“Quem canta seus males espanta”. Um ditado popular que nunca fez tanto sentido.
Se se sente mais relaxada após interpretar as suas músicas favoritas, a Ciência tem uma explicação para isso: cantar combate o stress.
A neuropsicóloga clínica Sarah Wilson liderou um estudo que levanta o véu sobre os muitos benefícios da atividade. No processo, fez ressonâncias magnéticas a voluntários com diferentes habilidades vocais enquanto estes cantarolavam. “Existe uma rede de canto no cérebro [que é] amplamente distribuída”, afirma.
Quando falamos, o hemisfério do cérebro que lida com a linguagem ilumina-se, como é expectável. No entanto, quando cantamos, ambos os lados do cérebro ganham vida. “Também vemos o envolvimento das redes de emoções do cérebro”, acrescenta Wilson, explicando que as áreas que controlam os movimentos de que precisamos para produzir sons e articulações também se iluminam.
O esforço físico envolvido no canto — encher os pulmões, o controlo firme das cordas vocais, os movimentos da boca e do corpo — está entre as razões pelas quais a atividade pode melhorar o nosso humor. Isto porque cantar é um exercício aeróbico que liberta endorfinas, os produtos químicos de ‘bem-estar’ do cérebro, diz Baishali Mukherjee, da Federação Mundial de Musicoterapia, em declarações ao site da BBC.
“As endorfinas estão relacionadas com uma sensação geral de felicidade elevada (…) Portanto, está tudo associado a uma redução do stress”, explica. “Quando estamos de bom humor, fortalecemos o sistema imunitário… respondemos a fatores de stress de uma forma mais positiva e melhoramos os padrões de sono”.
Cantar também envolve aquela que é, muito provavelmente, a maior arma anti-stress do corpo: respirar. A respiração profunda ou diafragmática permite que ocorra uma troca total de oxigénio nas células do pulmão, ativando o sistema nervoso parassimpático do corpo, que, por sua vez, diminui a frequência cardíaca e dilata os vasos sanguíneos, reduzindo a pressão arterial.
Embora a respiração profunda seja usada há muito tempo em práticas terapêuticas, a neurofisiologia por detrás dela só começou a ser explorada recentemente. Num estudo de 2019, investigadores do Instituto Feinstein de Investigação Médica, nos Estados Unidos, descobriram que manter o foco em controlar a taxa de respiração — uma habilidade fundamental para cantar — ativa partes do cérebro que estão ligadas à emoção, atenção e consciência corporal.