‘Estou grávida!’ Mesmo que esse filho seja muito desejado, esta é uma descoberta que implica sempre uma mudança de 180 graus na vida de uma mulher. Os hábitos e as rotinas terão de ser alterados. Um novo ser fará parte da sua existência e será da sua responsabilidade velar pela sua saúde e bem-estar, sendo que ainda faltam nove meses repletos de dúvidas e ansiedades. O medo de que algo corra mal, a expectativa a cada novo sintoma da gravidez, as questões íntimas sobre a sua capacidade ou preparação para ser mãe, principalmente quando está à espera do primeiro filho, são sombras que se lançam sobre aquela que deveria ser uma época ‘dourada’.
Hormonas fora de controlo
“Quando engravidei, este bebé era muito desejado. Mas durante os meses de gestação, dava por mim a pensar ‘será que é isto mesmo que eu quero? Afinal, a minha vida nunca mais será a mesma!’ De seguida, sentia-me horrível, super culpada, a pensar que o bebé podia sentir-se não desejado. Foi muito complicado até conversar com o meu médico e perceber que é simplesmente normal termos hesitações e que não é isso que faz de mim uma mulher pior.” O relato é de Cristina, mãe de uma menina aos 31 anos, mas a sua experiência é comum à maior parte das grávidas. Ora, além deste cocktail de preocupações e inquietações, a que se associa o sentimento de culpa, ainda tem de contar com as partidas das hormonas: aumenta a produção de progesterona, responsável pela sensação de sono constante, pela irritabilidade e pelas náuseas e enjoos, e todos os neurotransmissores (os ‘mensageiros’ das emoções para o seu cérebro) são afectados.
Daí que não seja de estranhar que, por diversas vezes, sinta que perdeu o controle da sua vida e que demonstre grande fragilidade do ponto de vista emocional, passando das lágrimas ao riso num abrir e fechar de olhos.
Oscilações emocionais trimestre a trimestre
Um filme mais romântico, um homem com uma criança ao colo, a imagem de um animal abandonado são suficientes para fazer nascer um rio de lágrimas nos seus olhos…Mas, nos minutos seguintes, tudo já passou com um aguaceiro de Verão e sente-se novamente no topo do mundo. Estes ‘picos’ são naturais, mas a sua frequência e natureza alterara-se ao longo dos três trimestres de gestação.
1º trimestre. É nesta fase que são mais marcadas as oscilações emocionais: a situação é nova, existe o período crítico das doze semanas, em que o risco de aborto espontâneo é maior, o seu organismo ainda não teve tempo para se habituar às transformações hormonais, além de ganhar peso e assistir à transformação do corpo, o que pode originar uma ligeira depressão, por já não se sentir atraente. Por outro lado, diminui o desejo sexual.
2º trimestre. É geralmente o mais calmo, dado que decresce o mal-estar físico. Sente-se mais tranquila e é possível que o desejo sexual regresse em força, sentindo feliz e bonita no seu novo corpo.
3ºtrimestre. É vulgar que regressem algumas incertezas e preocupações experimentadas nos primeiros meses de gravidez. Além do desconforto físico ser maior (não há posição para dormir, as pernas incham com facilidade, a vontade de urinar é constante e os movimentos tornam-se mais lentos), aproxima-se o momento do parto e todos os temores têm tendência a virem ao de cima.