Se está sem programa e em Lisboa em no próximo mês uma boa sugestão é o espetáculo ‘Um país que é a noite’, encenado por Martim Pedroso, que estreia no dia 6 de fevereiro, na Sala Estúdio do Teatro da Trindade INATEL.
A ideia é criativa: um diálogo imaginado entre dois dos maiores poetas portugueses, Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, horas antes de o poeta fugir para o Brasil. O ano é 1959, após um golpe de Estado falhado organizado por vários militares, intelectuais e civis, e Jorge de Sena é procurado pela PIDE. Antes de partir, marca um encontro com a sua amiga para se despedirem.
Depois desta despedida, Jorge e Sophia nunca mais se viram, mas ficaram as muitas cartas que trocaram e nas quais os autores do espetáculo se basearam para o criar. Este encontro serve de mote para uma recriação e reflexão sobre o Portugal dos anos 50, ainda distante da revolução que lhe marcaria o destino, mas onde a mudança se tornava urgente.
O Portugal da peça é um país de extremos, dividido entre os que estão mergulhados na noite e os que lutam pelo amanhecer, entre os que amam a poesia e os que a desprezam, entre os que querem a liberdade e os que têm medo do futuro.
Para quem viveu este anos é uma oportunidade de recordar que ainda é preciso lutar pela liberdade. Para quem não viveu, importa perceber o que aconteceu no passado para tirarmos daí a nossa lição e decidir se queremos um regresso a esse país mergulhado na noite.