Barbra Streisand é uma das poucas artistas que conquistou o EGOT (acrónimo usado para quem foi galardoado com um Emmy, Grammy, Oscar e um Tony) e está hoje de parabéns. São 82 anos vividos dedicados às artes e também a inspirar outras mulheres a ignorarem os estereótipos de beleza e a aceitarem-se como são.
Nova-iorquina e judia, entrou em produções desde criança e alcançou verdadeiramente o estrelato em 1968 com “Funny Girl: Uma Rapariga Endiabrada”, filme no qual impressionou pelo talento para a representação e pela voz sem igual. Tornou-se uma diva de Hollywood, ainda que ao mesmo tempo se tornasse centro de discussões relacionadas com o seu aspeto físico. Era baixa, tinha os lábios demasiado carnudos para os padrões da época, dentes grandes e, mais do que isso, o seu nariz não era estreito nem tinha um arco perfeito.
Na biografia ‘My Name is Barbra’, publicada em novembro de 2023 nos EUA, a artista admitiu que durante anos se sentiu pressionada a fazer uma cirurgia plástica ao nariz. Mas nunca cedeu.
“Várias pessoas disseram-me que devia fazer uma plástica ao nariz e tratar dos dentes. Fez-me pensar: o meu talento não é suficiente? Uma plástica no nariz ia doer e sair cara”, escreveu. “Além disso, como podia confiar em alguém para fazer exatamente o que eu queria e nada mais? Gosto da protuberância do meu nariz, mas devia considerar um pequeno ajuste… endireitá-lo um pouco na parte inferior e tirar um bocado da ponta?”, continuou, numa confissão sobre as inseguranças que começou a sentir.
A artista chegou a ser alvo de manchetes dedicadas em exclusivo à sua aparência, como foi o caso da capa da revista Time de 1964. Dentro da publicação, o texto criticava o nariz de Streisand e referia que a cantora parecia “um cão de caça “. Quando nos tornamos famosos, tornamo-nos propriedade pública. Somos um objeto a ser examinado, fotografado, analisado e dissecado. Metade das vezes não reconheço as pessoas que retratam. Nunca me habituei a isso e evito ler o que escrevem sobre mim”.
Nunca foi para a frente com a cirurgia plástica, por a considerar “um risco grande” ao seu talento. Afinal, fazer alterações ao nariz poderia afetar a performance. Também não admite que as suas fotografias sejam retocadas com recurso a ferramentas de edição de imagem e em 1974 ficou desagradada com a proposta da Columbia Records para a capa do álbum “The Way We Were”. “Entreguei a foto ao departamento de arte da Columbia e quando eles enviaram-me a capa final olhei e perguntei: ‘O que aconteceu? Alguma coisa está estranha aqui’. Eles tinham tirado a protuberância do meu nariz! Deviam pensar que ia ficar satisfeita, mas não”.
Barbra Streisand inspirou outras mulheres a aceitarem as suas perfeitas imperfeições a assumirem as características que têm apesar das críticas que podem receber. Dona de um grande talento, é também senhora de uma beleza só dela e de uma personalidade forte e inspiradora.