Nem toda a gente reage do mesmo modo à ansiedade, e o que para uns é normal constitui para outros um sinal de alerta. É essencial, por isso, saber ouvir o corpo e perceber os sinais de alarme, assim como aprender a relaxar da forma mais indicada para si. Veja o tipo em que se enquadra melhor e como evitar chegar ao limite.
AS EFICIENTES
O facto de não terem coisas por fazer constitui uma causa de stresse e encherem–se de trabalho é uma forma de sentirem que controlam a própria vida. Andam sempre de lista de actividades em punho. Aliás, têm listas de tarefas diárias, semanais e mensais, bem como itens de objectivos a cumprir a 5 e a 10 anos. E são felizes assim. Pelo menos até começarem a ter palpitações, taquicardia, suores frios e exaustão mental.
Como devem relaxar
Não queira fazer tudo. As listas podem ser viciantes e chegam mesmo, nalguns casos, a tomar proporções alarmantes. Antes que a lista tome conta de si, trate você dela: sempre que fizer uma lista, habitue-se a eliminar dois itens por dia.
Aumente a actividade física. Quando sentir que está a chegar ao limite, gaste energia física. O seu problema é que se concentra demasiado na dimensão mental.
Suba escadas, dê um passeio à hora do almoço, vá correr de manhã.
Faça uma coisa de cada vez. Para quê atender dois telefones enquanto acaba um memorando e aperta os atacadores? A não ser que esteja a tentar concorrer para a malabarista mais original do ‘Guinness’, é muito mais stressante fazer tudo ao mesmo tempo, além de que irá demorar o dobro do tempo que precisaria para acabar cada uma das tarefas.
Divirta-se a trabalhar. Uma vez que deitar-se no sofá no final do dia é impensável, arranje maneira de descansar enquanto faz algumas tarefas caseiras à noite. Ouvir música relaxante enquanto passa a ferro ou dançar enquanto estende a roupa são alguns exemplos. Seja criativa, o importante é parar de pensar na tarefa seguinte nem que seja por meia hora.
Ocupar a mente com passatempos mentais é outra opção. Experimente as palavras cruzadas, o sodoku ou o xadrez.
Se quer relaxar bem acompanhada: em vez de estarem a vegetar à frente da televisão, porque não vão passear a pé (levem o cão, se tiverem) ou jogar Trivial Pursuit? Sempre aprendem qualquer coisa nova e a sua cabeça está ocupada ao mesmo tempo que o corpo descansa.
AS ESCAPISTAS
Poderá encontrá-las na ioga às sete da manhã ou em grupos de meditação pós-laboral. Apesar de terem uma vida agitada, só relaxam quando se entregam à solidão. São adeptas de todo o tipo de retiros e passam facilmente de um workshop sobre a bolsa de valores ao sábado para uma peregrinação a Santiago de Compostela no domingo. Se os seus colegas dizem que anda sempre na Lua, provavelmente tem tendência a ausentar-se mentalmente do trabalho. O perigo? A apatia, a depressão, enxaquecas, dores nas costas e tudo o que seja maleitas crónicas.
Como devem relaxar
Equilibre as obrigações com os momentos de escape de forma mais saudável, para não chegar ao ponto de sentir que o trabalho é uma cruz que tem de carregar todos os dias. Coloque referências agradáveis no escritório: uma planta bonita, um pau de incenso ou uma vela podem ser suficientes. Ouça música relaxante com headphones e tenha um cesto de maçãs na secretária, pois não só são um excelente lanche como têm um aroma bastante relaxante.
Nos momentos de maior stresse, vá para um local onde esteja sozinha, feche os olhos e imagine um sítio paradisíaco. Concentre-se na sensação do sol no corpo e da areia nos pés, no som do mar e das gaivotas e do vento nos cabelos. Colocar fotografias dos refúgios favoritos na secretária também é uma boa forma de ‘escapar’ durante uns minutos.
Seja voluntária. mas com convicção! Diversos estudos têm demonstrado que fazer bem aos outros reduz alguns sintomas ligados ao stresse, como dores de cabeça e de costas.
Se quer relaxar bem acompanhada: peguem nas bicicletas e vão passear. Façam ginástica juntos. Sabia que o exercício liberta endorfinas, as hormonas do prazer? Mesmo que o dinheiro não chegue para a mensalidade do ginásio, basta dar uma caminhada higiénica depois do jantar.
Não só se exercitam como durante esses minutos conversam.
AS FRENÉTICAS
A mera ideia de se sentarem a meditar provoca-lhes suores frios se não puderem correr um quilómetro antes.
Andam mais rápido do que o normal, nunca estão quietas e vivem a cem à hora entre a escalada, o kickboxing e o hóquei em patins. Claro que aqui o perigo reside no desgaste físico.
O corpo tem limites que convém respeitar, sob pena de chegar o dia em que não se consegue levantar da cama, desenvolve problemas nas articulações e hérnias.
