Eis a questão que todos gostaríamos de ver respondida: estar em quarentena com a cara metade tem de ser sinónimo de maior frequência de relações sexuais? Ora, como poderá imaginar, a resposta a esta questão é bastante pessoal. O que não significa que não haja um padrão.
A Vice Austrália decidiu falar com alguns casais e perceber se o tempo passado em casa os tem afetado de formas diferentes, se sentem mais (ou menos) desejo pelo outro e se as relações sexuais se alteraram, de alguma forma. Dois deles foram bastante explícitos a mostrar que não poderiam estar mais satisfeitos:
Letti, 24 anos, e Colby, 22
“Estamos definitivamente a ter mais sexo. Acho que é por não estarmos tão desgastados com o trabalho. Também creio que a completa falta de compromissos sociais nos faz passar mais tempo a relaxar na cama, o que é um convite para a diversão. O sexo que temos tido é mais íntimo e mais intenso também, o que é ótimo para qualquer relação“, afirma Letti.
“Quando o isolamento começou, estávamos a ter relações duas vezes por dia. Agora, diminuímos para dia sim, dia não, o que é mais frequente do que o nosso normal. Tem tido um efeito muito positivo na nossa intimidade porque temos respondido muito bem às necessidades um do outro durante a crise“, acrescenta Colby.
Michelle 29, Lazlo 46
“Definitivamente, temos tido mais tempo para os tão necessários ‘pequenos-almoços na cama’ e ‘siestas’ da tarde. É bom que a intimidade esteja a acontecer de forma mais natural e orgânica, quando apetece a ambos e a qualquer altura do dia“, refere Lazlo.
“Diria que estamos a ter melhor sexo, com mais liberdade e uma energia natural. Antes, estávamos demasiado ocupados para experimentar coisas novas. Mas agora descobrimos um novo significado para essa expressão“, diz Michelle.
Mas nem sempre é este o cenário.
Afinal, quão comum é o aumento da frequência das relações sexuais nesta altura?
Ora, em primeiro lugar, a resposta a esta questão depende dos hábitos pessoais de cada um, de questões como o número de filhos, a exigência do trabalho – mesmo em casa -, ou até a fase que o casal atravessa. E uma pesquisa recente explicou, de forma clara, o fenómeno do aumento da excitação e desejo durante a quarentena – bem como o da diminuição deste.
“Verifica-se uma maior percentagem de pessoas que dizem masturbar-se mais agora, bem como ter mais sexo. Mas também há uma maior percentagem de pessoas que dizem não estar a ter qualquer comportamento sexual. E o aumento, neste último caso, é muito maior“, explica à Vox o investigador Justin Lehmiller, do Kinsey Institute, onde atualmente se conduz um estudo que procura perceber como a pandemia está a afetar as relações sexuais.
O especialista acrescenta ainda que isto sucede porque, quando enfrentamos a possibilidade da própria morte, temos tendência a mudar atitudes como forma de lidar com essa ameaça.
“Algo que estamos a ver nos dados é que as pessoas estão a incluir mais atividades sexuais online que, provavelmente, nunca tinham feito antes, como forma de realização sexual e também conexão com outras pessoas“, diz.
Por fim, Lehmiller explicou que as pessoas com maior tendência a verificar um aumento do desejo sexual são as que têm uma imagem corporal positiva, que se sentem bem no próprio corpo. Agora, resta-nos esperar pelo final do estudo para analisar os dados concretos e entender o modo como passar mais tempo com o parceiro afeta cada casal, a nível sexual.