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Sei que agarrou este projeto numa altura de crise. O que é preciso para deixar um emprego estável e embarcar numa ‘aventura’ como esta?

Sem dúvida que a missão da empresa. E a nossa é a de enriquecer a vida das mulheres. Durante muitos anos da minha vida profissional tive funções na área de vendas e marketing. Onde estava a trabalhar, sentia que o meu trabalho beneficiava essencialmente os acionistas. Aqui, sinto que o meu trabalho, além de beneficiar, obviamente, os donos da empresa, os colaboradores, beneficia muito também a sociedade portuguesa. Nós temos cerca de cinco mil e 500 consultoras de beleza em Portugal, o que significa que, com a Mary Kay, cinco mil e 500 famílias podem ter uma vida melhor. Têm uma oportunidade de negócio, uma oportunidade de carreira, e podem fazê-lo com flexibilidade, ser donas do seu próprio negócio. Acho que, no mundo de hoje, sobretudo para os millennials, onde está muito em voga a necessidade de liberdade, flexibilidade, de definir os próprios horários e rendimentos, este conceito é apelativo. A mim, apelou-me vir para a Mary Kay porque senti que aqui poderia fazer a diferença. Em termos do que é necessário, acho que é essa vontade, essa paixão, essa visão que eu tive pela empresa. Dá-se também um salto de fé, a nível pessoal, abraçar o desconhecido é sempre importante. Depois, é preciso sentir que temos apoio, e, neste caso, eu tinha o apoio do meu marido, porque tenho três filhos, o mais pequenino tinha, na altura, seis meses, e isto foi uma decisão pensada em família, porque iria implicar mais trabalho, mais responsabilidade, mais visitas ao estrangeiro, e o meu marido estava lá para mim, por isso foi muito importante.

E como é que se concilia a responsabilidade do cargo que tem com a vida familiar?

Concilia-se com um bom planeamento. Não é fácil. Acho que é importante dizer isso. Não é fácil mas é possível. E acho que é bom que isso aconteça. Porque gosto de pensar que os meus filhos, sobretudo a minha filha, vão olhar para uma mãe que não teve que escolher entre ser mãe, ser mulher ou ter uma carreira. Que pôde conciliar tudo isso. É possível se tivermos uma boa estrutura familiar. Um marido que saiba estar num casamento assim, com um projeto familiar assim, e se tivermos outros apoios. No meu caso, tenho duas senhoras em minha casa, uma de manhã, uma ao final do dia, que são os meus braços direitos, pessoas em quem eu confio bastante e que sei que estão a cuidar dos meus filhos. E mesmo assim, sinto que sou uma mãe presente. Sei que apoio os meus filhos na escola, sei que estou lá, sei aquilo por que eles passam, as dificuldades que têm, por isso é possível. Com organização, planeamento, disciplina, e uma grande rede de apoio.

E tem alguns truques de organização?

Tenho. Muitos truques. Não vivo sem a minha lista das coisas mais importantes para fazer. É uma coisa muito impregnada aqui na Mary Kay, até porque a própria Mary Kay Ash dizia que era importante ter essa lista das seis coisas mais importantes. Porque isso me ajuda a pensar, no meu dia-a-dia, o que é que é urgente, o que é importante, o que posso delegar, e o que é que eu não posso sair do escritório sem deixar feito. E estas últimas coisas são aquelas que faço logo de manhã. Depois faço as restantes. Nem sempre consigo chegar ao final da minha lista, mas vou sempre redefinindo prioridades.

Quais são as principais diferenças, para a empresa e consumidor final, entre o tipo de vendas com o qual lidava antigamente e a venda direta praticada na Mary Kay?

Vou começar pelo consumidor final, porque foi a parte que mais me apaixonou na Mary Kay. Antes de eu iniciar, queria abraçar uma empresa na qual eu me apaixonasse pela missão, pelos valores, mas que também acreditasse no produto, na proposta de valor acrescentado que temos para oferecer. E no meu processo de seleção tive a oportunidade de fazer uma sessão de beleza com uma consultora e pensei ‘Uau. Não posso acreditar que existe uma empresa destas em Portugal e que, na verdade, não existe‘. Eu tinha 32 anos, já cuidava da minha pele, o meu marido tinha-me oferecido um curso de auto-maquilhagem, estava muito divertida, mas uma das coisas que mais me desagradava era ter de ser maquilhada em frente a outras pessoas. E também, cada vez que ia a uma perfumaria, me dizerem ‘o seu tipo de pele é este’ e outras diziam que era outro, porque, de cada vez, era uma pessoa diferente. Na Mary Kay, o que acho que temos de proposta de valor acrescentado para o consumidor final é o facto de uma cliente poder ter a sua consultora de beleza, alguém que conhece a pessoa, o nome, a família, a pele, que ensina beleza onde a consumidora quiser, e que se ajusta ao dia-a-dia desta. E numa relação de um para um, podemos estar as duas, e a consultora faz-me um tratamento personalizado, funciona como ‘personal trainer’ da minha pele. E acho que esta é a grande mais-valia da Mary Kay. Do ponto de vista da gestão, aqui não temos vendedoras, temos consultoras de beleza que são donas do seu negócio e têm a sua carreira. Acho espetacular porque elas têm uma automotivação. Cada consultora de beleza inicia Mary Kay e tem as suas razões para tal. Elas definem o que querem alcançar. E nós trabalhamos com elas no sentido de lhes mostrar as ‘peças’ que a vão ajudar a construir o seu GPS, com um ponto de partida e outro de chegada. Quando trabalhamos com alguém que tem automotivação, é muito mais fácil e gratificante vê-las conquistar objetivos. E outra coisa que adoro neste trabalho é que não existem limites. É tão bom ver como uma pessoa se vai superando, crescendo, alcançando uma nova meta. É muito aliciante porque as perspetivas de crescimento também são muito maiores.

