A seca extrema que assolou Portugal no ano de 2017 foi o ponto de partida para um projeto que visa sensibilizar o público para as graves questões ambientais que se vivem na atualidade.
Na Quinta do Pisão, em Cascais, que por si só é um caso de estudo em matéria de conservação da natureza, biodiversidade e desenvolvimento de turismo responsável, podemos encontrar um eucalipto-azul-da-tasmânia que secou e morreu devido à falta de água. Contudo, esta árvore de 15 metros ganhou uma nova vida pelas mãos do artista ambiental inglês Stuart Ian Frost, que aceitou o desafio de transformá-la em arte lançado por Sofia Barros, diretora artística da iniciativa, e pela Cascais Ambiente.
Nasceu assim a escultura ‘Rise and Fall’, depois de três semanas de trabalho intensoem que, numa primeira fase, a árvore foi despida da sua casca e a superfície tornada uniforme com uma lixadeira. De seguida, foram assinaladas gotas com marcações em toda a estrutura e, por fim esculpidas à mão as centenas de pequenos buracos no tronco e galhos. “Se nos posicionarmos ao lado do tronco e olharmos para cima, parecem lágrimas. A árvore deita lágrimas pelo que está a acontecer no planeta,” explica-nos Sofia, acrescentando que escolheu Stuart exatamente pelo percurso do britânico ligado ao “trabalho em zonas onde a Pegada Humana se faz sentir.”
A instalação de arte é uma aposta ganha e reflete a resiliência e capacidade de regeneração da natureza, visto que já há lá pássaros a fazer ninho, que estão a ser monitorizados por biólogos.
Pedro Barros
Rise and Fall não é a única atração da Quinta do Pisão. Longe disso. O espaço, uma propriedade do Estado que estava completamente abandonada até 2008 e que foi recuperada e aberta ao público de forma gratuita pela Cascais Ambiente, oferece inúmeras atividades para toda a família. Os visitantes podem andar de burro e cavalo, participar em workshops temáticos, fazer percursos guiados por especialistas para identificação da flora, observação de aves ou passeios interpretativos. Além disso, têm a possibilidade estar em comunhão com a natureza ao colher vegetais, legumes e ervas aromáticas diretamente na Horta Biológica e, posteriormente, de comprá-los. A venda dos produtos agrícolas reverte a favor dos trabalhos de gestão ambiental que são continuamente realizados na quinta.