Nicki Minaj quer saber de música e não de política. Apesar de muitos protestos por parte de ativistas, a rapper apresentou-se perante uma lotação esgotada no Estádio dos Coqueiros, em Luanda, Angola, no passado dia 19 de dezembro.
O concerto polémico decorreu no âmbito de uma festa de Natal da Unitel, que é detida, em parte, pela família do controverso Presidente José Eduardo dos Santos. Lembre-se que o político tem sido acusado de corrupção, má governação e intimidação no país, que sofre de pobreza endémica apesar de ser o segundo maior produtor de petróleo do continente africano.
Várias organizações de defesa dos direitos humanos alegaram que a presença de Minaj em Angola podia ser vista como “um apoio” ao regime do chefe de Estado angolano, tal como conteceu com Mariah Carey, em 2013.
“A Nicki Minaj está a seguir os passos de Mariah Carey, ao aceitar insensivelmente dinheiro de um ditador (…) que tem sufocado a liberdade de expressão de forma eficaz e implacável”, afirmou Jeffery Smith, da organização Robert F. Kennedy Human Rights. “Esta repressão persistente sobre os direitos humanos básicos em Angola tem atingido ativistas, membros da oposição, jornalistas e até músicos”, reforçou Smith.
Já para a Human Rights Foundation, representada pelo presidente Thor Halvorssen, “uma artista de nível global” não deve fazer negócios “com a ditadura corrupta de Angola e apoiar uma empresa da família [dos Santos]”.
A cantora, que terá recebido dois milhões de dólares para se apresentar no país, partilhou dois vídeos do espetáculo no Instagram. “Angola tem o meu coração”, diz a descrição de um deles.
Minaj, de 33 anos, publicou ainda uma foto com Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano e a mulher mais rica de África.
“Oh nada de mais… ela é apenas a oitava mulher mais rica do mundo (pelo menos foi o que me disseram antes de tirarmos esta foto). Girl Power! Isto motiva-me tanto! Isto é para qualquer mulher que persegue dinheiro. Ganhem o vosso! O sucesso está à vossa disposição! Obrigada, Angola e também às mulheres que me trouxeram cá” , lê-se no texto que acompanha a imagem.