É sempre melhor ter um closet completo, mas limitado, que se conheça bem, do que um monte infinito de tralha que não está à vista, nem em perfeitas condições, entupido de peças que não se sabe se servem ou como assentam. Fazer um esforço sazonal para ter toda a colecção de roupa, calçado e acessórios em ordem é meio caminho andado para um estilo fabuloso no dia a dia, sem precisar de pensar muito nem perder tempo pela manhã. Poupa stress, repetições e fashion faux pas que se cometem quando não olhamos devidamente para determinadas toilettes. A surpresa e a falta de atenção nunca são boas conselheiras.
Não há nada mais agradável do que ter fatiotas bonitas à espera de ser usadas, e vestir-se em menos de um fósforo. E com a reentrée (por mais que nos custe) à porta, mais necessário se torna ter tudo à vista e à mão.
Além das limpezas profundas (uma ou duas vezes por ano) é muito útil fazer umrefresh nas férias e/ou na entrada de estação. Principalmente antes da ida aos saldos (ou se a preguiça levar a melhor, depois da dita ida…) quando invariavelmente chegam algumas coisas novas.
Roupa nova, se não for devidamente organizada, causa mais confusão, e não tiramos dela o devido partido…e não é isso que se pretende. Esta semana fiz algumas alterações a nível logístico para acomodar melhor certos artigos que me andavam a tirar o sono: é o caso da minha colecção de écharpes. Recomendam-se os cabides próprios para o efeito, pois se forem muitas corremos o risco de não as ver. E peças que não se vêem, corpo que não as veste! Ninguém quer um armário ou quarto de vestir cheio de coisas lindas que nunca vão à rua. Isso não só conduz avícios de estilo como é um desperdício de espaço e de recursos que nos tempos que atravessamos cai muito mal. Muito já foi dito sobre o assunto por aqui, mas nunca é demais lembrar que:
– Não pode ter pena de se desfazer do que está estragado.
– Uma má compra que anda há séculos a ganhar pó só tem três destinos: a venda de garagem (ou eBay, etc) o saco da roupa para oferecer a amigas ou instituições, ou a estante da lavandaria onde coloca a roupa que precisa de ser arranjada/adaptada. Se não tem uma estante dessas, mas tem muita roupa em estado de caos, aconselho-a a arranjar uma lá em casa – longe da roupa que está em uso! Assim saberá exactamente o que precisa de intervenção.
– Fazer adaptações está in, e tingir roupa voltou a ser moda. Fazê-lo em casa (pessoalmente, não me atrevo a tal operação) ou encomendar esse serviço numa lavandaria competente pode salvar alguns maus investimentos, como “aqueles jeans Versace com um tecido tão macio, mas que são às cores“. O preto nunca compromete, lembre-se…
– O que já não serve tem de ser posto impiedosamente de parte: se emagreceu, mande apertar as peças de que gosta mesmo. Se engordou e espera emagrecer, guarde num caixote, longe da vista, as coisas que por enquanto não consegue vestir, até nova ordem.Para quê torturar-se e ainda por cima, desarrumar mais? Algumas mulheres que conheço, e que costumam ter flutuações de peso, guardam as suas “calças de magra” num lugar específico . É uma forma bem humorada de lidar com a situação, embora exija espaço extra!
– Verifique se os seus casacos estão em condições impecáveis, porque estes representam quase sempre o maior investimento no nosso guarda roupa. Peças boas (sobretudos, calças clássicas, camisas, vestidos de noite) que não passam de moda podem precisar de ir à lavandaria, para engomar ou impermeabilizar.
– Mantenha à vista só, e apenas, aquilo que a faz sentir-se linda e que tem vontade de usar. Há dias ofereci a uma amiga um vestido de que gostava bastante, e que estava em excelentes condições, mas que não era muito prático de usar para mim. Sempre que abria o armário, lá estava ele a ocupar um cabide, mas acabava por não o vestir. Começou a fazer-me uma certa impressão bater com os olhos nele e optei por dar-lhe outro lar. A vida já tem situações repetitivas e chatas que chegue. Se algo não tem uso, não está a acrescentar nada à sua existência. Claro que não tem de se desfazer de todas as peças que andam “em suspenso” no armário: muitas vezes ponho-as de parte para as mandar alterar mais tarde, principalmente se o material e o preço justificarem o investimento.
– Assegure-se de que TUDO o que tem está pronto a usar. Bainhas, fechos, medidas, botões. Não se atura lançar a mão a um vestido e pensar “bolas, não posso levar este porque se descoseu” e voltar a guardá-lo no mesmo sítio, para dali a semanas acontecer o mesmo. Perca a preguiça, junte o que não está bem num saco, coloque-o no carro e visite a costureira.
– O mesmo vale para a roupa nova, principalmente em altura de saldos quando acontece sempre trazer “aquela saia de sonho que só havia em 38″…e você veste o 34! Regra de ouro: NADA entra no armário até estar perfeito para vestir. Não tire as coisas dos sacos, nem corte as etiquetas. Leve-as logo a quem sabe arranjar, junto com as compras feitas em promoções anteriores que “para ali ficaram” sem uso (been there, done that). Assim vai lembrar-se da quantidade de roupa nova, ou semi, que tem, e valorizá-la antes de se perder nas lojas outra vez. Provavelmente descobrirá coisas que já nem se lembrava que tinha…E como os arranjos não são exactamente baratos, se tiver muita coisa para reparar/adaptar, isso dirá alguma coisa de si: não andará a comprar demasiado? Reflexão e atenção é tudo.
– Por fim, outra chave mestra: muitas vezes, em vez de gastar tempo e recursos a comprar coisas novas, é melhor empregá-los em alguns dias de arrumação e/ou em ajuda doméstica de uma senhora competente e despachada que lave, passe a ferro, etc e/ou em incursões regulares à lavandaria mais próxima. Não vale de nada ter imensas coisas bonitas se nunca as vê, ou até se esquece delas, porque estão imenso tempo para lavar/passar/etc.