Como quase toda a gente sabe por experiência própria, há vários tipos de tosse, mas todos têm qualquer coisa em comum: podem ser esgotantes. A tosse é tão típica do inverno que nem perguntamos o que é e para que serve. Mas pode ser um indicador precioso daquilo que temos de errado. Ao contrário do que se pensa, não é uma doença em si, é um sintoma de que qualquer coisa não está bem, e uma defesa do organismo.
Basicamente, a tosse pode ser tudo: de resfriado a cancro, passando por milhares de outras aflições. Mas há dois tipos de manifestação, que correspondem à primeira pergunta que o seu médico lhe fará: tem tosse seca ou com expetoração?
A seca é um tipo de tosse alérgica que causa aquele formigueiro e tende a perpetuar-se, porque irrita cada vez mais a garganta. Pode ser o princípio de um resfriado ou de uma otite. Há quem tome pastilhas para ‘amaciar’ a garganta, mas às vezes o tratamento não é tão simples. “Este tipo de tosse está muitas vezes ligado ao ar condicionado, que além de secar o ambiente seca as mucosas”, explica Paula Boavista, médica de Clínica Geral. O ar condicionado mal limpo torna-se facilmente uma fonte de bactérias. “Na maioria dos casos, liberta poeiras e pó que desencadeiam tosses. Além disso, em muitos dos sítios o ar condicionado vem do chão, arrastando tudo o que lá está…” Este tipo de tosse é tratado com anti-histamínicos associados a antitússicos, mas pode ser difícil de controlar, e pode ser preciso fazer antibiótico.
Muitas pessoas conhecem a variante ‘tosse de cão’, um tipo de tosse seca mas que vem cá de baixo, dos pulmões. “Geralmente acontece em pessoas que já tiveram infeções brônquicas, tosse convulsa por exemplo. A tosse cavernosa pode acompanhar infeções respiratórias.”
Passa aí o xarope…
O segundo tipo de tosse – com expetoração – é útil para limpar as vias respiratórias. É a típica tosse de fumador e de quem tem alergias, asma ou infeções. “Pode ser sinal de sinusite ou rinite, aquele caso típico em que a pessoa passa a noite inteira a engolir expetoração e acorda quase engasgada”, lembra Paula Boavista.
A tosse de fumador pode indicar uma bronquite crónica ou mesmo um enfisema. “Embora tenha os mesmos sintomas de farfalheira e falta de ar, o tratamento de uma bronquite e de um enfisema é completamente diferente: num enfisema, as unidades funcionais pulmonares, os alvéolos, rebentaram. Por isso, não se vai dar um broncodilatador…”, explica a médica.
Tosse com expetoração trata-se geralmente com broncodilatadores e expetorantes. “Mas a água é o melhor expetorante que existe." Os expetorantes são úteis mas não podem prolongar-se durante muito tempo, porque podem ter um efeito irritativo e perder eficácia. Os antitússicos não devem ser utilizados nestes casos, pois o objetivo é expulsar as secreções acumuladas.