Aquilo que para algumas mulheres parece um ato amoroso e protetor, para outras é uma insuportável manifestação sexista e paternalista, como o provam as últimas declarações da atriz britânica Helen Mirren, 70 anos, à ‘You’, revista do jornal britânico Daily Mail. “Irrita-me ver os homens com o braço à volta dos ombros da namorada. É como uma afirmação de propriedade. É claro que quando somos novas queremos que ele nos pegue na mão e tome conta de nós. Mas quando vejo que eles se apoiam nelas dessa forma, só me apetece dizer: ‘Diz-lhe para tirar o raio do braço de cima de ti!’”
A decana da representação, que já encarnou a rainha Isabel II no cinema, afirmou também que as mulheres ainda têm um caminho longo a percorrer no mundo moderno, “tentando encontrar o seu lugar na era da liberdade sexual, contraceção, educação e independência financeira. Ainda estamos a tentar encontrar o nosso trilho. E sim, temos feito muitos erros pelo caminho.”
Feminismo é um assunto muito sério para Mirren, casada há quase 20 anos com o realizador Taylor Hackford, depois de outros 11 anos de relação. “Nem sequer vejo isso como uma questão ideológica ou política. Somos metade da população. Nem sequer o vejo como uma causa. É bastante óbvio.”
Meios de comunicação como o jornal ‘The Independent’, dão conta das críticas de outras mulheres e de outros feministas (até porque também há homens feministas) que não concordam com a posição da atriz, dizendo que está a “estigmatizar e marginalizar mulheres de outras culturas onde o ato de pôr o braço à volta dos ombros de uma mulher pode ser visto como glorificação da emancipação feminina.”
O jornal britânico The Telegraph conduziu um inquérito online a propósito da questão, perguntando ao leitores se viam este ato como uma demonstração sexista, ao que 95% (até à data) teriam respondido: “Não, é apenas uma inocente demonstração de afeto em público”.