mim a pensar ‘Porque não? Porque não partilhar o conhecimento que adquiri com outras pessoas?’ porque de certeza que há mais pessoas que estão a ter as mesmas dificuldades que eu tive em encontrar informação sobre este tema. E daí a ideia de pôr o meu conhecimento à disposição das pessoas, através deste livro.
– O que podemos esperar deste livro?
Uma viagem emocionante pelo baralho. O baralho é uma descoberta de nós próprios, do nosso caminho, do nosso dia-a-dia e da nossa própria vida em geral. É uma aventura, porque o baralho é muito interessante de conhecer.
Para além disso é pratico porque as pessoas podem usar o baralho simplesmente para mensagens diárias. Para quando estão preocupadas ou ansiosas podem simplesmente tirar uma carta do baralho, não propriamente para desvendar o futuro, mas para ter uma orientação/mensagem para cada dia.
– Durante o livro refere que se praticarmos a leitura e a nossa intuição iremos conseguir ajudar pessoas. Desta forma, se treinarmos estes aspectos conseguiremos um dia interpretar as cartas como a Patrícia?
Sim, sem dúvida! Porque quando também comecei com o baralho não tinha conhecimento sobre o mesmo, mesmo tendo alguma prática com outras cartas, este baralho é diferente e por isso o sucesso é mesmo só o resultado de estudar e praticar e ir experimentando com pessoas amigas, para depois recebermos o seu feedback. Todas as pessoas conseguem, todas as pessoas têm intuição, temos é de a aperfeiçoar e de ter confiança em nós. Não temos de duvidar nem de ter medo, temos é de tentar e seguir o nosso primeiro instinto quando recebemos a mensagem de uma carta.
– Acha que podemos usar este baralho para tomar decisões importantes na nossa vida?
Sim, devemos usar principalmente o baralho para orientações/conselhos, para vermos o que é que temos de mudar, porque o presente é que importa e o futuro é o resultado do nosso presente. Claro que podemos fazer previsões para o futuro, mas é o nosso presente que nos vai conduzir ao futuro e desta forma podemos receber orientações. Para mim, o baralho é mesmo para isso: para orientar as pessoas, porque muitas vezes as pessoas até já sabem ou suspeitam sobre qual a resposta certa para determinada situação, mas através das cartas têm uma chamada de atenção, tomam consciência e depois acabam por ficar com um pensamento mais claro. E se as coisas estão complicadas, tem de confiar e ir por outro caminho e ver qual é o conselho das cartas, porque são muito orientadoras.
– Quais as perguntas que nunca devemos fazer numa leitura das cartas, aquelas que a própria Patrícia se recusa a responder?
É sobre a morte. Há pessoas que querem saber se algum familiar vai morrer ou quando é que elas próprias vão morrer. E a morte, embora possa ter indicações nas cartas de que pode estar próxima, nós não a podemos prever mesmo porque as cartas podem ser apenas um sinal de que a pessoa não está a ter cuidado consigo própria naquele momento em termos físicos, de saúde.
Para além da morte, também há a questão da traição amorosa… Devemos ter muita atenção também com esta questão porque se a pessoa já sabe, tudo bem, vamos trabalhar nesse sentido. Agora se a pessoa só pergunta ‘Veja lá se estou a ser traída’ isso é uma questão que não deve ser colocada porque a pessoa é que tem de saber, não é ir às cartas confirmar algo que a própria pessoa precisa de descobrir, porque são questões muito complicadas. Mesmo para nós que estamos ali a deitar as cartas é muito complicado.
– Quais as perguntas que nos podem dar respostas claras?
Todas as outras perguntas, sem ser sobre a morte e a traição, relacionadas com o campo profissional, financeiro, sobre viagens ou sobre o campo amoroso que é muito referido, são questões que tenho todo o gosto de desenvolver e que nos podem dar indicações claras. De forma geral posso responder a perguntas sobre todos os campos da vida de uma pessoa mas há que ter cuidado porque sou apenas uma orientadora que dá conselhos, depois cada pessoa tem o seu livre arbítrio para os seguir ou não.
Nas questões sobre a saúde, também tenho de ter uma atenção maior nas indicações que dou, porque não sou licenciada em medicina e não posso receitar nada, posso apenas orientar a pessoa para ter atenção se as cartas me indicarem que a saúde poderá não estar boa e aconselho sempre a consultar um médico, mas respondo a estas questões e analiso as situações.
– Qual a pergunta mais difícil que já lhe colocaram durante uma consulta?
Muitas vezes perguntam-se coisas sobre outras pessoas e como não considero ético torna-se difícil de responder… Mas se calhar a mais difícil é quando me perguntam ‘Qual é a minha missão na vida?’… É essa é mesmo a mais difícil! Porque não há uma missão, nós na vida temos várias missões e ao longo do tempo é que vamos construindo a nossa missão principal diariamente e até pode ir mudando ao logo dos anos, porque podemos não nos identificar com a nossa missão de há 10 anos atrás… E isso é muito difícil… Eu até posso dar alguns conselhos mas as pessoas nunca ficam completamente satisfeitas porque são as próprias que têm de encontrar a sua verdadeira missão, não sou eu… Posso dar indicações, mas a pessoa é que tem de a encontrar. Por isso, esta de facto é uma pergunta muito difícil!
– No livro, refere-nos que com o baralho cigano e uma boa interpretação das cartas conseguimos mudar o futuro. Acha mesmo que isso é possível?
Sim. Porque nós estamos no presente e este é que controla o futuro. Desta forma, ao recorrermos às cartas e se verificarmos algumas mensagens mais negativas, sabendo que precisamos de trabalhar determinado campo podemos alterar o nosso caminho e mudar o futuro. Porque o futuro é mesmo o resultado do nosso presente, como já referi. E eu costumo mesmo dizer às pessoas, que nós estamos aqui e é como se houvesse vários caminhos possíveis e o nosso futuro vai depender muito do caminho que escolhemos hoje. E, por isso, as cartas podem chamar à atenção para estarmos atentas, para mudarmos, mas claro que depois as pessoas é que decidem e vão ter sempre a consequência do seu acto no resultado final.
– Se pudesse descrever o livro numa frase, qual seria?
O meu livro é para todos aqueles que querem desvendar um pouco sobre a sua vida, porque ajuda-nos a conhecer a nós próprios.
– Para além do livro, tem um blog. O que podemos lá encontrar?
Podem encontrar muita informação sobre as cartas, outros métodos que não aparecem no livro, algumas reflexões não propriamente sobre o baralho cigano mas sobre tudo o que acredito e defendo. É um complemento do livro, por isso se se identificarem com ele depois podem aprender outras técnicas, ficar a saber outras dicas, para continuarem a desvendar este baralho.