Como é que se mantém uma relação com milhares de consultoras, já que essa proximidade com os colaboradores é algo fundamental para o sucesso de qualquer negócio?

Através de uma comunicação frequente e de uma estratégia clara, a da empresa, que temos frequentemente de comunicar, de explicar, porque o sucesso delas é o nosso sucesso. E é na medida em que elas entendem a estratégia da empresa, que é a estratégia de sucesso delas, e a aplicam, que o conseguimos alcançar. E temos eventos, formações, uma revista, damos apoio personalizado às diretoras de vendas independentes da Mary Kay Portugal todos os meses, telefonicamente.

Na biografia da fundadora da empresa, diz que esta adotava uma política Cristã no trabalho: primeiro Deus, depois a família, e por fim o emprego. Concorda com esta visão?

Concordo na totalidade. Atualmente, dizemos que, em primeiro lugar, vem a fé de cada um. Depois a família e, por fim, o trabalho. Concordo com esta ordem, acredito que a fé é o que nos equilibra. Acolhemos pessoas com os mais diversos credos, somos uma empresa. Aqui a fé é vista mais no sentido de equilíbrio do indivíduo. Precisamos de estar bem connosco, de estar equilibrados. Só assim conseguimos fazer tudo o resto. Em segundo lugar, a família, porque, no meu caso pessoal, posso trabalhar muito mas se, no caminho, perder a minha família, de que me vale uma atividade profissional? Somos felizes na medida em que interagimos com outros seres humanos, esse é um fim em si mesmo. O trabalho, a profissão, é um meio para tal. E quando esta ordem se inverte, geram-se crises, os desequilíbrios, as doenças. Porque, no caminho, deixamos de ter as prioridades em ordem e isso é necessário para termos uma vida feliz e para podermos ter mais sucesso de uma forma sustentável.

Em que medida considera que a Mary Kay pode mudar a vida das mulheres?

A Mary Kay tem vindo a mudar a vida das mulheres em mais de 35 mercados ao longo dos últimos 55 anos. E é bonito imaginar um mundo em que vemos mulheres cujas vidas são transformadas, seja onde for, de várias formas: pessoas que puderam passar a pagar um colégio melhor para os filhos, que puderam ambicionar viajar por todo o mundo, uma mulher – exemplo concreto da Mary Kay Portugal – que estava a pensar emigrar e desistiu porque tinha a empresa, que, por sua vez, podia ser a chave para uma vida equilibrada. A Mary Kay tem tocado a vida de milhões de mulheres em todo o mundo, dependendo dos respetivos objetivos. O que diria a alguém que nunca experimentou os nossos serviços é que, com uma consultora de beleza, vai ter uma experiência incrível, vai experimentar produtos de alta qualidade e vai ter um acompanhamento personalizado. Garantimos 100% de satisfação. Temos uma confiança tão grande nos nossos produtos, que nos permite dar essa garantia – fazemos mais de meio milhão de testes em investigação e desenvolvimento.

E quando algo não corre como esperado, como se dá a volta?

Costumo dizer, e isto é uma frase da nossa formadora, que diz ‘umas vezes ganha-se, outras aprende-se. Nunca se perde’. E acho que é muito importante, e é uma nova forma de pensar, porque se só pensamos em ganhar ou perder, estamos só a pensar em pólo positivo e pólo negativo. E se não alcançamos um objetivo, é preciso analisar: era demasiado ambicioso? O plano não era forte o suficiente? A equipa estava envolvida? E depois, vamos aprender, ‘falhamos em direção ao sucesso’. E o ser humano tem de se habituar a isso, porque é mesmo assim. Errar, ter insucesso, faz parte do sucesso.

Acredita que não há idade para o sucesso?

Claro que não há. Nem ser demasiado jovem ou sénior é um impeditivo para o sucesso. Temos vários casos que o provam, como o de Bill Gates, que estava nos seus vintes quando começou, ou a própria Mary Kay Ash, que começou aos 45.

E que conselhos daria a alguém que se considera demasiado velho ou novo para arriscar a nível profissional?

Que se inspirem. Que olhem para exemplos que mostrem o contrário. Porque há muitos. Se aquela pessoa conseguiu, por que não eu? Todos somos únicos e especiais, e se temos algum sonho dentro de nós, se esse sonho nasceu, é porque existe a capacidade de o alcançar. Depois, é preciso ter foco, disciplina, paciência e deixar que as coisas aconteçam.

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