Nove jovens do Reino Unido, todos solteiros, atraentes e na casa dos 20, rumaram a Barcelona para encontrar o amor – não uns com os outros. Ah, e todos são bissexuais.
Este é o ponto de partida para The Bi Life, a nova aposta do canal E!, que em Portugal estreia nesta sexta-feira, 4 de janeiro, às 21h00. Não há prémios, nem jogos. O objetivo é que os participantes explorarem quem são e se apoiem na jornada de encontrarem alguém com quem ‘façam click’.
Trata-se do primeiro dating show inglês focado em pessoas que não se identificam como heterossexuais e é um marco no que à representatividade diz respeito, consciencializando o público para uma ‘área cinzenta’ que é pouco falada, mas que representa a maior porção da comunidade LGBTQ+.
Este grupo ‘normaliza’ e valida a atração de pessoas por pessoas, sem justificações. E é uma lufada de ar fresco, especialmente numa altura em que a sexualidade é, cada vez mais, livre de rótulos.
A ACTIVA viajou até Londres para conhecer os protagonistas deste programa apresentado por Courtney Act, que quebra barreiras – em mais que um sentido.
os participantes
(e o que os levou a aceitar entrar nesta aventura)
A mestre de cerimónias
Com uma carreira intrinsecamente ligada aos reality shows, Courtney Act, o alter-ego do entertainer australiano Shane Jenek, irá conduzir The Bi Life.
Depois ficar em segundo lugar na sexta temporada de RuPaul’s Drag Race, uma competição que procura próxima superestrela no mundo das drag queens, e de vencer a edição de 2018 de Celebrity Big Brother, no Reino Unido, entre muitos outros projetos no pequeno e grande ecrãs, dá agora o salto para apresentação.
Completamente caracterizada, vestida de cor de rosa e com uns sapatos de saltos vertiginosos, esclareceu todas as nossas curiosidades.
Este é o primeiro programa de encontros bissexuais do Reino Unido. Como é que recebeu o convite para ser a apresentadora?
Fiquei muito entusiasmada. Acho que é um assunto importante, mas mais importante ainda é que seja tratado da maneira certa e esta é uma característica que nem sempre descreve a reality TV.
Este é um programa que mostra os bissexuais de uma forma positiva, não é lascivo, e foca-se em pessoas a namorar com outras. Já vi o primeiro episódio e é maravilhoso! Tenho muito orgulho de estar envolvida neste projeto e quero muito que as pessoas o vejam.
O que podemos esperar da Courtney enquanto apresentadora?
Não um papel tradicional. Sou amiga de todos eles. Arranjo-lhes encontros, falamos sobre correm e como se sentem. E divertimo-nos. Tive uma experiência semelhante à deles mas sem os encontros amorosos, o que foi uma desilusão [risos].
Tem experiência com reality shows. Qual é a maior diferença entre ser participante e apresentador?
Acho que há muito menos preocupações quando apresentamos porque, na reality TV, a edição é algo infame e as pessoas nem sempre concordam que aquilo que foi transmitido é um retrato fiel da sua experiência. Enquanto anfitriã, sei que não vou ser uma vilã ou uma cabra. Mas, de qualquer forma, este nem sequer é esse tipo de programa. Além disso, tenho alguém para cuidar do meu cabelo e certificar-se de que estou sempre gira, o que é bom [risos].
Já fazia falta um programa como este?
Não há melhor altura que o presente. Um inquérito recente revelou que 54% das pessoas se identificam como não sendo exclusivamente heterossexuais e pensam na sexualidade como um espectro. É algo natural. As pessoas sentem-se atraídas por pessoas e quanto mais normalizarmos isso, mais confortáveis elas se irão sentir.
Penso que um programa como este vai quebrar muitos estigmas e estereótipos sobre identidade ao mostra, por exemplo, o Ryan, que é um tipo masculino, a ter encontros com homens e mulheres. Isso vai mexer com as ideias preconcebidas das pessoas de uma forma positiva.
Quais são as maiores ideias erradas sobre a bissexualidade?
Provavelmente que significa uma atração igual por homens e mulheres. Por exemplo, a Mariella diz que tem uma maior probabilidade de ter uma relações com mulheres, mas ainda se sente atraída sexualmente por homens. Já o Ryan, sente-se atraído romanticamente por homens e sexualmente por mulheres. Cada um tem a sua versão diferente da sua sexualidade e é importante mostrar que e masculinidade ou feminilidade de alguém não tem nada a ver com as pessoas por quem se sentem atraído.
O que é que esta experiência lhe ensinou?
Aprendi a sentir-me mais confortável com a minha atração por géneros diferentes. Eu vivo num mundo muito gay, e os homossexuais compreendem a bissexualidade tão bem quanto os heterossexuais, portanto estar neste ambiente de abertura e honestidade foi muito porreiro.
Para terminar, o que gostaria que as pessoas aprendessem com The Bi Life?
Gostava que aprendessem que este grupo de pessoas, com o qual podiam não se identificar inicialmente, afinal, é muito mais próximo delas do que aquilo que pensavam.