As ciências que estudam a alimentação e a sua interacção com a saúde do Homem são relativamente novas, e todos os dias são publicados estudos em todo o globo sobre estes temas. No entanto, de quando em vez, aparece um resumo de estudos anteriores, dando-nos uma ideia mais abrangente, mais fundamentada, do que é a realidade desta relação alimento/saúde. Em Fevereiro deste ano foi publicada, na American Journal of Clinical Nutrition, uma destas revisões do conhecimento feita por especialistas de vários países, incluindo a Universidade de Harvad e o Instituto Karolinska, com resultados animadores.
Ao juntar os dados obtidos em 11 investigações feitas na Europa e nos Estados Unidos verificou-se mais uma vez que é uma boa estratégia para a saúde do coração reduzir a gordura saturada, que normalmente é sólida à temperatura ambiente. Mas se pensarmos bem, ao reduzir um nutriente que nos fornece energia teremos de aumentar outro, de modo a poder viver, crescer e já agora conseguir cumprir as tarefas diárias.
Ora a questão que surpreendeu os cientistas foi que o risco de vir a desenvolver doença cardíaca é superior se reduzirmos as gorduras saturadas e aumentarmos o consumo de hidratos de carbono (pão, arroz, batata, massa, feijão…). Ao contrário, o mesmo risco diminui quando esta substituição se faz com gorduras poli-insaturadas (como as abundantes nos óleos vegetais feitos com sementes de milho, trigo, etc.), sendo que não haveria alteração do risco nas gorduras mono-insaturadas (típicas do azeite e óleo de amendoim).
A grande conclusão a retirar deste artigo será a certeza de se poder usar óleos vegetais com segurança, sabendo que não se está a cometer nenhuma falha grave alimentar. Este tipo de gordura, associado tradicionalmente a fritos, pode ser usado noutro tipo de confecções, como os estufados, guisados, assados ou para temperar em crú. Sozinho ou em conjunto com o azeite, é útil quando se pretende um sabor mais suave, que não mascare o sabor dos alimentos, ou até quando se pretende tornar o prato mais económico.
Mas atenção, o estudo não diz que o óleo é melhor que o azeite, pois não descreve que tipo de alimentos fornecia esta gordura mono-insaturada. Os benefícios do azeite não provêm apenas do seu tipo de gordura, mas essencialmente dos fitoquímicos, conjunto de substâncias com efeitos a nível da saúde das veias e artérias. E já agora não se esqueça que o benefício de usar azeite ou óleo vegetal perde-se quando há exagero nas quantidades, e por isso é sempre importante ser moderado nas quantidades!