Nos 34 anos – e 410 edições – de história da ACTIVA, esta é apenas a segunda vez que temos na capa uma ilustração. A primeira foi em 2020, em plena pandemia, em que um trabalho da querida e talentosa Fatinha Ramos homenageava “as nossas heroínas”, as mulheres que cuidaram de nós durante um período desafiante para a humanidade. Afinal, tempos extraordinários exigiam uma capa extraordinária!
Continuamos a viver tempos extraordinários e, para já, 2025 não promete dar tréguas a conquistas que damos por adquiridas mas que são postas à prova todos os dias: liberdade, democracia, direitos humanos, talvez as mais importantes e que servem de base a todas as outras. Ao defendermos valores que julgávamos seguros – que ainda não são universais, lamentavelmente –, corremos o risco de não nos restar a energia necessária para fazer o muito que ainda está para ser feito. Porque as conquistas constroem-se umas sobre as outras. Se tiramos a base, toda a torre de progresso se desmorona.
E tanto há para fazer no caminho sinuoso dos direitos das mulheres, em particular. Por isso quisemos que a primeira capa do ano representasse uma mulher onde ‘coubessem’ todas as outras. Num contexto em que se fala tanto da crise no jornalismo, parámos para refletir no verdadeiro papel que a ACTIVA tem na sociedade portuguesa, que se resume – sem nunca se esgotar – na missão de dar voz a todas as mulheres (e nesta edição passamos literalmente a palavra a algumas das nossas devotas leitoras). Temos isso em comum com a bravíssima Marta Nunes, que assina a nossa capa e que numa só imagem consegue resumir o que tantas vezes dizemos (ou escrevemos) por palavras. “A minha ideia foi transmitir, através dos símbolos, a força, ainda que serena, de quem olha para o futuro de frente, mesmo com lutas e desafios”, explica a ilustradora. “Cada dia, cada mulher trava lutas, pela igualdade, liberdade, paz, pão, saúde, família, amor e pela sua própria vida.”
Já éramos fãs do trabalho de Marta, que representa questões complexas num traço simples mas poderoso. Nesta edição, convidamo-la a conhecer a mulher por trás do desenho, que faz da liberdade a sua grande luta, ao mesmo tempo que vai buscar inspiração ao mais pequeno verso do poema que consegue ver no quotidiano.
A edição de janeiro da ACTIVA é dedicada a todas as mulheres e a todas as suas causas e sonhos, grandes e pequenos, da paz ao desejo de estar mais tempo com a família. Que todos os dias fiquemos mais perto de os concretizar.