BEBIANA CUNHA
PAN, autarca na Assembleia Municipal do Porto e dirigente do partido
Quando é que surgiu o seu interesse pela política?
Cedo percebi que a nossa ação pode transformar o mundo e fiz ação política de diversas formas, desde a criação de um jornal, passando por associativismo e movimentos cívicos. O PAN acabou por ser o único partido em que me filiei, pela visão ética ao nível dos direitos humanos, proteção ambiental e animal que exige mais de nós enquanto seres humanos.
Quais foram as suas maiores conquistas políticas?
Pela 1.ª vez saiu da AR uma recomendação que reconhecia uma forma de violência sobre as mulheres (violência obstétrica). Na Assembleia Municipal do Porto, garantimos o fim de circos com animais no município; conseguimos criar um regime de sanções para quem maltrate um animal (cavalo, porco ou vaca) e terminámos com o tiro ao pombo.
E as causas que mais a apaixonam?
A proteção de todos os animais sencientes, dos ecossistemas, a relação entre a saúde ambiental e humana, a agricultura regenerativa, os direitos humanos e o empoderamento das pessoas mais vulneráveis.
Uma palavra que a define: Genuinidade
Que 3 medidas urgentes gostaria de ver aprovadas?
Rede pública de hospitais médico-veterinários; alargamento da proteção dos animais a outros animais sensíveis (além dos de companhia); consagração do ecocídio no Código Penal como crime contra a humanidade.
Quais são os maiores entraves à participação
das mulheres na política?
Infelizmente, ainda se educa a mulher para o espaço privado e o homem para o espaço público. É preciso investir na educação e na formação ao nível da igualdade de género, e também nas políticas de conciliação da vida laboral com a vida familiar. As mulheres não podem ser discriminadas porque decidem ser mães e as políticas de educação, laborais e segurança social têm de resolver esta discriminação, que também é salarial.
Que mais-valias trazem as mulheres para a política?
Capacidade de diálogo, empatia, persistência. Basta ver a gestão que tem sido feita por mulheres, como na Nova Zelândia. Há não só outra sensibilidade e capacidade de análise, mas uma visão de médio e longo prazo mais humanizada.
3 mulheres inspiradoras
Sophia de Mello Breyner pela sua poesia; Jane Goodall, “não deixarei que sujeitos como Trump ou Bolsonaro me calem”; e a minha mãe porque representa tudo aquilo que todas as mães querem ser: um modelo sem o quererem ser, mas que através da coerência no quotidiano inspiram os outros.
O que faz nos tempos livres?
Dar abraços. Gosto de conviver, estar com amigos. Debater, dançar, estar na Natureza a olhar o céu, a tratar da terra, ler.
Um discurso que a tenha marcado
As últimas palavras de Steve Jobs, e todos os discursos genuínos, pois temos sempre a capacidade de nos inspirarmos uns aos outros, especialmente quando falamos com o coração.
Uma frase motivadora que costume citar
Só uma é impossível: “Nunca duvides que um pequeno grupo de pessoas comprometidas pode mudar o mundo”; “Se nesta cidade há muito quem troque o B pelo V, há pouco quem troque a liberdade pela servidão” e “Os retrocessos não passarão”.
*Partidos políticos que tinham deputadas na AR em 2022.