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Para melhor percebermos a relação entre a música e o Alzheimer, a ACTIVA falou, aquando da estreia do filme, com Ana Esperança, Presidente da Associação Portuguesa de Musicoterapia.

A música serve de prevenção para o Alzheimer?

Como fator preventivo não propriamente, mas como fator que ajuda a atrasar a evolução da doença e a manter competências sim, sem dúvida. Isto porque a música é vista do ponto de vista holístico, ou seja, consegue chegar à dimensão humana na sua totalidade, desde a dimensão cognitiva, à espiritual, motora, social, emocional. A música tem um efeito holístico no ser humano e a partir daí há uma ativação neuronal que depois faz a diferença.

O Alzheimer não tem cura, mas falou-me de atrasar o avanço da doença…

A música, associada aos fármacos, para atrasar a evolução da doença, será sempre uma mais-valia.

Como acha que o público vai receber o facto deste filme ser sobre a música e o Alzheimer?

Acho que vai receber muito bem, é um filme que nos passa a mensagem de que esta ligação à musicoterapia faz muito sentido. A personagem do filme tem efetivamente Alzheimer e o facto de estar em contacto com a música ativa-a e fá-la estar mais desperta para o ‘aqui’ e para o ‘agora’. Depois de cantar, [a personagem] volta para a apatia que a caracteriza já nesta fase. A ideia que dá é que a música atrasou, de certa forma, a evolução da doença, uma vez que no filme a personagem já tem Alzheimer há dez anos, e ainda tem momentos de lucidez curtos associados à música.

A sociedade portuguesa está educada para o Alzheimer e para as formas de prevenir ou atrasar a evolução da doença?

O Alzheimer é cada vez mais uma doença aceite e cada vez mais as pessoas têm conhecimento do que é o Alzheimer. E com a esperança média de vida a aumentar, de certa forma, aumentam também os casos. No entanto, ainda há muito trabalho para fazer, não só no conhecimento do que é o Alzheimer em si, mas também porque os cuidadores precisam de apoio e nesse aspeto, a Associação Alzheimer Portugal tem feito um excelente trabalho. O importante aqui é percebermos que as pessoas não estão sozinhas, seja o doente, seja o cuidador, e que há efetivamente intervenções terapêuticas que, para além da medicação, podem ajudar (se falarmos aqui, por exemplo, que de um cuidador que, por excesso de trabalho ou em termos emocionais pode ficar em baixo, a musicoterapia faz sentido).

Portanto, acha que o estigma da doença está a diminuir?

Aos poucos vamos aceitando que realmente é uma doença, é uma realidade. A partir do momento em que começamos a fazer coisas para lutar ou a saber lutar para lidar melhor com a doença, é sinal de que o estigma está a diminuir.

Em Portugal a utilização da musicoterapia como terapia válida está a crescer?

Sim, sim. Já existem instituições e lares à procura de musicoterapeutas para fazer intervenções com idosos. Cada vez mais, quando um idoso perde a capacidade verbal, não faz tanto sentido uma intervenção em psicologia. A musicoterapia trabalha a parte emocional e ativa o doente do ponto de vista motor, promove a interação social… Há certas atividades que o idoso começa a deixar de fazer, não propriamente porque perdeu a competência, mas porque cada vez faz menos coisas e a musicoterapia resgata o que o idoso ainda não perdeu, mas que já não faz. E isso faz todo o sentido na vida do doente: ainda não perdeu a capacidade, mas deixa de fazer [algo] porque foi institucionalizado, porque entretanto já cozinham por ele, e a musicoterapia ativa, resgata… Costumo chamar o “resgate da essência”, que é quando o idoso se encontra encerrado naquele corpo e já ninguém lhe permite muito bem ser nem existir, porque as relações sociais diminuíram, a atividade diminuiu, foi tirado de casa, já não trabalha… O idoso encerra, encerra-se em si próprio e, às vezes, parece pior do que realmente está efetivamente, porque o seu Eu está fechado. É um encerramento do ‘Eu’. A musicoterapia faz isto, o “resgate da essência”: vai buscar a pessoa que o doente é, trá-lo cá para fora e o ser na sua totalidade – alma e corpo – começa a existir na sua plenitude.”

Qual é a formação que existe em Portugal em musicoterapia?

Em Portugal só existe o Mestrado na Universidade Lusíada de Lisboa. Ainda não temos a musicoterapia profissionalizada, não temos um enquadramento legal. Neste momento, a Associação Portuguesa de Musicoterapia está a trabalhar e a lutar por isso. Inclusivamente temos uma petição dirigida à Assembleia da República, e precisamos de 4 mil assinaturas. A musicoterapia não é só a junção da disciplina Música com a disciplina Psicologia, é uma disciplina única que tem talvez 25% de música, 25% de psicologia, mas 50% de musicoterapia e daquilo que é a musicoterapia em termos de disciplina.

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