As descobertas de um grupo de cientistas britânicos podem representar um ponto de viragem na luta contra doenças como o Alzheimer. Estima-se que esta doença afete cerca de 90 mil portugueses.
Na doença de Alzheimer o cérebro fica obstruído por uma classe tóxica de proteínas, as beta-amilóides, que formam placas no cérebro, obstruíndo-o e levando à perda de memória e declínio cognitivo. Até agora, o objetivo dos cientistas tem sido encontrar uma droga que consiga decompôr e destruir estas placas. Mas uma investigação recente financiada pelo Conselho de Pesquisa Médica britânico, aborda o problema de uma perspetiva diferente: quer entender de que forma elas danificam as células cerebrais.
Da mesma forma como uma espreguiçadeira precisa de ser aberta e fechada de uma certa maneira, as nossas células também necessitam de ser dobradas da forma correta, para funcionarem normalmente, o que não acontece num cérebro afetado por Alzheimer.
Experiências feitas em ratos revelaram que estas proteínas deformadas não matam diretamente as células cerebrais; elas morrem na tentativa de se protegerem, acabando por parar de fazer novas proteínas, algumas das quais vitais para a sobrevivência. Os testes incidiram sobre priões, proteínas ‘mal-dobradas’ que causam uma doença degenarativa do sistema nervoso de ovelhas e cabras, similar ao de doenças que afetam o sistema nervoso humano, como o Alzheimer ou o Parkinson.
Os cientistas experimentaram, depois, uma nova droga que recupera a produção normal de proteínas. Quando foi dada a ratinhos de laboratório, os animais tratados ficaram livres de sintomas, enquanto os não tratados desenvolveram problemas de memória, movimento e acabaram por morrer, segundo a revista Science Translational Medicine.
Qualquer medicamento que possa surgir desta descoberta ainda necessita de vários anos de desenvolvimento, pelo menos 10, uma vez que a droga tem efeitos colaterais graves. Mas este estudo é apontado como uma luz ao fundo do túnel, no sentido de compreender a forma como o Alzheimer progride e quais os fármacos que poderão ajudar a tratá-lo.