Tinham passado 81 horas desde o sismo que abalou a Turquia e a Síria, na madrugada de segunda-feira, quando os voluntários de busca e resgate da Turquia encontraram Ali Battal, um menino de 15 anos que sobrevivia no meio dos escombros. Uma réstia de esperança num mar de betão e de pó que traz à luz dos dias a fragilidade humana.
O número de mortos, tanto na Turquia como na Síria, não para de aumentar, estando já perto dos 16 mil. Contudo, ainda há pessoas a serem retiradas vivas dos escombros, dando alento a todos os que se mobilizaram para chegarem a quem sobrevive debaixo do betão que caiu depois dos sismos de magnitude 7.7 e 7.6. Foi o caso da família de uma menina de cinco anos, Mir Berzan Bagis, que foi descoberta com vida, debaixo dos destroços de um edifício, 73 horas depois do sismo que abalou Kahramanmaras. Tanto ela como a mãe e o pai foram levados para um hospital e o estado de saúde da menina está estável.
Na Síria, um dos momentos mais marcantes foi a descoberta de um recém-nascido no meio dos escombros. Sabe-se agora que a mãe entrou em trabalho de parto momentos depois do terramoto ter acontecido. Enterrada entre betão, esta mãe conseguiu dar à luz a sua filha, mas não sobreviveu ao parto. A bebé foi encontrada ainda com o cordão umbilical intacto, preso à mãe. A família direta desta bebé – mãe, pai e quatro irmãos – morreu soterrada após o terramoto. Quem a encontrou, e desenterrou com as próprias mãos, foi um outro familiar que ouviu um choro vindo dos escombros da casa onde esta família vivia. Esta bebé recebeu, entretanto, o nome de Aya, que significa milagre.
Também na Síria, dois irmãos foram resgatados debaixo dos destroços da sua casa. Numa pequena fenda, Mariam, de sete anos, foi descoberta a proteger o irmão, Ilaaf, mais novo do que ela. 36 horas depois de terem ficado presos, foram socorridos por uma equipa de resgate e a ansiedade e o desespero para que este momento chegasse estava bem patente no rosto da menina. Mariam chegou a dizer ao primeiro socorrista: “Senhor, se me tirar daqui, a mim e ao meu irmão, eu faço tudo o que quiser”. As duas crianças foram retiradas dos escombros e levadas para um hospital. Também a mãe e o pai dos meninos, bem como outro irmão, que estavam a dormir na altura do sismo, foram retirados com vida.
Como pode ajudar?
Já há vários organismos com ações concertadas para quem quiser ajudar. A Embaixada da Turquia em Lisboa, por exemplo, vai enviar um avião com bens essenciais que todos nós podemos doar, deixando-os na embaixada. Da lista fazem parte roupa de inverno, de adulto e criança, tendas, colchões para tendas, mantas, sacos-cama, garrafas térmicas, lanternas, comida não perecível, leite em pó, produtos de higiene e fraldas.
A Cruz Vermelha Portuguesa está a receber donativos monetários, tendo disponibilizado um NIB de uma conta bancária e um número de telemóvel para MBway. Assim, como explica, consegue “dar resposta rápida e efetiva no terreno”.
Já a UNICEF, Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância, está a mobilizar ajuda para a Síria, tentando garantir o acesso a água, saneamento e higiene, serviços de proteção infantil, nutrição e educação, estando, também a aceitar doações. Outro objetivo da UNICEF é ajudar crianças a encontrar as suas famílias.
A AMI Portugal também está mobilizada e a desenvolver operações de ajuda às vítimas dos sismos, sobretudo na Síria. Neste primeiro momento, o investimento está a ser feito com dinheiro próprio da AMI Portugal, mas a ajuda dos portugueses é necessária.