Chegámos ao Ararate, no número 70 da Avenida Conde Valbom, sem saber o que esperar. Afinal de contas, trata-se do primeiro restaurante em Portugal que nos traz os sabores da Arménia.
Depois de passar pelas grandes portas de entrada, todas em madeira e com símbolos referentes àquele país, levamos algum tempo a apreciar a decoração: o mobiliário é rústico e acolhedor, e nas paredes há vários apontamentos, entre quadros, ilustrações e tapeçarias, que dão um gostinho da identidade cultural arménia. Contudo, nada o faz como a comida.
“É uma cozinha muito antiga. Milenar. A história fala por sim: são povos com tradições fortes e firmes,” explica Paulo Marques, gerente com mais de 25 anos de experiência no ramo. “Existem três grandes influências no modo de preparar a comida: mediterrânica, que se aproxima muito da nossa, asiática e turca.”
Traduzido por miúdos, a gastronomia local resulta de uma fusão de heranças: do Oriente adoptou os temperos exóticos; da Ásia Central ficou a conhecer o grão; dos Turcos aprendeu a técnica de grelhar carne em carvão e introduziu o kebab na sua alimentação; já a Europa contribuiu com os legumes e verduras.
Um dos pratos principais é a espetada, ou Khorovats, de carne, peixe ou legumes grelhados no carvão (11,5 – 17€). Parece simples, mas as dificuldades começaram logo quando se procurou o grelhador típico do país: muito raso, a grelha quase toca o carvão, cujas cinzas dão um intenso sabor fumado aos alimentos. O grelhador do Ararate veio de fora, de um fornecedor espanhol que o desenhou propositadamente e a rigor, e pesa duas toneladas.
Entre os pratos de destaque, que tivemos a oportunidade de experimentar, estão também a Tábua de enchidos tradicionais (15€) com lascas de peito de pato, língua de vitela, basturma e sudjuk; Dolmá (14€), prato de vitelão enrolado em folhas de videira; Tabulé (5€), salada de bulgur com tomate picado e salsa, servida em folhas de alface; Khachapuri Barco (7,5€), pastel tradicional do Cáucaso recheado com queijo, gema de ovo e queijo; e Putuk (16€), ensopado de cordeiro com grão de bico, batata, cebola e tomate servido em tacho de barro, coberto com crosta de pão.
As sobremesas também são deliciosas. Há gelados artesanais (bola – 2,5€ e trilogia – 7,5€) e tarte de merengue (4€), entre outros doces de comer e chorar por mais. Destaque para o Pastel Pakhlava (5€), um pastel elaborado com uma pasta de nozes trituradas com cravinhos e canela, envolvida em massa filó e banhada em xarope.
No Ararte, que deve o seu nome à montanha bíblica onde atracou a Arca de Noé, recriam-se pratos tradicionais da Arménia, genuínos no paladar e na confecção.
Bom apetite! Bári akhorjak!