Há mais uma descoberta alarmante sobre a COVID-19 e, desta vez, interessa particularmente às gestantes.
Um estudo conduzido por investigadores brasileiros, publicado na revista científica “Biochimica et Biophysica Acta”, comprova que as mulheres grávidas infectadas pelo novo coronavírus correm um risco maior de desenvolverem pré-eclâmpsia. Esta complicação potencialmente perigosa da gravidez é caracterizada, sobretudo, pela pressão arterial elevada e presença de proteína na urina. Se não for diagnosticada e tratada, pode causar convulsões e, em última instância, a morte da mãe e do bebé.
O grupo de cientistas estudou as alterações moleculares causadas pelo vírus e que estão associadas ao quadro da doença.
“As amostras que nós utilizamos são amostras de outros estudos. Passámos os dados a pente fino. São amostras clínicas de pacientes com COVID-19 e, também, experimentais infectadas pelo Sars-Cov-2”, explica Walter O. Beys da Silva, um dos cientistas responsáveis pelo estudo, à revista “Cláudia”.
A partir das amostras infectadas pelo novo coronavírus, os investigadores fizeram uma espécie de filtragem dos genes infetados e compararam-nos com amostras não infectadas. Assim, tornou-se possível perceber que genes são alterados pelo vírus e como essa mudança se reflete em condições patológicas a nível molecular.
“O que nós encontrámos foi um quadro molecular muito associado à pré-eclâmpsia e, desse quadro específico, encontrámos evidências clínicas, ou seja, dados de pacientes que, de fato, desenvolveram a condição”, explica o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Isto acontece porque o vírus atua no corpo humano a partir de muitos receptores relacionados com o sistema vascular. “Então, obviamente, todos esses processos acabam por interagir com o problema da hipertensão”. Assim, a conclusão dos cientistas é que a infecção pelo vírus pode causar uma confusão molecular que está associada ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia.
É importante sublinhar que a COVID-19 também está associada a outros problemas graves na gestação. “Há casos de aborto, morte de gestantes e parto prematuro”, afirma Walter O. Beys da Silva. O especialista defende que, por conta dessas complicações que podem ocorrer devido à infeção pelo coronavírus, as gestantes são um grupo de risco que exige um olhar mais atento e cuidados especiais.