A sensação é de estar a vencer uma corrida, a poucos metros da linha de chegada, quando toda a prova é cancelada.
Na quarta-feira, dia 11 de março, a Organização Mundial de Saúde declarou pandemia pelo novo coronavírus e a redação da Activa.pt foi recomendada a trabalhar a partir de casa. Na minha cabeça tudo isto ia passar rapidamente e, só de pensar em ter de adiar a data que tanto sonhei, os meus olhos enchiam-se de lágrimas. Afinal, por que motivo todas as noivas têm o direito de planear um casamento e ver esse dia acontecer exatamente como sonharam, menos eu? Ao longo de toda a quinta-feira seguinte, a minha cabeça alternava de um cenário imaginário em que uma cura milagrosa apareceria, para uma festa em que todos estivessem a usar máscaras e luvas. Na sexta-feira todo esse egoísmo começou a sair de dentro mim. Acordei decidida: temos de adiar o casamento.
Frustração é a palavra. Há menos de uma semana tínhamos reservado o último hotel da nossa lua-de-mel (que também teve de ser adiada) e agora não sei mais quando vou casar-me. Dramas à parte, eu e o meu noivo marcámos uma reunião com a nossa wedding planner porque um de nós os dois é racional (e não direi quem) e sabe que precisamos de agir. E aqui deixo uma dica para quem ainda não se casou: se vai fazer uma festa para mais de 100 pessoas, vale a pena contratar um wedding planner. Coisas imprevisíveis podem acontecer (eu que o diga) e este profissional vai ter a experiência necessária para não permitir que os noivos tenham um verdadeiro ataque de pânico.
Plano de ataque
Depois de ter interiorizado o adiamento, o primeiro passo foi conversar com a nossa wedding planner. Com ela, definimos aqueles serviços que eram essenciais para nós – e que foram os primeiros que contratámos, há um ano: o local onde o casamento vai acontecer, a empresa responsável pela decoração e a fotógrafa que já conhecemos e por quem temos um carinho especial. Cruzar datas disponíveis com os três, considerando o número de eventos que estão a ser adiados nesta situação, foi quase impossível, mas sobrou-nos uma data. Yes!
A data
Quem também está a preparar um casamento sabe bem que a data é uma das primeiras coisas que definimos. Pode ser no dia do aniversário de namoro, ou num mês que não seja nem quente nem frio, em que o buffet é mais barato, que toda a família que mora longe esteja de férias e possa estar junta para celebrar. Não sei, mas tem alguma coisa sobre a data que, até agora está a ser o mais difícil de aceitar. A “minha” data já não é mais a minha data.
Ainda estou a trabalhar uma forma de tirar toda esta negatividade da minha cabeça, mas confesso que está a ser difícil de assimilar. A minha mãe diz que, depois que a minha “ex-data” passar, vou começar a “criar laços” de novo com o meu casamento. Então estou a tentar ver os lados bons… Vai ser depois do verão o que me permite ficar com a pele mais bronzeada, tenho mais tempo para terminar a minha dissertação de mestrado sem pensar a cada segundo nas frases dos meus votos e ainda posso encomendar aquelas coisinhas de última hora que parecia não ter tempo de conseguir devido aos meses de antecedência que são necessários!
Os convidados
Depois de definir uma nova data e acertar as mudanças com os diferentes fornecedores, os próximos a serem avisados, e com a máxima antecedência possível, são os convidados. Decidimos preparar um texto a explicar os motivos do adiamento (que a esta altura já não precisam de tanta explicação) e já informar que temos uma nova data. Também vamos ajustar a data no site que criámos para os convidados confirmarem presença e verem a lista de presentes. Familiares mais velhos vão receber a informação através de uma chamada telefónica, os outros convidados serão informados via Whatsapp. Fazemos questão de confirmar que todas as pessoas que foram convidadas recebam e leiam as mensagens, pedindo sempre uma resposta breve.
Sobre o meu projeto noiva: vai continuar, mas com calma. Já não faz sentido ter pressa, apesar de continuar focada em ter uma vida mais saudável. Depois desta semana o meu mundo ficou de pernas para o ar, a sensação mudou. Agora, é como se a poucos metros da linha de chegada, a minha corrida de 100 m tenha sido transformada numa maratona. Sei que preciso desacelerar para chegar até o final, mas continuo motivada. O caminho só ficou um pouco mais longo.