Como devem relaxar
O maior perigo reside na exaustão. Em vez de dispersar energias à toa, planeie as sessões de exercício de forma mais estratégica. Ir ao ginásio a seguir ao trabalho serve para libertar alguma tensão acumulada e é uma espécie de recompensa no final do dia. Mas ir de manhã e à hora do almoço já é dispensável.
Recorra à visualização criativa. Se ficar sentada à secretária durante algumas horas lhe provoca comichão, use a visualização para se imaginar a pedalar montanha acima, de camisola amarela.
O mero facto de pensar em algo de que gosta diminui o stresse. Exercícios isométricos, como empurrar os pés contra o chão enquanto contrai os músculos abdominais durante 10 segundos, também podem ser muito úteis.
Relaxe. Mesmo os atletas de alta competição registaram menores índices de stresse e depressão quando aprenderam técnicas de relaxamento.
Se meditar ou fazer taichi é demasiado lento para si, tente pelo menos uma aula de Pilates ou uma arte marcial como o aikidô, que ensina diversas maneiras de controlar o corpo e a mente.
Divida o tempo que gasta habitualmente a fazer exercício e use metade para resolver problemas. Se teve uma discussão de família, liberte o stresse durante meia hora a correr e use o tempo que sobra para pensar na melhor forma de resolver a situação.
Se quer relaxar bem acompanhada: vá ao cinema com ele e descontraia-se. Dê-lhe a mão, como faziam nos tempos de namorados, e (re)descubram o Oceanário: aquele azul é calmante.
AS PREOCUPADAS
Parece que trazem o mundo em cima dos ombros. Preocupam-se com tudo, desde as coisas mais comezinhas terão deixado o CD fora da caixa a apanhar pó? até ao aquecimento global. O resultado é um ciclo vicioso de preocupações que são interiorizadas e se manifestam depois em sintomas físicos, como depressão, ansiedade, tensão alta, e maleitas crónicas, como reacções cutâneas, acne e herpes, sinal de que o sistema imunitário anda em baixo. Nos casos mais extremos, não são capazes de desabafar as preocupações e acabam a ruminá-las em frente da televisão, o que perpetua o ciclo.
Como devem relaxar
Estabeleça duas zonas distintas em casa. Uma pode ser uma secretária, por exemplo será a ‘zona da preocupação’, onde acumula contas para pagar, atende e faz telefonemas. Pode reservar 20 minutos por dia para se preocupar, mas só naquela área. Já a zona ‘livre de preocupações’ deverá ser um espaço privado onde os familiares não a incomodem, não atende telefones nem pensa em coisas que a perturbem.
Recorra aos amigos assim que sentir uma ponta de preocupação. Desta forma divide o mal pelas aldeias e evita o acumular da tensão. Os amigos são um óptimo apoio e podem dar-nos uma perspectiva diferente das situações.
Brinque com os bichos. Vários estudos têm vindo a comprovar que o contacto com animais de companhia, como cães e gatos, consegue baixar os níveis de ansiedade e a tensão arterial. Reserve algum tempo para se divertir com eles e fazer-lhes festas (sem se pôr à cata de pulgas ou a avaliar o estado do pêlo do bichano).
Transponha as preocupações para o papel. A escrita pode ser uma boa terapia, já que promove um sentimento de controlo sobre os sentimentos.
Vá ao cinema ver um filme bem-disposto ou vá ao clube de vídeo alugar uma comédia ou um drama. Às vezes, chorar um bocadinho liberta a tensão.
Se quer relaxar bem acompanhada: peça-lhe para ele lhe fazer uma massagem nos pés ou encham a banheira de água bem quentinha, acendam velas aromáticas e ponham música.
NUNCA IRÁ ACALMAR SE.
Há várias ideias feitas que, mesmo sem nos apercebermos, nos tornam inutilmente infelizes… e stressadas.
1. Pensar que ter muitas coisas para fazer é um sinal de sucesso. Esta crença faz com que as pessoas se sintam frustradas quando não conseguem estar no topo da carreira, tirar um mestrado, criar três filhos e pintar como Picasso, tudo ao mesmo tempo. Na realidade, as pessoas com maior sucesso são as que sabem distinguir as coisas verdadeiramente importantes e centrar-se nelas. . não tirar prazer das pequenas coisas. Se já não se surpreende com nada e precisa de cada vez mais para se sentir entusiasmada, então talvez precise de começar a apreciar mais as pequenas coisas. É uma contabilidade muito simples: quanto mais desfrutar de cada coisa que lhe dê prazer mais pontos acumula no ‘prazerómetro’ da vida. . achar que só ganhando o Totoloto é que seria feliz.
2. Queria ter um Jaguar e não pode? Paciência, há muita gente igual a si. Mas não faça disso um bicho-de-sete–cabeças. Se acha que o dinheiro desaparece da sua conta como areia entre as mãos, aponte num bloco as suas despesas.