Não há igualdade entre os sexos quando o tema é o tabaco: as mulheres são mais vulneráveis aos efeitos nocivos dos cigarros.
O primeiro cigarro: uma questão de imagem
A autonomia social obtida mais tardiamente pelo nosso sexo – o tabaco está ligado à ideia de emancipação – e a promoção da imagem corporal – os cigarros reduzem o apetite – encontram-se na origem do aumento do consumo entre as mulheres. Um estudo da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, demonstra a razão por que a grande maioria não abandona o vício: têm medo de engordar. Mas a fragilidade deste argumento torna-se óbvio quando, no outro prato da balança, se acumulam as consequências negativas para a saúde.
Risco acrescido para o sexo feminino
Antes de mais, é preciso ter em conta que a sensibilidade aos diferentes produtos absorvidos pelo nosso organismo – e no caso do tabaco falamos de centenas de substâncias – é proporcional ao peso corporal. Logo aí, ficamos a perder quando comparadas com os homens. Mas outros factores são também importantes:
• Pílula e tabaco, uma aliança explosiva: o recurso a este método anticoncepcional aliado ao tabagismo potencia a possibilidade de ocorrência de doenças cardiovasculares. Não podemos esquecer que a nicotina aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial.
• Aumento da asma e problemas respiratórios: alguns estudos indicam que o tabaco influi mais na ocorrência de asma no caso do sexo feminino (uma em cada dez fumadoras), o que se explica pelo facto das vias respiratórias femininas terem menor dimensão do que a dos homens. Isso também justifica o acréscimo dos casos de enfisema e bronquite nos elementos do sexo feminino, sendo que o número de mortes por cancro de pulmão está a ultrapassar o de óbitos por cancro de mama entre as fumadoras.
• Dificuldade em engravidar: esta relação já se encontra provada através de estudos que demonstraram que enquanto 38% das mulheres não fumadoras concebem no primeiro ciclo, apenas 28% das fumadoras o fazem, o que significa uma redução de 10% na capacidade de engravidar. Uma fumadora tem 3,4 vezes mais probabilidade de demorar mais de um ano a conceber, além do risco acrescido de perder o bebé no primeiro trimestre de gravidez ou deste nascer abaixo do peso normal.
• Menopausa precoce: esta ocorre, em média, dois anos mais cedo em caso de fumadoras.
• Aumento do risco de osteoporose: a perda de densidade óssea é mais acentuada no caso das fumadoras. Por outro lado, a terapia de substituição hormonal é desaconselhada para quem fuma devido ao risco de cancro e de problemas cardiovasculares.
• Envelhecimento precoce da pele: nas fumadoras, as rugas acentuam–se em redor dos lábios a partir dos 30.