Tão certo como as marés ou as fases da lua, o aproximar do Verão traz consigo as preocupações com a linha e a vontade de exibir um bronzeado de fazer inveja. É nesta altura que se decide recomeçar a dieta iniciada depois do Natal (“Vou começar o ano em beleza”) ou da Páscoa (“Agora é que é!”) e se lança mão dos anti-celulíticos e dos autobronzeadores.
Já se sabe que não há fórmulas milagrosas, mas sabe-se sobretudo que, mais do que atacar o problema a partir de fora e em cima da hora, o mais eficaz é partir do interior (literalmente) e antecipar-se à época balnear. E isto vale não só para a perda de peso como para o bronzeado. Afinal, ficar a torrar ao sol em sessões intensivas de ‘trabalho para o bronze’ está fora de moda e faz mal à saúde e os auto-bronzeadores, embora consigam dar à pele uma cor com cheirinho a praia, esta não dura para sempre.
Mas também não vale a pena desesperar, o que tem a fazer é usar o conhecimento das mais recentes investigações na área da nutricão e da biologia para montar um plano de ataque. Com os alimentos certos na combinação adequada pode, além de perder umas gordurinhas, ficar com um tom de pele apetecível! E é mais fácil do que possa pensar, um regime rico em nutrientes que favoreçam a produção de melanina nos dois meses anteriores à exposição solar não só ajuda a conseguir um bronzeado mais rápido como a que este se mantenha durante bastante mais tempo. A ideia não é apenas bronzear mais depressa mas também bronzear melhor. Para isso, à dieta usual – que passa geralmente pela diminuição de gorduras e hidratos de carbono e o aumento da ingestão de frutas e verduras – há que juntar nutrientes específicos que têm o condão de preparar a pele para o sol. E aqui as palavras mágicas são: caratenóides e antioxidantes.
Caratenóides, os químicos das plantas
Se acha a palavra estranha e difícil de pronunciar, não se preocupe porque vai ficar a saber que os caratenóides são substâncias fitoquímicas (provenientes dos vegetais) responsáveis pela cor vermelha, amarela e laranja de certos alimentos e com propriedades benéficas para a saúde, nomeadamente da pele. O betacaroteno, também chamado de pró-vitamina A, é o mais conhecido, mas a zeaxantina, o alfacaroteno, a betacriptoxantina, o licopeno são outros caratenóides com capacidade para activar a produção de melanina e proteger a epiderme dos efeitos nocivos dos raios ultra-violeta já que combatem os radicais livres responsáveis pelo envelhecimento celular.
Como são facilmente destruídos quando cozinhados, por isso, o ideal é ingerir os alimentos que os contêm crus.
Betacaroteno
Porque faz bem: este pigmento vegetal é convertido pelo organismo em vitamina A ou retinol (a forma activa da vitamina A) que estimula a produção de melanina, o tal pigmento que dá cor à pele. Tem um papel fundamental na visão, contraria os efeitos do envelhecimento celular e tem um efeito positivo nas doenças cardiovasculares.
Onde se encontra: na cenoura, damasco seco, polpa de tomate, batata-doce, nêspera, melão, couve-galega, repolho, papaia, kiwi, agrião, espargos, espinafres, nabos, brócolos.
Alfacaroteno
Porque faz bem: Os estudos realizados sugerem que o alfacaroteno tem efeitos mais poderosos do que o caroteno apesar de se encontrar em doses menores nos alimentos.
Licopeno
Porque faz bem: responsável pela cor vermelha do tomate, o licopeno aumenta a capacidade de resistência aos raios ultravioletas e reduz as probabilidades de contrair cancro da próstata, estômago, pulmão e colo do útero.
Luteína
Porque faz bem: protege a pele e os olhos das radiações solares.
Zeaxantina
Porque faz bem: tem um feito protector dos raios ultra-violeta.
Onde se encontra: milho, nectarina, papaia, laranja, melão, brócolos, maçã e pêssego.
Ómega 3 faz bem à pele
Os caratenóides são substâncias lipossolúveis, isto é, dissolvem-se na gordura, pelo que consumir uma percentagem das chamadas gorduras boas, os chamados ácidos gordos essenciais ou ómega 3, estimula a sua absorção pelo organismo. Além disso, estas gorduras, presentes nos peixes gordos como o salmão e sardinha, ajudam a reparar os efeitos nocivos do sol e a manter o tónus da pele, por isso certifique-se de que não as exclui totalmente da dieta.
Antioxidantes, os benfeitores da pele
Se os carotenóides estimulam a produção de melanina e aceleram o processo de bronzeamento, os antioxidantes vão proteger a pele dos efeitos dos radicais livres e evitar o seu envelhecimento precoce. A vitamina C, E e o betacaroteno são antioxidantes bem conhecidos, mas os flavonóides, presentes nos chás verdes e preto, maçãs, couve, cebolas, derivados da soja, salsa, beringela e pimenta, parecem ter uma capacidade ainda maior neste domínio. O efeito dos antioxidantes é maior quando são consumidos em associação uns com os outros. Por isso, certifique-se de que combina os flavonóides com vitaminas C, E e do complexo B, e minerais como o zinco, ferro, cobre e selénio.
Vitamina C
Porque faz bem: favorece a formação de novo tecido cutâneo e protege a pele dos radicais livres, evitando o seu envelhecimento prematuro. É vital para a produção de colagénio e tem uma função importante na cicatrização de feridas e queimaduras.
Vitaminas do complexo B
Porque fazem bem: essenciais na manutenção do metabolismo das células, nomeadamente dos tecidos conjuntivos e mucosas, estas vitaminas ajudam a manter a saúde da pele, do cabelo e das unhas.
Vitamina E
Porque faz bem: combate os radicais livres, fortalece as paredes dos capilares e previne os danos causados pelo excesso de exposição solar.
Zinco
Porque faz bem: contribui para a renovação da pele.
Selénio
Porque faz bem: associado à vitamina E, é um poderoso antioxidante que ajuda a manter a elasticidade dos tecidos e a compensar os danos causados pelo sol.
Onde se encontra: gérmen de trigo, cereais integrais, peixe, levedura de cerveja e nozes.