Já se sabia que as pessoas com obesidade têm uma propensão mais elevada para sofrer de doenças cardiovasculares ou diabetes. O que talvez não saiba é que uma vez doentes, a dificuldade em fazer diagnósticos correctos também é maior. Isto acontece porque os exames médicos mais usados (raios X e ultrasons) são muito falíveis em pessoas com excesso de peso, já que a gordura dificulta a visibilidade dos aparelhos. E isto é apenas um exemplo. Da depressão, ao ressonar, passando pela gravidez indesejada e resultados errados nas mamografias, são muitos os dissabores causados pelos quilos a mais.
1. É mais difícil engravidar
A obesidade está frequentemente associada a desequilíbrios hormonais que, no limite, podem causar amenorreia – a interrupção da menstruação -, e impedir a mulher de engravidar. Isto é ainda mais frequente nas mulheres com os chamados ovários policísticos, que produzem quantidades mais elevadas de hormonas masculinas. Neste caso, a produção de óvulos de qualidade insuficiente impede gravidez.
Os tratamentos de fertilidade também têm uma taxa de insucesso maior e muitos especialistas defendem que estas mulheres deveriam tratar a obesidade antes de se submeterem a eles. Como se não bastasse, e no caso de engravidarem, as mulheres obesas têm risco acrescido de causar danos à saúde do feto, nomeadamente doenças cardiovasculares, renais e do tracto urinário, segundo um estudo divulgado pela European Association for the Study of Obesity.
2. A maior parte dos medicamentos estão pensados para pessoas com pesos normais.
Mulheres obesas, tal como pessoas com tamanhos ou massa muscular anormalmente elevadas, podem ter de aumentar as doses, sobretudo quando se trata de remédios com composições lipossolúveis, isto é, que se dissolvem na gordura. É o caso de tranquilizantes, anti depressivos e comprimidos para as dores. Apesar de ser relativamente raro e mais provável em pessoas muito obesas, se tiver peso a mais e sentir que os medicamentos não estão a fazer efeito confira as doses com o seu médico.
3. Pode ter de fazer mais exames nas mamografias
As mulheres obesas têm mais probabilidade de vir a sofrer de cancro da mama, nomeadamente devido aos desequilíbrios hormonais a que estão sujeitas com a elevada produção de estrogénios, a hormona feminina. É conveniente, por isso, estar atenta e fazer exames regularmente. Mas, além disso, podem “ter de fazer mais exames radiológicos nas mamografias, no caso da mama ultrapassar o tamanho do aparelho que é usado para fazer a radiografia. “Para termos a certeza de que todo o tecido mamário é examinado, pode ser necessário fazer mais radiografias”, explica o radiologista José Carlos Marques.
4. A pílula pode ser menos fiável
Uma investigação realizada no centro de pesquisa do cancro Fred Hutchinson, em Seattle, demonstrou que mulheres com excesso de peso têm mais 60% de probabilidades de engravidar se usarem a pílula como anticoncepcional. Esta percentagem sobe para os 70% no caso de mulheres obesas A causa, diz-se no estudo citado pela BBC, está nos baixos níveis de estrogénio e progesterona das pílulas para a massa corporal destas mulheres e no facto destas substâncias serem absorvidas pelos tecidos gordos. A pílula deve pois ser evitada – até porque aumenta o risco de doenças cardiovasculares a que as mulheres obesas estão já mais sujeitas por natureza – ou complementada com outros métodos anticoncepcionais como o preservativo.
5. Cuidado a medir a tensão
É sabido que os obesos têm um alto índice de problemas relacionados com a tensão arterial alta. O que nem sempre se tem em conta é que as braçadeiras insufláveis dos aparelhos que a medem são demasiado pequenas para estas pessoas e se ficarem muito apertadas podem dar resultados erróneos. Se o braço tiver um diâmetro superior a 34 centímetros será conveniente usar uma braçadeira maior ou então pedir às enfermeiras para colocarem a braçadeira no antebraço. Terá de ter em conta de que os valores também podem ser subestimados se a braçadeira estiver muito larga. “Em última análise, estes erros podem levar a que a pessoa seja medicada para doenças que na realidade não tem”, alerta o endocrinologista Luís Sobrinho, “E apesar de haver sempre uma margem de erro na medição da tensão de qualquer pessoa, este aumenta com a obesidade”, explica.