Temos de encarar isto com sinceridade: mesmo quem adora a profissão que tem, acaba por ter dificuldades em ver as férias terminarem. É o fim dos dias mais descontraídos, em que o nosso foco está em algo mais leve, em que temos tempo para sair do ambiente em que normalmente estamos, quebrarmos mais facilmente a rotina, experimentar algo novo ou simplesmente aproveitar o dia sem ver as horas a passar.
É então que as férias terminam e a rotina fica de novo instalada. Responsabilidades, cumprir prazos, executar tarefas, conciliar profissão com vida pessoal, lidar com obstáculos… enfim, vocês sabem como é. E com isto, todo aquele espírito leve desaparece quase como num estalar de dedos. Há até mesmo quem sofra de depressão pós-férias, tal é a ansiedade que sente perante este choque.
Ora, foi com tudo isto em mente que eu decidi que este ano ia fazer algo diferente. Dias antes de as minhas férias terminarem, tracei um pequeno plano para tornar o regresso ao trabalho mais leve. Para começar, aproveitei os dois últimos dias de férias para tratar de assuntos pendentes e fazer uma última limpeza à casa. Desta forma, tirei de cima de mim o peso das responsabilidades de ter assuntos por tratar e proporcionei ao meu “eu futuro”, que já vai estar a trabalhar, um espaço arrumado e agradável para repousar quando o horário laboral terminar.
Chega então o dia do regresso. Tal como muitos portugueses, também voltei ao ativo a 1 de setembro. Logo de manhã comprei flores. Não sei quanto a vocês, mas adoro ter flores por perto. Como tal, olhar para elas ao longo do dia deixou-me mais animada. Foquei-me nas minhas tarefas, de modo a ir entrando no ritmo enquanto cumpria com o que tinha de fazer. Fui mais fiel às pausas táticas ao longo do dia, ao almoço tomei uma refeição saborosa e equilibrada e guardei um doce para o meio da tarde.
Terminado o dia, tinha um momento especial à minha espera. Tinha marcada na Royalty Clinic, em Lisboa, uma massagem relaxante. Uma ideia que tinha surgido dias antes e que soube maravilhosamente bem! Nas mãos da massoterapeuta Joana Varão deixei que os meus músculos relaxassem e que com isso a minha mente voltasse ao estado de leveza.
O ambiente tranquilo, proporcionado pela bonita decoração, baixa luminosidade e sons relaxantes, levou-me logo para um estado em que eu tornava-me o foco de mim própria, alheando-me das preocupações e tarefas que tinham começado a surgir ao longo do dia. Deitei-me na marquesa, fechei os olhos e procurei concentrar-me nos movimentos que a terapeuta executava nos meus músculos. Primeiro pés e pernas, depois braços e costas. A minha mente, sempre vigilante e tem dificuldade em acalmar, começou a acalmar.
Foi quase uma hora em que recebi cuidados que me fizeram sentir bem. Que me fizeram tranquilizar. No final da sessão, quando a terapeuta deixou a sala, comecei aos poucos a mover-me. Primeiro alonguei os pés, depois movimentei braços e pernas. Ainda deitada, alonguei todo o corpo, sentido a diferença nos músculos. Curioso como não nos apercebemos da tensão que vamos retendo, como só sabemos que a tínhamos quando alguém a tira.
Regressei a casa. Jantei, comei um doce (já deu para reparar que sou gulosa?), vi dois episódios de uma nova série e li algumas páginas do livro que estou atualmente a ler antes de ir dormir.
Sim, o relato que leram é muito focado no “eu”. Em tempo para mim e em cuidados comigo. Senti que devia faz~e-lo à parte do dia de regresso ao trabalho. Isto porque sinto que sou melhor pessoa para os outros e para o mundo que me rodeia quando estou bem comigo. E para o conseguir, preciso de ter estes momentos. Não os vejo como egoístas, mas sim como auto-cuidado. Todas nós merecemos tratar de nós próprias, termos um dia, uma tarde, uma hora ou até 10 minutos em que todo o nosso foco vai para nós. Ao fazer isto, sinto-me agora mais preparada para abraçar os desafios que aí vêm. Para ter maior capacidade de resolver os problemas que vão surgir de forma inevitável. Para ser melhor colega para quem comigo trabalha. Para ter uma melhor produtividade. E quando sentir isto começar a falhar, sei o que fazer: voltar-me para mim e cuidar de mim.