Os muitos fãs de ‘Clínica Privada’ iam tendo um AVC quando assistiram à doce Dra. Violet atacada na sua própria casa por uma paciente tresloucada que se propunha alegremente fazer-lhe uma cesariana ‘doméstica’ para lhe tirar a criança que, segundo a louca, lhe pertencia. A cena já de si capaz de afectar qualquer coração, inclusive os de pedra, tornou-se muito pior porque… não teve fim.
Pois foi: ficámos todos pendurados à beira do abismo com vontade de ligar para os produtores da
ABC
e dizer: “E agora???!!!! An????? Seus sádicos!!!! Vão deixar uma louca de bisturi em frente da coitadinha da Violet, durante três meses, é isso?”
Em resumo, é… Sendo que a terceira série de ‘Clínica Privada’ só deve arrancar lá para Setembro, nada a fazer senão esperar e ir fazendo umas novenas a, deixa cá ver, terá Santo António alguma palavra em guiões de séries?
Com um sólido grupo de admiradores, a série que derivou da ‘Anatomia de Grey’ não teve, contudo, um princípio de vida fácil. Apanhada em pleno turbilhão da greve de guionistas, ‘Clínica Privada demorou a conquistar a sua audiência.
Ainda por cima, o enredo não ajudava: muito baseado nas vidas pessoais dos médicos de uma clínica – estranhamente pacata em comparação com o caos do Seattle Grace da ‘Anatomia’ – cedo começou a ficar sem assunto. Sejamos realistas: há um limite para o número de ‘affaires’ que podem ter entre si três médicos e três médicas, mais coisa menos coisa. Depois de terem dormido todos uns com os outros em todas as variantes possíveis, com uns extras à mistura para desenjoar, – a tal ponto que a namorada de um deles às tantas desabafa – “Vocês são todos uma enorme família incestuosa!” – podia-se pensar que o público a certa altura os mandava passear.
Não. Estranhamente, a coisa pegou. Estranhamente, ninguém sabe porquê.
Claro que há explicações para o sucesso. Primeira hipótese: ‘Clínica Privada’ é transmitida logo a seguir à ‘Anatomia de Grey’, o que, parecendo que não, ajuda.
Segunda hipótese: tem um dos homens mais giros à face da Terra –
Tim Daly
, como o Dr. Peter Wilder, embora seja uma das personagens mais choninhas alguma vez criadas (ele nem sequer conseguiu fazer um filho que não fosse em co-produção…).
Terceira hipótese: ‘Clínica Privada’ tem uma das mulheres mais giras à face da Terra –
Kate Walsh
– como Addison Montgomery, não nos anima muito porque passamos o episódio a insultá-la, mas carrega a série às costas e é tão boa actriz que dez minutos depois já nem nos lembramos que queremos ser assim altas, espadaúdas e flamejantes numa próxima reencarnação.
De qualquer maneira, foi uma maldade que fizeram connosco, e não sabemos se conseguimos esperar até Setembro penduradas no abismo. Até já houve seguidores encalorados que propuseram ‘continuações’ menos cristãs, do tipo: mandem a Violet para os anjinhos e depois fecha-se a clínica por motivo de remorsos.
Que, pelo menos neste momento, parece um remate pouco provável. Mas é bom que o primeiro episódio da terceira série de ‘Clínica Privada’
, venha ele quando vier, valha muito mas mesmo muito a pena…
SABIA QUE…
– Kate Walsh já fez de namorada de
Sandra Oh
(sua colega na ‘Anatomia de Grey’), no filme ‘Under the Tuscan Sun’. Também foi modelo no Japão, nos anos 80. Os japoneses ficaram fascinados com a sua altura (1m e 78). Tal como a sua personagem, também não tem filhos, mas tem dois cães e dois gatos.
– Tim Daly pode parecer emocionalmente frágil e indeciso na série ‘Clínica Privada’, mas na vida real é casado há 27 anos (com a actriz
Amy Van Nostrand
) e tem dois filhos.
–
Amy Brenneman
(Violet) é filha de uma das primeiras juízas americanas. Ela própria se formou na Universidade de Harvard, em História comparada das religiões. Ainda passou um semestre no Nepal a estudar danças sagradas, antes de se integrar numa companhia de teatro clássico.
–
Audra MacDonald
(Naomi) é mais conhecida como actriz da Broadway, onde além de ser actriz é uma cantora fantástica. Foi a actriz mais nova a ter ganho três Tonys (prémios atribuídos aos que mais se distinguem nos palcos americanos). Entretanto já ganhou mais um.