Às vezes, a história da produção de um filme é tão ou mais interessante do que a longa-metragem em si. É o caso de “Don’t Worry Darling”, que começou a ser assombrado por controvérsias muito antes da esteia mundial no Festival Internacional de Cinema em Veneza.
O elenco do drama nos bastidores é de luxo: Olivia Wilde, uma atriz multi-hifenada que está a reinventar-se como produtora de filmes comerciais; Harry Styles, uma das estrelas pop mais adoradas do mundo; Jason Sudeikis, a personificação de um tipo porreiro, graças à personagem Ted Lasso; Florence Pugh, uma atriz altamente respeitada e indicada aos Óscares; e Shia LaBeouf, um ator infantil que se tornou um bad boy de Hollywood, cujos problemas pessoais ameaçam arruinar a sua carreira. A combinação de todas estas personalidades tinha tudo para dar uma receita explosiva… e deu.
Eis tudo o que precisa de saber antes de este projeto chegar aos cinemas a 23 de setembro:
Como é que Shia LaBeouf está envolvido?
Originalmente, Shia LaBeouf ia interpretar o protagonista. Porém, o papel acabou nas mãos de Harry Styles.
“O processo dele não condizia com o ethos que exijo nas minhas produções. Ele tem um processo que, de certa forma, parece exigir uma energia combativa e, pessoalmente, não acredito que seja propício para as melhores prestações”, disse Olivia Wilde á revista Variety, sobre o afastamento de LaBoeuf do projeto. “Acredito que criar um ambiente seguro e confiável é a melhor maneira de levar as pessoas a fazerem o melhor trabalho possível. No final das contas, a minha responsabilidade proteger a produção e o elenco. Essa era a minha função”.
Poucos dias após a publicação dessa entrevista, o ator partilhou um trecho de comunicações com a mesma publicação, afirmando que não foi convidado a sair. Muito pelo contrário: saiu por vontade própria. Para corroborar a versão, tornou público um vídeo que recebeu de Wilde. No clipe, a realizadora surge a conduzir um carro enquanto fala.
“Sinto que ainda não estou pronta para desistir disto. Eu também estou de coração partido e quero resolver as coisas. Penso que isto também pode ser uma chamada de atenção para a Miss Flo, e quero saber se estás aberto a dar uma oportunidade a isto comigo, connosco. Se ela se empenhar mesmo, se ela realmente colocar a mente e o coração nisto, neste momento, e vocês fizerem as pazes — e eu respeito o teu ponto de vista e o dela —, vocês conseguem fazê-lo. O que achas? Há esperança? Dizes-me algo?”
here is the video of olivia telling shia she wants to work it out and that if “miss flo” could “commit” more than it could happen.
— sophia (@hellopugh) August 26, 2022
please ignore that hashtag on the video I didn’t put it there. pic.twitter.com/vAQPBqPRYE
Quem é a “Miss Flo?”
Presumivelmente, Florence Pugh, o que traz mais uma peça ao quebra-cabeças que se torno a história de “Don’t Worry Darling”. Não se sabe se surgiu alguma tensão entre Wilde e Pugh, durante a produção ou posteriormente, mas a atriz deu a entender que estava insatisfeita com a atenção dada às cenas de sexo que protagoniza com Styles no trailer e nos materiais promocionais.
“Quando é reduzido às tuas cenas de sexo, ou a veres o homem mais famoso do mundo a fazer sexo oral a alguém, não é o que me motiva. Não é o motivo pelo qual estou nesta indústria”, disse à Harper’s Bazaar. “Obviamente, dada a natureza de contratar a estrela pop mais famosa do mundo, vão haver conversas do género. Simplesmente não é o que vou discutir, porque este filme é superior a isso. E as pessoas que o fizeram são superiores e melhores do que isso”.
Também se especula que Styles tenha recebido substancialmente mais do que Pugh pela prestação no filme. Contudo, Wilde partilhou com a Variety que “não há nenhuma verdade nessas alegações”.
De resto, Florence não tem participado na press tour do filme, aparentemente, recusando-se a conceder entrevistas sobre o mesmo e estando notoriamente ausente em momentos importantes de promoção.
Olivia Wilde e Jason Sudeikis separaram-se nessa altura?
Sim. Algures no meio disto tudo, em 2020, Wilde separou-se do companheiro de longa data, com quem tem dois filhos. Em janeiro de 2021, quando “Don’t Worry Darling” ainda estava em fase de produção, foi fotografada de mãos dadas com Harry Styles num casamento, dando azo a rumores de que seriam um casal. Embora não haja nenhuma confirmação oficial, Olivia já marcou presença em vários concertos do artista britânico e os dois são fotografados juntos com frequência.
Em abril passado, enquanto promovia o filme no evento CinemaCon, Wilde recebeu um misterioso envelope marcado como “pessoal e confidencial”. Na altura, falava para uma audiência de milhares de pessoas. O envelope continha documentos relacionados com a batalha judicial entre a realizadora e Sudeikis pela guarda dos filhos menores.
“Em qualquer outro local de trabalho seria considerado um ataque. Foi muito perturbador”, partilhou Olivia com a revista Variety. “Infelizmente, não foi algo completamente surpreendente para mim. Há um motivo para eu ter deixado o relacionamento”.
Então, tudo culminou em Veneza?
Correto. Na conferência de imprensa, Wilde foi imediatamente confrontada com a ausência de Pugh em palco. “A Florence é uma força da natureza”, respondeu a realizadora, acrescentando que está grata à atriz por ter dado a volta ao calendário de gravações de “Dune 2” para integrar o elenco de “Don’t Worry Darling”.
“Quanto a todas as fofocas intermináveis dos tablóides por aí, a Internet alimenta-se sozinha. Não sinto a necessidade de contribuir. Acho que está suficientemente bem nutrido“, acrescentou.
Curiosamente, apesar das preocupações com a agenda preenchida de Pugh, a atriz parece ter chegado a Veneza com tempo de sobra para arrancar suspiros pela cidade com um look de três peças assinado pela Valentino. Além disso, desfilou na red carpet para honrar o compromisso de estar presente na estreia do filme, tendo elegido outro visual da conhecida casa italiana. Mas, ao que tudo indica, reduziu as interações com Wilde para o mínimo possível.
Resta saber se todas estas controvérsias vão ofuscar “Don’t Worry Darling”. Olivia Wilde parece defender que qualquer publicidade é boa.
“Todos os realizadores querem que as pessoas vejam os seus filmes. É só o que que querem. Se as pessoas estiverem entusiasmadas com um filme, independentemente da razão, esperamos que isso as faça entrar pelas portas [dos cinemas]”, disse Olivia Wilde à Associated Press.