As irmãs Inês e Marta Fonseca, juntamente com a amiga Fernanda Santos, fundaram a marca Latitid numa altura em que o swimwear Made in Brasil dominava as praias portuguesas. Onze anos depois, o Made in Portugal é tendência e muito graças a esta tripla de empreendedoras, a julgar pela afluência ao lançamento da nova coleção da marca, que aconteceu esta semana. Todos os anos a Latitid inspira-se numa determinada latitude e a escolhida para a época balnear de 2023 foi a cidade japonesa de Tóquio, pelo que a apresentação ocorreu no restaurante Ramen Shifu, em Lisboa. Aproveitámos a ocasião para falar com Inês, Marta e Fernanda.
Lembram-se do momento em que tiveram a ideia de criar uma marca de biquínis portuguesa?
Sim! Foi em 2012 depois de eu [Inês Fonseca] ter pedido a uma amiga minha para comprar biquínis para mim no Brasil. Depois dessa ‘logística’ pensei: “porque é que não lançamos uma marca portuguesa de biquínis?”.
O que é que, na altura, a Latitid trouxe de novo?
O que nós quisemos foi, essencialmente, trazer modelos diferentes dos tradicionais com lacinhos que eram os mais comuns na altura. Modelos diferentes e cortes irreverentes. Quisemos colocar o fato de banho na moda outra vez e arriscar com o lançamento de biquínis de cinta subida.
Qual foi o maior desafio em passar da teoria à prática?
Arranjar fábricas que acreditassem neste nosso projecto.
Foi difícil fazer as portuguesas passarem do Made in Brasil para o Made in Portugal?
No inicio sim. Hoje em dia temos muitas clientes a comprarem biquínis na Latitid para irem de férias para o Brasil.
Para que país foi a vossa primeira encomenda internacional?
Foi em 2013, para Macau.
Hoje, para que países vendem?
Para todo o mundo, mas o top 5 é Espanha, Estados Unidos, Suíça, Inglaterra e França.
Qual a principal faixa etária que veste Latitid?
25-50 anos
Vendem mais fatos de banho ou biquínis?
Mais biquínis… no entanto nos dois primeiros dias de venda da nova coleção o vencedor foi um fato de banho.
Best seller de todos os tempos?
Dazzling cor 2 – um biquíni verde brilhante que lançamos em 2021 que esgotou em menos de 24h.
Marta, Fernanda e Inês, quem é a mais organizada?
A Marta
Quem tem as ideias ‘loucas’?
A Inês
Quem é a mais ponderada?
A Fernanda
A melhor praia:
· Para estar na calma, sem muitas pessoas – Praias Desertas na Comporta
· Para o social – Praia do Ancão / Dunas Douradas
· Para tirar fotos para as redes sociais – todas as praias de Portugal são incríveis.
Como é trabalhar com amigas (e irmãs)?
É desafiante. A maior dificuldade é não levar o trabalho casa e a ‘casa’ para o trabalho.
O que fazem quando não estão de acordo?
Tentamos ao máximo chegar a um acordo com base num consenso, mas uma de nós acaba sempre por ceder…
O/a melhor designer de moda de todos os tempos?
Isabel Marant
O que traz de novo esta coleção?
Para a criação dos modelos, o maior foco foi trazer novidades através dos cortes, matérias-primas e prints. A inspiração passou por ir buscar detalhes à icónica peça japonesa quimono e, ainda dentro das particularidades do quimono, foram desenvolvidos modelos em que a ideia foi criar a ilusão de sobreposição/camadas através de cortes nos modelos. Os arranha céus que preenchem os céus de Tóquio serviram de inspiração para a introdução de uma malha em que a textura representa a complexidade das estruturas e da arquitetura. As lycras brilhantes, que têm acompanhado as coleções ao longo dos anos, voltam a aparecer em novas cores e em degradê pela primeira vez.
Entretanto têm vindo a diversificar, a seguir aos fatos de banhos e biquínis quais são os best sellers?
As nossas mochilas e sacos de praia.
Sustentabilidade e responsabilidade social, como integram estes valores na vossa marca?
O facto da Latitid ser uma marca portuguesa, cuja totalidade dos produtos é feita em território nacional é o primeiro passo para a redução da pegada ambiental da marca. Num mercado em que não é fácil ser 100% sustentável, é a soma dos pequenos gestos que faz com que consigamos ser, cada vez mais, uma marca consciente. Exemplo disso são as nossas campanhas. Apesar de cada coleção representar uma latitude diferente, todas as campanhas são feitas em Portugal, recriamos o ambiente do destino e desta forma evitamos deslocações e todos os custos associados a uma campanha deste género. Possivelmente para o consumidor final a sustentabilidade Latitid tornou-se mais ‘palpável’ em 2019 quando as famosas bolsas plásticas dos biquínis foram substituídas por sacos de pano. Para além da questão do plástico, o objetivo aqui foi criar um produto mais amigo do ambiente, não só pelo material, mas também pela durabilidade. É com muito orgulho que podemos dizer que, 90% da coleção deste ano, Closer, é feita com materiais recicláveis.
Durante a pandemia as lojas Latitid foram locais de recolha de alimentos para Associação Luta contra a fome.
Espreite na galeria abaixo alguns dos modelos da nova coleção da Latitid, Closer, inspirada em Tóquio.
Fotos: DR e divulgação