Amy Winehouse pertence agora ao clube dos 27. Junta-se ao líder dos Doors, James Morrison, ao membro dos Rolling Stones, Brain Jones, ao músico Jimi Hendrix, Curt Cobain, líder dos Nirvana, ao ator James Dean, à cantora Janis Joplin, que fizeram do lema ‘viver depressa morrer novo’ uma irónica constatação de que a fama e a juventude andam unidos e são a substância que edifica os mitos. Todos eles se tornaram eternos. Todos morreram vítimas dos seus excessos, fossem drogas, álcool ou, no caso de James Dean, o gosto pela velocidade.
Tudo na vida de Amy Winehouse, cantora britânica, dona de uma voz portentosa, transportava alusões diretas a este fim. Sem ilusões, Amy era tanto ou mais famosa pelos seus excessos – e o palco era um espaço onde, ao contrário de os esconder, parecia fazer apanágio de os exibir, como artista que transmuta a arte em vida. Amy Winehouse era uma figura grande. Era uma figura trágica.
Cantora e autora de letras, Winehouse fundia nas suas músicas o r&b, soul e jazz, e lançou a sua curta mas apoteótica carreira com o álbum Frank, em 2003, seguindo-se, três anos mais tarde, aquele que é já um clássico – Back to Black -, que lhe deu o direito a cinco nomeações para os Grammy, das quais arrecadou cinco, entre os quais melhor cantora revelação, melhor álbum do ano e melhor canção. Stronger than Me, Rehab, Love is Losing Game e Back to Back tornaram-se hits instantâneos e Amy Winehouse estava no auge da popularidade, com concertos esgotados, capas de revistas e uma legião de fãs.
Amy Winehouse, a menina do cabelo estranho e das tatuagens, dos olhos marcados de negro, do cigarro na mão e do copo na outra, da pose tão provocante como desafiadora, tinha ganho um lugar ao sol. Mas a sua presença nos media, em especial nos tablóides, rapidamente se começou a dever a tudo menos à sua carreira. Os problemas com abuso de drogas e álcool e o comportamento autodestrutivo chamavam a atenção desde 2007 e vendiam, vendiam muito.
Nos amores, Amy Winehouse também não era fã de calmia. O seu casamento conturbado com Blake Fielder-Civil, de quem se divorciou em 2009, após dois anos de união, envolveu brigas e mesmo nódoas negras após as discussões. Blake é inclusive apontado como quem introduziu Amy no mundo da cocaína, heroína e crack.
Amy Winehouse, a menina que cantava You Know I’m No Good com todo o coração, morreu, aos 27 anos, na sua casa em Londres. Não é de certo um fim inesperado para quem fez da vida o palco e do palco o lugar de todas as reinvenções.