Oito anos volvidos desde a abertura do restaurante e quase dois desde a mudança para um novo espaço, na ala mais recente do hotel, o Sítio prepara-se para entrar numa nova fase, em que a gastronomia portuguesa é a grande protagonista, pelas mãos do chef Bruno Caetano Oliveira. Como chef executivo do restaurante Sítio, Bruno Caetano Oliveira prepara-se para dar asas à sua cozinha de assinatura: uma cozinha mediterrânica inspirada nas memórias, referências e tradições da gastronomia portuguesa, combinadas com sabores e aromas de outras paragens. Aliás, a inspiração não podia ser outra senão Portugal: Bruno cresceu e aprendeu a cozinhar com aquilo que a terra, o mar e as gentes locais tinham para oferecer, pelo que cedo aprendeu a importância da sazonalidade, dos produtores mais próximos, da sustentabilidade, do espírito criativo e, claro, da portugalidade.
Uma cozinha plena de sabor, caráter e significado
As cartas e os pratos são criados de acordo com as estações do ano e os ingredientes da época. Os produtores são eminentemente nacionais, sendo que Bruno conhece-os a todos pelo nome. E sempre que algum ingrediente novo entra na cozinha, a primeira coisa que pergunta à sua equipa é “quantas vidas vêem aqui?”. Que é como quem diz, que múltiplas utilizações conseguimos dar a esta abóbora, a este tomate ou a estes brócolos, para que os utilizemos na totalidade e nada se estrague? Bruno é fascinado por Portugal e pela enorme riqueza de ingredientes e técnicas que compõem o nosso património gastronómico, mas confessa que gosta particularmente de cozinhar peixe e marisco, “pela sua sensibilidade” – e rejubila sempre que recebe um carregamento de ostras da Ria Formosa, carabineiros de Sagres ou peixe fresco vindo diretamente da lota de Peniche. Não imagina a vida sem azeite, alho e cebola e é na alta cozinha que se sente como peixe na água. Mas apesar disso – ou talvez por isso mesmo – uma das coisas que mais gosta de cozinhar é arroz: porque, para além de ser um ingrediente com fortes raízes na cultura portuguesa, é extraordinariamente versátil. E o remete de imediato para os dias felizes da sua infância. É com estes valores que Bruno se prepara para dar aquele que se adivinha como o passo mais importante da sua carreira, ao trazer uma cozinha plena de sabor, caráter e significado ao seu Sítio no coração da cidade.
O chef Bruno Caetano Oliveira
Bruno Caetano Oliveira viveu uma infância feliz marcada por uma enorme liberdade que só mais tarde viria a reconhecer, com Lisboa na linha do horizonte e as praias da Costa como pano de fundo. “Foram os melhores anos da minha vida,” confessa. Foi neste cenário que o gosto pela gastronomia se começou a manifestar: ia à praia dar um mergulho e os pescadores ofereciam-lhe peixe. De caminho, passava pela casa dos vizinhos e estes ofereciam-lhe legumes das suas hortas. E quando chegava a casa, criava sempre uma nova receita com os produtos recolhidos nas suas aventuras.
Os conselhos e a inspiração vinham da mãe, de origem Angolana, mas que rapidamente se apaixonou pela comida portuguesa. E da madrinha, outra cozinheira exímia originária da zona de Aveiro. Aprendeu quase tudo com ambas e no oitavo ano comunicou a sua decisão de fazer da cozinha carreira, a qual foi acolhida com alguma resistência – mas que perseguiu sem hesitar. “Mãe, um dia vais ter orgulho no teu filho,” prometeu. Tirou o curso na Escola Profissional de Hotelaria e Turismo de Lisboa e foi eleito por um professor para trabalhar no então restaurante BBC. O primeiro grande teste surgiu menos de quatro meses mais tarde, quando o sous chef tirou férias e o nomeou seu substituto. Trabalhou sem parar mas correspondeu às expectativas e transformou-se no braço direito daquele que seria o seu primeiro mentor. Mas desde cedo que Bruno sonhava trabalhar em hotelaria, motivo pelo qual saiu para o antigo hotel Villa Rica, em Lisboa, e mais tarde para o grupo SANA. Seguiram-se o restaurante A Commenda, no CCB, e o restaurante da sede da Caixa Geral de Depósitos – sendo que foi por esta altura que decidiu que queria trabalhar para o segmento alto. Entretanto surge uma oportunidade de regressar ao país de origem da sua família – Angola – e abraçar um novo desafio como head chef no EPIC SANA Luanda. Quatro anos mais tarde, sentiu que a sua missão ali estava cumprida e regressou a Portugal, diretamente para o Hotel Casino Chaves, onde foi chef e se apaixonou pelas gentes do Norte, assim como pelos sabores da região. Seguiu-se a estreia numa cadeia internacional, nomeadamente na Marriott International, com o convite para integrar o Praia d’El Rey Marriott Golf & Beach Resort, em Óbidos no papel de sous chef executivo. Seguiu-se-lhe o Hotel Dona Filipa, em Vale de Lobo, onde foi chef executivo, mas eis que surge novamente o apelo de um grande nome internacional e Bruno junta-se ao Pine Cliffs Resort, a Luxury Collection Resort, onde regressa ao papel de sous chef executivo e tem oportunidade de trabalhar para um total de 12 restaurantes, com uma equipa composta por 120 cozinheiros. O nascimento da primeira filha trouxe-o de volta a casa e ao Sheraton Cascais Resort & Hotel, onde volta a ser chef executivo – naquela que foi a sua última paragem antes do Valverde Hotel, membro da Relais & Châteaux, que antecipa ser o projeto que lhe “vai roubar mais anos de vida”, por conta do quanto se identifica “com o hotel, com o restaurante e sobretudo com as pessoas.”
O restaurante Sítio
Localizado no Valverde Hotel, em Lisboa, o restaurante Sítio foi inaugurado em 2014, tendo ganho um novo espaço após a ampliação do hotel, em 2021. Apresentando uma atmosfera intimista e sofisticada, o restaurante é um dos espaços mais marcantes do hotel, com os seus painéis de madeira retro iluminados, o teto em Burel bordado, o pavimento em azulejo vidrado e as janelas até ao chão com vistas rasgadas sobre o emblemático Páteo do hotel. O restaurante conta ainda com um espaço exterior coberto com capacidade para 10 pessoas, a juntar aos 34 lugares disponíveis no interior e às mesas espalhadas pelo Páteo, naquela que é a esplanada mais bem escondida de Lisboa.