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Carla Chambel ganhou o prémio Sophia 2016 para Melhor Atriz Secundária, pela sua participação no filme ‘Se eu fosse ladrão, roubava’

Que avaliação faz da evolução dos prémios Sophia de 2012 até agora?

Muito positiva. Julgo que o mais difícil é criar uma identidade, um cunho que os distinga dos outros que já existem há muito mais tempo. E, ano após ano, os Sophia estão cada vez mais a encontrar o seu lugar, na forma como se apresentam, nos conteúdos criados durante a cerimónia, mas acima de tudo é uma festa dos profissionais do cinema, onde se pretende o reconhecimento de todas as áreas do cinema e por consequência a valorização dos seus profissionais.

E da Academia de Cinema? Continua a observar-se uma resistência do sector? Qual a razão dessa resistência?

A Academia surgiu da vontade de criar os prémios Sophia mas desde a sua génese que é muito mais do que isso. O seu papel estende-se, neste momento, a várias ações que julgamos fundamentais para a atividade cinematográfica. Criaram-se os Sophia Estudante, numa clara aposta na valorização das escolas dedicadas ao cinema e audiovisual. Criou-se o Passaporte, uma ideia inédita a nível internacional da Patrícia Vasconcelos, que promove encontros de atores portugueses com diretores de casting internacionais. A Academia associou-se à Academia De Cinema Europeu (EFA) e promove, pelo segundo ano, o prémio de Audiência Jovem, o EFA Young Audience Award, cumprindo mais um dos seus objetivos na formação do público jovem. O prémio Bárbara Virgínia que distingue anualmente uma profissional do cinema. Está a conseguir cada vez mais parcerias. Estes são só alguns exemplos que, a pouco e pouco, vão ganhando o reconhecimento do setor. Claro que ainda existe uma desconfiança, o medo dos compadrios, uma falta de conhecimento. Para isso a Academia está a trabalhar a comunicação das suas ações e dar a conhecer a sua vontade honesta de valorizar o cinema português. É sempre difícil fazer do nosso projeto o projeto de todos, mas, pouco a pouco, vai-se conquistando um espaço e uma identidade. Tudo isto concretizado com uma equipa muito pequena que dá do seu tempo para que as ideias vejam a luz do dia.

O ator Ruy de Carvalho (prémio Mérito e Excelência 2017), a atriz Adelaide João e o diretor de fotografia Elso Roque (ambos distinguidos este ano com o prémio Carreira), qual o seu maior contributo para a indústria?

São três grandes referências no meio do cinema e do audiovisual. O Ruy é um profissional admirado pela maioria dos seus pares pela sua generosidade, pela sua postura no trabalho. De cada vez que se trabalha com ele aprendemos alguma coisa. Aprendemos com ele a amar esta profissão. A Adelaide é e sempre foi irreverente e isso sempre se traduziu no seu trabalho. É das atrizes com mais filmes no seu currículo. A marca do Elso está em filmes incontornáveis do nosso cinema como o ‘Non, ou a Vã Glória de Mandar’, mas também em séries que fazem parte do nosso imaginário como ‘Duarte e Companhia’.

Um/uma jovem a não perder de vista?

A Sara Barros Leitão. Uma lufada de ar fresco e de profundidade.

A Carla Chambel soma mais de 20 anos de carreira. Quais as maiores mudanças que ocorreram na indústria do cinema em Portugal? Está hoje mais democratizada? Qual o impacto da tecnologia nessa democratização?

Há uma coisa que não mudou, claramente. O amor que os profissionais de cinema têm pela sua arte. Continua-se a fazer cinema porque existe uma dedicação incrível de quem o faz. Continua–se a fazer omeletes com poucos ovos. A tecnologia tem permitido que se filme muito mais. E isso é benéfico para o cinema porque há mais espaço para a experimentação, para se errar. Vemos o cinema comercial a trazer mais espetadores ao cinema, e isso é fantástico, mas também vemos mais festivais onde a variedade de temáticas permite que os criadores possam ir mais longe e o cinema de autor possa ficar mais rico. As curtas-metragens ganharam especial destaque e permitiram-nos conhecer os novos realizadores. Veja-se o resultado disso em Cannes com o ‘Arena’, do João Salaviza, ou em Berlim com a ‘Balada de Um Batráquio’, da Leonor Teles.

Qual considera ser o melhor filme estrangeiro de 2016?

O que vi no FestIn, vencedor do melhor filme: ‘Big Jato’, de Cláudio Assis.

‘Moonlight’ ou ‘La La Land’?

Perdi os dois…

Ator estrangeiro com quem sonha contracenar?

Morgan Freeman. Ele tem uma forma de olhar que ensina muita coisa. A contracena podia ser só isso. Um olhar e ficaria feliz.

Filme da sua vida?

Continua a ser o ‘Mon Oncle’, do Jacques Tati.

Personagem que gostaria de interpretar?

É só olhar para a História de Portugal. Há um rol delas muito fascinantes.

Que conselhos daria aos seus filhos se um dia dissessem que queriam ser actores?

Que olhassem para a profissão com muito amor e muito respeito. Que vissem muito teatro e muito cinema para conhecerem as diferentes estéticas, os atores, os encenadores, os realizadores. Fazerem formação para terem um espaço onde errar, onde aprender as condutas e as técnicas. Que não se deslumbrassem com as luzes da ribalta e que tivessem os pés assentes na terra.

Por falar em filhos, como sobrevive uma mãe no mundo do espectáculo?

Com uma estrutura familiar forte. Esse pelo menos é o meu grande pilar. Não falo só na questão financeira, mas principalmente na gestão do dia a dia. Os horários de um ator muitas vezes não se coadunam com o quotidiano dos filhos. Muitas vezes levo o meu filho à escola de manhã, depois de ter chegado tarde na noite anterior, fruto de um ensaio ou de um espetáculo, porque essa hora é a única parte do dia em que posso estar com ele, por a conversa em dia, dizer disparates na viagem até à escola. Agora fui mãe novamente e se não fosse a ajuda dos avós seria muito difícil conjugar trabalho e família. Há pouco apoio do estado para podermos-nos dedicar a 100% à maternidade. A legislação protege pouco as mães. Muitas vezes vemo-nos pressionadas a voltar ao trabalho cedo demais porque não temos outra hipótese. Dependemos do bom senso das equipas para poder continuar a dar de mamar. Tem de haver uma grande compreensão e cumplicidade de com quem partilhamos a vida para que a estrutura não abale.

Mulher ou homem, faz diferença quando falamos em oportunidades de trabalho nas artes audiovisuais?

Há tradicionalmente uma escrita que pende muito mais para personagens masculinos. Apercebo-me disso quando a minha agente me informa sobre os próximos trabalhos e me diz logo: “esquece, esta é uma série ou um filme de homens.” Há mais homens a escrever, mais homens a realizar, mais homens a produzir. Logo as histórias de homens aparentemente ganham mais espaço. Aqui e ali surgem algumas histórias só de mulheres, mas é mais raro. Filmes de guerra, filmes políticos, policiais, de ação, logo aqui há uma série de temáticas em que os homens dominam. Depois há questões laborais. Ora se um técnico faz 60 horas semanais como é que uma mulher que foi mãe consegue conciliar estas duas realidades? Eu não sei como é que as minhas colegas de guarda-roupa, de maquilhagem, de direção de atores conseguem mas este é um dos lados duros desta profissão.

Conheça todos os nomeados para os Prémio Sophia 2017

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