A propósito do lançamento do seu primeiro perfume, Amor Perfeito, José António Tenente falou connosco sobre este belo projecto inteiramente desenvolvido em Portugal.
– Pensou em alguma mulher específica ao criar este perfume feminino? Suponho que em relação à fragrância de homem, que vai lançar em Fevereiro, terá pensado em si…
– Não pensei em ninguém específico, apesar de ter experimentado na pele ambos os perfumes, inclusive o de senhora, porque os perfumes mudam muito na pele. Aliás, quando construímos a comunicação do perfume eu quis fugir a essa catalogação da mulher e do homem. Todos os perfumes batem muito na tecla de caracterizar o homem ou a mulher a que se destinam, mas eu preferi caracterizar o perfume, para mim, fazia mais sentido a brincadeira de o adjectivar com os variadíssimos adjectivos para o amor: forte, romântico, quente, terno, doce… Porque tudo isto só depende da emoção e de as pessoas gostarem ou não. Estes perfumes são para qualquer homem e qualquer mulher.
– Qual foi o
briefing que deu às perfumistas?
– Não nos conhecíamos portanto passei-lhes várias ideias… Mas logo de início pensei muito na imagem e nos frascos, porque queria que fosse um romântico não muito cor-de-rosa. Ainda se pensou em criar um molde de um amor-perfeito para a tampa mas eu não queria nada ir por aí. E em termos de aromas falámos sobretudo dos perfumes de que gostava, do que eu usava…
– E de que perfumes gosta?
– Gosto muito de perfumes fortes, que tenham presença mas não sejam enjoativos, que se notem e que ‘colem’ muito bem à pele. Essa ideia da fusão na pele era muito importante para mim. Se quando estamos a criar a colecção de roupa é tão importante pensar que as pessoas se identificam e gostam, e é por isso que usam, no caso do perfume mais ainda, porque um perfume veste mesmo a pele. Portanto tem de haver uma grande identificação. Mas voltando aos meus aromas preferidos, gosto muito de especiarias, por exemplo, e também de alguns frutos. Aliás, o meu perfume de homem abre com frutos, as notas iniciais são cítricas, depois é que passa para as madeiras e as especiarias… Em termos de perfumes femininos gosto imenso de florais fortes, talvez por memórias de infância, dos perfumes que a minha mãe usava.
– E no dia-a-dia de que cheiros gosta?
– Sou muito sensível aos cheiros, tanto os bons como os maus (risos). Adoro, por exemplo, o cheiro do café. E nem sequer bebo café! Aliás, uma coisa que aprendi neste processo, e que achei o máximo, foi que o cheiro dos grãos de café é o melhor para ‘limpar’ o olfacto entre um perfume e outro quando estamos a cheirar vários de seguida. Também gosto imenso do cheiro da praia, daquele cheiro da pele quente quando se volta da praia.
– Paul Valéry dizia que ‘uma mulher que não se perfume não tem futuro’. Para si, uma mulher que não se perfuma…
– …perde muito! (risos) Uma mulher ou um homem que são se perfumem perdem imenso. Aliás, é engraçado porque toda esta fase de criação dos meus perfumes foi uma altura em que me perfumei muito pouco, tentava usar o mínimo possível de aromas para poder experimentar todos os ensaios que as perfumistas me iam apresentando, e entre um ensaio e outro passava alguns dias sem perfume nenhum. E senti imensa diferença, não ter perfume era uma coisa estranha. Eu associo muito os cheiros às pessoas, faz-me confusão que as pessoas não reajam aos aromas porque para mim são muito importantes. Por isso acho que quem não se perfuma perde bastante, porque o perfume potencia muito a relação entre as pessoas. Para o bem e para o mal (risos).
– O que aprendeu com este projecto?
– Aprendi imenso! Curiosamente aprendi que não tenho um olfacto tão apurado como pensava (risos), apesar de ser das pessoas que conheço com mais sensibilidade aos cheiros. Mas durante o processo às vezes havia umas nuances difíceis de identificar: tipo ‘isto cheira-me a…’ e afinal não era. Percebi que ainda tenho muito a aprender nesta área. Mas foi, está a ser, uma fantástica experiência, fiquei muito satisfeito com o resultado.
– Se estes perfumes fossem tecidos, que tecidos seriam?
– Ai que pergunta difícil!… Acho que seriam sedas.
– O que é para si um amor perfeito?
– É tanta coisa (risos)… e ao mesmo tempo é extraordinariamente simples. Um pouco à imagem desta flor, que inspira imensa atenção, imenso cuidado, mais é bastante mais resistente do que parece, que é mais ou menos o que acontece com o amor (risos).
UM PERFUME APAIXONANTE
A versão feminina de Amor Perfeito, que acaba de ser lançada, abre com notas leves de flor de laranjeira e bergamota, e evolui para um enlace sedutor entre a delicadeza do amor-perfeito e o exotismo da orquídea tropical. Um fundo de cedro, couro, almíscar, âmbar, frutos vermelhos e chocolate dá-lhe uma sensualidade gulosa que casa magnificamente com a pele.
O aroma masculino será lançado brevemente.
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