Já passaram três décadas desde que a voz de Ariel ressoou da profundeza dos oceanos para o imaginário de todos nós. Essa voz doce está de regresso, mas não traz consigo apenas a história de encantar. Traz, também, um debate aceso e aberto sobre representatividade, já que a Pequena Sereia que chega aos cinemas em 2023 é negra, facto que tem causada muita celeuma e que tem mostrado o preconceito latente que ainda pulula na nossa sociedade.
“Tenho visto que as pessoas estão muito revoltadas porque a Ariel, que é uma personagem fictícia, vai ser interpretada por uma atriz negra. A meu ver, isso em nada modifica a história e a atriz escolhida é muito talentosa… A primeira princesa da Disney foi a Branca de Neve, em 1937, e só 72 anos depois é que surgiu a primeira princesa negra. Só 72 anos depois é que as meninas negras se viram representadas. As crianças negras e de minorias precisam de se sentir representadas e identificadas com as princesas e heroínas. Acho que este filme pode contribuir para o aumento de confiança destas crianças nelas próprias”, começou por sublinhar Soraia Tavares, em declarações ao site da ACTIVA.
Na verdade, a atriz e cantora confessa toda a emoção que sente quando vê os vídeos que se tornaram virais de meninas negras que veem, pela primeira vez, o trailer em que Halle Bailey dá vida a Ariel. “Emociona-me muito ver as crianças a perceberem que esta Pequena Sereia é parecida com elas. A esperança nos olhos delas dá-me também esperança a mim, faz-nos acreditar que podemos ser tudo o que quisermos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas estamos a dar passos. Tudo isto pode parecer pequeno aos olhos de muitos, mas o filme ainda nem estreou, o que já dá uma noção do impacto real que a representatividade tem”, frisou Soraia.
Irma partilha da mesma opinião e, ao site da ACTIVA, referiu: “Ter uma pequena sereia que quebra estereótipos faz-me sentir orgulhosa, mas, mais do que isso, faz-me sentir que estamos a caminhar para uma transformação, que tem que ser prática – tem que acontecer na educação, nos valores base da sociedade e sinto que as coisas só podem ser absorvidas e compreendidas a fundo através do exemplo. Só é pena que esta Pequena Sereia seja uma grande surpresa, porque é sinal que continuamos com muito caminho para fazer. As sereias não existem, portanto podem ser como cada um quiser. Esta atriz é super talentosa e merece estar ali naquele lugar, independentemente da sua cor, da sua religião, da sua orientação sexual, o que for. É aqui que conseguimos entrar no imaginário das crianças e transformar os seus corações: com magia e educação”.