
Hoje, dia nove de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Grávida e, a propósito desta data, a ACTIVA online quis desmistificar um tema que afeta muitas mulheres em Portugal. Na verdade, existem cerca de quatro mil casos de Lupus na população portuguesa, com uma predominância dos mesmos em mulheres em idade reprodutiva. Durante muitos anos, acreditou-se (e ainda hoje essa ideia é veiculada) que esta doença inflamatória autoimune impede as mulheres de conseguirem engravidar. Contudo, isso não é de todo verdade e Rita Jorge é um exemplo perfeito de que a doença não é uma sentença de infertilidade.
Quando, aos 26 anos, descobriu que tinha Lupus, a doença não lhe era familiar e, embora soubesse que era de alguma forma grave, não tinha mais conhecimento sobre a mesma. Contudo, Rita nunca se deixou definir pelo seu diagnóstico e a verdade é que, para além da toma diária de medicação, das análises, dos exames e das consultas médicas que se tornaram rotina, Rita convive muito bem com esta condição. Tanto assim é que nunca se deixou amedrontar com a possibilidade de não poder engravidar. “Os médicos que me têm acompanhado ao longo destes anos sempre me transmitiram a ideia que posso ter uma vida ‘normal’, ou seja, de qualidade. Inclusive ser mãe, desde que em fase de remissão da doença e sempre planeada e acompanhada, até porque a medicação teria que ser ajustada”, explicou-nos.

De facto, de uma forma geral, o lupus não é causa de infertilidade. Uma mulher com lupus pode engravidar, mas com cuidados adequados, como escolher uma altura em que a doença esteja controlada, vigilância apertada quer do médico assistente, quer do obstetra, que é importante que tenha experiência no acompanhamento destas doentes. As situações em que uma gravidez numa mulher com lupus é desaconselhada são muito raras. Ainda assim, Rita admite: “Durante a minha gravidez tinha muito medo de abortar, tinha medo que o lupus se manifestasse e de ter complicações no parto e no pós parto. Porque há uma probabilidade acrescida de risco de aborto, parto prematuro e bebés com peso abaixo da média, mas a equipa médica transmitiu-me sempre confiança e foi uma gravidez, parto e pós parto muito vigiado”.
Rita conseguiu ter um parto normal e é hoje mãe de Tiago, de seis anos. Sobre a sua doença e a forma como encara o futuro, diz: “Felizmente tenho sido muito bem acompanhada ao longo destes anos, pelo que me sinto confiante”. O avanço da medicina já possibilita que metade das gestações em mulheres com lupus sejam completamente normais. No entanto, todas as fases apresentam riscos específicos. De referir que o agravamento do lupus é mais frequente logo no início ou no final da gestação. O risco de complicações obstétricas como a subida da tensão ou o desenvolvimento de fetos mais pequenos é também mais frequente no terceiro trimestre da gravidez.